Verão na Europa pode ser ainda mais seco em 2023
Este inverno, no Grão-Ducado, foi especialmente seco, batendo recordes de temperatura em outubro e dezembro.
Alguns rios secaram rapidamente este verão © Créditos: Getty Images
A Comissão Europeia alertou esta segunda-feira para a possibilidade de um verão ainda mais seco do que em anos anteriores, na Europa, em particular nos países do sul, avisando que a “precipitação das próximas semanas vai ser crucial”.
O “inverno excecionalmente seco e quente, a humidade do solo e o fluxo dos rios já apresentam anomalias significativas” em países como França, Espanha e Itália, refere o relatório divulgado pelo organismo.
Na região dos Alpes, a acumulação de neve “ficou bem abaixo da média” e foi “ainda menor” do que no inverno passado, o que, em princípio, vai levar a uma “redução acentuada na contribuição do degelo para os fluxos dos rios” durante a primavera.
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Embora o relatório incida mais sobre os países do Sul e do Mediterrâneo, a comparação com os anos anteriores mostra que sobre França, e algumas zonas dos países vizinhos, incluindo o Luxemburgo, que já se fazem soar os sinais de aviso e já começam a ser acionados os níveis de vigilância.
Este inverno, no Grão-Ducado, foi especialmente seco, batendo recordes de temperatura em outubro e dezembro, por exemplo. No último mês de 2022, o Meteolux registou valores máximos recorde para a época.
"A temperatura máxima diária de 15,7 °C, registada em 31/12/2022 na estação meteorológica do Findel, é o novo recorde absoluto de temperatura máxima para um mês de dezembro desde 1947, relegando o anterior recorde de 14,7 °C, que ocorreu em 17/12/2019, para segundo lugar", aponta a análise do instituto de meteorologia.
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Em fevereiro deste ano a tendência manteve-se. Segundo o Meteolux, o mês foi demasiado seco e quente, para o que é normal.
A temperatura média esteve próxima dos 4 graus (3,9), em comparação com uma média de 2,2 graus em 30 anos. Por outro lado, a temperatura máxima foi registada a 21 de fevereiro, fixando-se nos 14,2 graus, um valor ainda assim abaixo dos cinco graus do recorde de 19,8 graus registado em 2019.
Já no que se refere à chuva, os níveis de precipitação foram 13 vezes menores que a média dos últimos 30 anos e a possibilidade de uma seca precoce inquieta muitos especialistas.
Chuva nas próximas semanas é "crucial"
O relatório de Bruxelas alerta que “a precipitação das próximas semanas vai ser crucial para determinar a evolução da atual seca” e como poderá afetar as populações.
A previsão mais negativa e também mais provável é que “a Europa e a região do Mediterrâneo poderão viver um verão extremo este ano, semelhante a 2022.”
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No Luxemburgo, o verão do ano passado foi o mais seco dos últimos 100 anos e o segundo mais quente desde que há registos. Os efeitos da seca foram bem visíveis nas florestas, riachos e até nos jardins das cidades e o governo luxemburguês avançou com campanhas para poupança de água junto dos cidadãos.
Para já, a previsão do Meteolux para a primeira semana de primavera aponta para temperaturas baixas e chuva, que deverá ser mais intensa na quinta-feira.
A Comissão Europeia recomenda entretanto a monitorização da utilização da água e uma coordenação entre Estados-membros para combater este problema com eficácia, já que é expectável que este cenário de seca venha a ser a norma daqui para a frente.
O organismo alerta ainda que “a maioria dos países do sul e oeste da União Europeia”, entre os quais Portugal, “são afetados por uma seca incipiente onde crescem as preocupações com o abastecimento de água, agricultura e produção de energia”.
(Com Lusa)