Quase 70% dos jovens do Luxemburgo querem empregos em empresas sustentáveis
Ainda: 77% dos luxemburgueses aceitam pagar mais por comida sustentável. No entanto, são os mais ricos que têm maior dificuldade em comer menos carne.
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Mais de dois terços (68%) dos jovens entre os 20 e os 29 anos que procuram emprego no Luxemburgo dizem que o impacto das empresas empregadoras nas alterações climáticas é um fator importante para se candidatarem. E, desses, 16% admitem que a pegada ambiental do potencial empregador é uma das principais condicionantes no momento de decidirem enviar o currículo.
Estas são algumas das conclusões de um estudo feito pelo Banco Europeu de Investimentos (BEI) sobre as atitudes dos europeus face às alterações climáticas, no caso, no que diz respeito ao Luxemburgo. Realizado país a país, o estudo da instituição de investimento da União Europeia revela que no Grão-Ducado há uma clara preocupação dos jovens em alinhar o que pensam com o que fazem.
Mas, no geral, toda a população está disponível a fazer mudanças para lutar contra as alterações climáticas.
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Mais de metade dos luxemburgueses (58%) são a favor de medidas mais duras impostas pelo governo para obrigar a mudanças de comportamento. No grupo demográfico abaixo dos 30 anos, são 69% dos inquiridos que defendem uma maior mão de ferro da lei. E uns impressionantes 77% afirmam estar dispostos a pagar mais por comida ‘amiga’ do ambiente.
O inquérito do BEI sobre o Clima explora “a opinião das pessoas em relação às alterações climáticas num mundo em mudança acelerada”, focando-se no comportamento individual e nas ações que as pessoas estão a desenvolver ou estão preparadas para encetar de forma a combater o aquecimento global.
Mudar o mundo mudando o comportamento
Embora a guerra na Ucrânia tenha levado ao aumento do preço da energia e à inflação, diminuindo dramaticamente o poder de compra, a maioria dos luxemburgueses (55%) considera que são as alterações climáticas o maior desafio que enfrentam. Mas nem todos se sentem impotentes: 60% acredita que o seu comportamento faz a diferença. No entanto, salienta-se na análise do estudo, este valor fica 12% abaixo da média dos 30 países onde o inquérito foi realizado. E, mais uma vez, são os jovens que acreditam que podem mudar o mundo. Na faixa etária até aos 30 anos, 72% entendem que as suas opções de estilo de vida têm impacto.
80% quer selo com pegada ambiental nos alimentos
Os habitantes do Luxemburgo estão conscientes de que a indústria alimentar é responsável por grandes quantidades de emissões de gases com efeito de estufa. Para poderem orientar-se nas suas escolhas como consumidores, uma grande maioria de 80% de participantes no inquérito é a favor de se criar uma etiqueta nos alimentos com a sua ‘pegada de carbono’, de forma a saber se vale a pena comprar as bananas que chegam da Colômbia.
Os vizinhos belgas estão menos preocupados com esta informação – só 72% entendem que uma iniciativa destas seria importante. E mais de três em cada quatro habitantes do Grão-Ducado (77%) estão dispostos a pagar um pouco mais por alimentos produzidos localmente e de forma sustentável. Também neste aspeto, os belgas são menos preocupados: só 49% prefere pagar mais por produtos com menor pegada ambiental.
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A generosidade luxemburguesa não se limita aos estratos sociais mais altos, embora haja diferenças. Nos grupos de rendimento mais baixo, são 68% que aceitam gastar mais, e nos de rendimento mais alto são 84%.
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Dificuldade em trocar a carne por uma dieta mais vegetal
No entanto, apesar de, em muitos aspetos, os luxemburgueses estarem dispostos a fazer sacrifícios, no que diz respeito à dieta são muito mais conservadores. Embora esteja comprovado que reduzir o consumo de carne e lacticínios é uma maneira eficiente de reduzir emissões de gases com efeito de estufa, menos de metade dos residentes (49%) concorda em diminuir o seu consumo. São as pessoas com rendimento mais baixo que aceitam dar uma hipótese à alimentação mais suportada em vegetais (59%), enquanto os mais endinheirados são mais apegados ao consumo de produtos animais – só 45% aceitariam cortar nos bifes.
E, refere-se no documento que acompanha a publicação do estudo, há também um ‘fosso geracional’ entre os mais e os menos vegetarianos. Abaixo dos 30 anos, 58% das pessoas admite comer menos carne e leite, contra apenas 44% dos acima dos 65 anos.
BEI elogia empenho dos luxemburgueses
O vice-presidente do BEI, Kris Peeters, salientou que “o resultado do Inquérito do Clima mostra que a população do Luxemburgo está mais do que disposta a ajudar a lutar contra as alterações climáticas a um nível individual. Como o banco do clima da UE, saudamos este empenho. O nosso papel é apoiar as pessoas na sua luta contra a crise climática. Fazemos isto ao financiar projetos ‘verdes’ como o transporte sustentável, energias renováveis e edifícios energeticamente eficientes – projetos verdes que criam empregos relevantes para os jovens europeus”.
O Inquérito ao Clima agora publicado é a quinta avaliação anual aos comportamentos e predisposições dos europeus em relação à ação climática. Nesta edição foram entrevistadas mais de 28 mil pessoas, com idades acima dos 15 anos, em agosto de 2022. O inquérito foi conduzido pela empresa de estudos de mercado BVA.
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Como instituição de crédito da UE, o Banco Europeu de Investimento está comprometido com o Pacto Ecológico Europeu e tem como objetivo financiar 1 bilião de euros de projetos ‘verdes’ até 2030. Até 2025 tem como meta que mais de 50% do seu portfólio de investimentos seja na transição climática e sustentabilidade. O Banco Europeu de Investimentos apresenta-se oficialmente como o maior financiador de projetos de ação climática no mundo.