Encontrado planeta na zona habitável da estrela mais próxima da Terra

Os astrónomos acabam de descobrir um mundo com a massa da Terra em órbita de Próxima do Centauro (Proxima Centauri ou Alfa Centauri C), a estrela mais próxima do nosso Sol, a apenas 4,3 anos-luz de distância.

Com o auxílio dos telescópios do ESO e de outras infra-estruturas, os astrónomos encontraram evidências claras de um planeta em órbita da estrela mais próxima da Terra, a Proxima Centauri.

Este mundo, há muito procurado, designado por Proxima b, orbita a sua estrela progenitora, vermelha e fria, a cada 11 dias, possuindo uma temperatura que permite a existência de água líquida à sua superfície.

Este mundo rochoso é um pouco mais massivo que a Terra e trata-se do exoplaneta mais próximo de nós — podendo também ser o mais próximo a albergar vida fora do Sistema Solar. Um artigo científico que descreve esta descoberta marcante é publicado esta quinta-feira na revista "Nature".

A estrela anã vermelha chamada Próxima do Centauro situa-se a cerca de 4,24 anos-luz de distância do Sistema Solar, sendo por isso a estrela mais próxima da Terra, com excepção do Sol.

Esta estrela fria, visível na constelação do Centauro no nosso céu nocturno, é demasiado ténue para poder ser vista a olho nu, situando-se perto do par de estrelas muito mais brilhantes conhecidas por Alfa do Centaruo A e B.

Durante a primeira metade de 2016, Proxima Centauri foi regularmente observada com o espectrógrafo HARPS, montado no telescópio de 3,6 metros do ESO, instalado em La Silla, no Chile, e simultaneamente monitorizada por outros telescópios em todo o mundo.

Tratou-se da campanha Pálido Ponto Vermelho, liderada por Guillem Anglada-Escudé, do Queen Mary University of London

“Os primeiros indícios da existência de um possível planeta em torno de Proxima Centauri foram observados em 2013, no entanto a detecção não foi convincente. Desde essa altura que temos trabalhado arduamente de modo a obter mais observações a partir do solo com a ajuda do ESO e de outras instituições.”, explicou o cientista.

As observações permitiram concluir na presença de um planeta com uma massa de pelo menos 1,3 vezes a massa da Terra, orbitando a cerca de 7 milhões de km de Proxima Centauri — apenas 5% da distância Terra-Sol.

Um planeta com água líquida mas sem estações

Embora o planeta Proxima b orbite muito mais próximo da sua estrela do que Mercúrio o faz do Sol no nosso Sistema Solar, a estrela propriamente dita é muito mais ténue que o Sol, o que faz com que Proxima b se situe bem dentro da zona habitável da estrela, tendo uma temperatura de superfície estimada que permite a presença de água líquida. Apesar da órbita temperada de Proxima b, as condições à superfície podem ser fortemente afectadas pelas erupções de raios ultravioleta e de raios X da estrela — que são muito mais intensas que as sentidas na Terra vindas do Sol.

Pensa-se que água líquida possa existir à superfície do planeta apenas nas regiões mais ensolaradas, tanto numa zona situada do hemisfério do planeta que se encontra virado para a estrela ou num cinturão tropical. A rotação de Proxima b, a forte radiação emitida pela sua estrela e a história de formação do planeta fazem com que o clima seja muito diferente do da Terra, sendo improvável que Proxima b tenha estações.

Proxima b será o alvo principal para se procurar provas de vida noutros locais do Universo.

Guillem Anglada-Escudé conclui: “Descobriram-se já muitos exoplanetas e irão descobrir-se muitos mais, no entanto a procura do mais próximo potencial planeta análogo à Terra e a sua subsequente descoberta constituíram na realidade uma experiência de toda uma vida para toda a equipa. A história e esforços de muitas pessoas convergiram nesta descoberta. Este resultado é por isso também um tributo a todos eles. A procura de vida em Proxima b é o passo seguinte...”

Vídeo: Voo pelo sistema de Proxima Centauri

http://www.eso.org/public/portugal/videos/eso1629f/

Fonte: ESO e outras agências de imprensa