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Hoje é Dia de Santo António. Mas quem foi o santo casamenteiro?

Santo António é o primeiro dos santos populares que os portugueses festejam no mês de Junho, antes das festas de São Pedro e do São João. Mas quem foi Santo António? Foi italiano, como reclamam os moradores de Pádua, ou foi português, como reivindicam os lisboetas?

O Santo padroeiro de Lisboa é São Vicente, mas, no coração dos lisboetas, é Santo António quem mais ordena. Os alfacinhas dedicam-lhe todos os anos o dia 13 de Junho, feriado municipal.

Ele é o santo casamenteiro, sempre associado à cidade que o viu nascer.

Fernando Bulhão, de seu nome, Santo António como ficou imortalizado para sempre na história da capital portuguesa, nasceu em Lisboa, provavelmente a 15 de Agosto de 1195.

Santo António viveu 10 anos em Portugal, dois em França e oito em Itália. E foi realmente em terras transalpinas que o santo português é considerado, ainda hoje, como “um grande intelectual e teólogo, enquanto que em Portugal a visão de Santo António continua a ser brejeira, festiva, popular e casamenteira”, comentava Margarida de Sacadura-Lévy, numa conferência em 2008, na Abadia de Neumünster, no Luxemburgo.

Foi em Itália que morreu, nos arredores de Pádua, onde foi sepultado em 1231, com apenas 36 anos de idade.

A fama dos seus milagres, antes e depois da sua morte, levaram o Papa Gregório IX, que o conhecia pessoalmente, a canonizá-lo antes de um ano, depois da sua morte!

Grandes nomes da pintura dedicaram parte da sua obra a Santo António, como por exemplo, Giotto, Simone Martini, Fra Angélico e Josefa de Óbidos.

Santo António e os lisboetas

Os alfacinhas desde logo começaram a invocar a sua protecção para afugentar o demónio; converter os pecadores; encontrar as coisas perdidas; amparar as famílias; proteger os pobres e viúvas; guiar as pessoas nas suas vocações: sacerdotal, religiosa - conventual - ou para o matrimónio, fazendo encontrar noivos ou noivas segundo o Coração de Deus.

Para homenagear o seu santo, tão querido, os lisboetas começaram, desde logo, a celebrar festas, missas e procissões que passavam junto dos "altares" (os tronos) erguidos nas portas das casas e pediam "um tostãozinho pró Santo António"! Faziam-se arraiais e bailaricos e outros divertimentos, com venda de manjericos e cravos de papel. Por ocasião dos santos populares, é da tradição os namorados oferecerem às namoradas um manjerico.

Esta popularidade levou a Câmara de Lisboa, a erguer-lhe um lugar de culto no sítio onde a tradição situava a casa do seu nascimento.Com o nome de "a Casa da Cidade"já em 1337, ali terá reunido o Senado.

Mas foi o nosso Rei D. João II, que aí mandou construir um templo condigno, que só foi inaugurado no reinado de D. Manuel I, talvez em 1509.

Em edifício contíguo, mais modesto, funcionava a Câmara. O Terramoto de 1755 tudo destruiu deixando só a Capela-Mor que acabou por ser demolida; a estátua do Padroeiro ficou, no entanto, intacta! Sobre a cripta (sob a actual Capela-Mor, de que se diz ser parte da casa onde nasceu o Santo) foi construída nova Igreja: obra conduzida por Paulo de Carvalho (irmão do Marquês de Pombal), iniciada em 1767. Este edifício manteve-se propriedade da Câmara Municipal de Lisboa, com o nome de "Igreja-Casa de Santo António" e assim continua ainda hoje.

As Marchas Populares

Em 1932, o artista Leitão de Barros, pegando nos bailaricos que se faziam por toda a Lisboa, consegue organizar as célebres "Marchas Populares", que todos conhecemos e chamam a Lisboa inúmeros turistas.

Em 1958, o jornal "Diário Popular" procurando pôr em relevo a fama de Santo António "Casamenteiro", avançou com a iniciativa conhecida por "Noivas de Santo António."

Estes casamentos realizam-se, habitualmente, a 12 de Junho, vésperas da Festa de Santo António e feriado da capital portuguesa.

A 13 de Junho, a cidade pára. Na véspera, a cidade dançou, divertiu-se, leu pregões, cheirou manjericos, comeu sardinha assada.

Lisboa orgulha-se do seu santo e da tradição. O castelo e Alfama vestem-se para receber o Santo, entre marchas e fitas coloridas.

"As Noivas de Santo António" são tão populares que chegaram a conhecer algumas edições no Luxemburgo, no príncpio deste século, numa organização da Rádio Latina e do jornal CONTACTO.