Transportes, escolas e indústria. França vai parar esta terça-feira
Sindicatos alertam para graves perturbações nos transportes. Mais de 60% dos professores nas creches e escolas primárias.
© Créditos: AFP
O lema da greve nacional de terça-feira, 7 de março, é "França paralisada" (France à l'arrêt) e o objetivo é que este se torne um dia de grande dia mobilização nacional contra a reforma das pensões, que tem gerado fortes contestações no país.
Alguns "preparativos já começaram, com os camionistas a colocarem bloqueios de estradas nesta segunda-feira de manhã. A SNCF e a RATP já advertiram para graves perturbações nos transportes. Também no setor da energia, os cortes de produção vão continuar, uma vez que a greve começou na sexta-feira.
Estas são as principais paralisações esperadas:
Transportes
© Créditos: AFP
Para além dos camionistas, que se juntaram ao movimento, com alguns sindicatos como o Force Ouvrière-UNCP a apelar à mobilização, os sindicatos SNCF e RATP anunciaram no domingo que os comboios TGV e TER estariam "com graves perturbações" na terça-feira. O mesmo termo foi usado para a circulação dos comboios RER na Ile-de-France.
Apenas um em cada cinco comboios irá circular nos TGV Inoui e Ouigo (o mesmo para os TER) e dois em cada três comboios em média nas linhas internacionais Thalys e Eurostar. São esperadas muitas perturbações nos Transiliens, com apenas um em cada três e um em cada dez comboios, dependendo da linha.
Em Paris, o tráfego do metro será restringido na maioria das linhas, principalmente durante a hora de ponta, exceto nas linhas 1, 14 e 4.
No ar, a Autoridade Francesa da Aviação Civil (DGAC) pediu às companhias aéreas que reduzissem os seus horários de voo às terças e quartas-feiras em 20%, no aeroporto Paris-Charles de Gaulle e em 30% nos de Orly, Beauvais, Bordeaux, Lille, Lyon, Nantes, Marselha, Montpellier, Nice e Toulouse.
A Air France planeia operar quase 8 em cada 10 voos, incluindo todos os seus voos de longo curso, sem descartar "atrasos e cancelamentos de última hora".
Os cantoneiros, que dependem dos transportes, também são convocados pela CGT a fazer greve nesta terça-feira.
Indústria e energia
No setor da energia, o movimento começou na sexta-feira à tarde, por causa da votação no sábado à noite, pelo Senado, do artigo 1 do texto sobre a abolição dos regimes especiais de reformas, incluindo o das empresas de energia.
Os cortes de produção nas centrais elétricas atingiram mais de 5.000 megawatts em centrais nucleares e térmicas, o equivalente a cinco reatores nucleares.
Na terça-feira, as assembleias gerais poderiam decidir localmente "retomar o controlo da rede" sem causar qualquer perda de energia, mas retirando das mãos do gestor da rede RTE a possibilidade de pilotar as máquinas à distância, disse à AFP a Confederação Geral do Trabalho (CGT) na área de energia, que promete "uma semana negra".
"O objetivo não é necessariamente afetar os utilizadores, mas mostrar que estamos presentes em todo o lado, que o sistema está em dificuldades e que estamos à espera de uma resposta do governo", disse o sindicato.
Nas refinarias, a CGT apelou também a uma greve sem fim definido com o objetivo de "bloquear toda a economia" em termos de produção, distribuição e importação de combustíveis. Inicialmente, os grevistas pretendem bloquear os carregamentos das refinarias para os depósitos. Se o movimento perdurar no tempo, pode levar ao encerramento das refinarias.
Toda a indústria petrolífera e química está preparada para a greve, incluindo o setor farmacêutico e as empresas de reabastecimento que fornecem combustível aos aviões.
Houve também o apelo à greve em toda a indústria metalúrgica, incluindo aos gigantes dos setores aeroespacial, automóvel e siderúrgico.
Educação
O Snuipp-FSU, principal sindicato das escolas primárias, prevê que mais de 60% dos professores vão fazer greve na terça-feira, tanto nas creches como nas escolas primárias.
Os sete principais sindicatos de professores apelaram ao "encerramento total das escolas, colégios, liceus e serviços" a sete de março. São também esperados bloqueios esporádicos por parte dos estudantes do ensino secundário. O mesmo é válido para as faculdades.
As organizações estudantis e de liceu apelaram a um "movimento mais duro" contra a reforma, com um dia de mobilização dos jovens já a 9 de março.
Comércio e construção
As federações de construção e comércio da CGT juntaram-se ao apelo interprofissional da CGT no sentido de uma greve rolante. A mobilização não está confirmada nestes setores.
Na área da construção, segundo o secretário federal da CGT, Jean-Pascal François, é "mais difícil" mobilizar sobre as reformas do que sobre os salários.