Paul von Schönborn, o conde português da Baviera
Senhores de vastos terrenos, proprietários de castelos e palácios e sábios produtores de vinho, os Schönborn são uma das famílias nobres mais importantes da Alemanha. Há setenta anos, uniram-se por casamento à Casa Cadaval, de Portugal. Paul, o 8º conde de Schönborn, nasceu em Lisboa.
Paul von Schönborn, 58 anos, o 8º conde da casa de Schönborn-Wiesentheid. Nasceu em Portugal.
Entrar no Palácio de Weissenstein, em Pommersfelden, no norte da Baviera, é como começar a folhear um conto de fadas. A majestosa escadaria principal, em tons cremes e brancos, apresenta-se na mais harmoniosa simetria, embelezada por um impressionante fresco que representa os quatro continentes da Terra com o deus Apolo ao centro. O grotto, no piso térreo, adornado por conchas, búzios e tesouros do mar, fornece uma atmosfera fresca e silenciosa com vista para o interminável jardim, o lugar onde damas e cavalheiros reflectiam sobre o milagre da vida. No andar de cima, o salão principal revestido em mármore, com um piano rodeado pelos retratos dos senhores do palácio ao longo dos séculos. Os aposentos têm 206 quartos, cujas paredes ostentam a maior colecção privada de arte barroca do país, com pinturas de Rubens e Van Dijk, e uma fascinante sala de espelhos revestida a ouro. "Weissenstein é a maior relíquia da era barroca na Alemanha e foi construído em 1711, em apenas 10 anos, por este senhor", diz a guia, apontando para um dos omnipresentes bustos de Lothar Franz von Schönborn, então chanceler de Mainz, um homem com um enorme empreendorismo e instinto criativo, contrastante com a sua fisionomia baixa e anafada.
O Palácio de Weissenstein, em Pommersfelden, no norte da Bavieratêm 206 quartos, cujas paredes ostentam a maior colecção privada de arte barroca do país, com pinturas de Rubens e Van Dijk.
Este palácio, bem como dezenas de outras propriedades e monumentos no sul da Alemanha, pertence actualmente a um homem nascido em Alvalade, em Lisboa, que se expressa num português escorreito e quase sem sotaque: Paul von Schönborn, 58 anos, desde 1998 o 8º conde da casa de Schönborn-Wiesentheid. "Esta é uma casa muito antiga e com uma tradição vincada", diz o conde de Schönborn. "É uma família com fortes ligações à igreja católica, mas também às artes, nomeadamente à música. Como régulos de várias regiões do país, os Schönborn primaram pela prosperidade económica, por uma mentalidade pan-europeia, com alianças e casamentos com famílias de outros países, e por uma elevada capacidade diplomática, que fez com que raramente partissem para guerras mesmo em períodos dominados pela barbárie".
Hoje sou o único a residir na Alemanha, enquanto os meus três irmãos vivem em Portugal, entre Sintra e Muge, a herdade da Casa Cadaval, perto de Salvaterra de Magos.
Os primeiros Schönborn nasceram há mais de 700 anos. O nome surge no primeiro registo em 1275 na povoação de Schönborn, condado de Katzeneinbogen, nas margens do rio Reno, no oeste da Alemanha. Durante mais de 300 anos, a dinastia não ocupou lugares de assinalável relevo na sociedade: os seus membros foram predominantemente abades e os mais bem sucedidos conseguiram administrar os castelos de alguns senhores feudais da época. Contudo, vem da idade média a sua ligação ao sofisticado vinho branco Riesling produzido nas várzeas do Reno, bem como o leão que figura no seu brasão.
A fama e o poder chegariam apenas em meados do século XVII, quando a família estava reduzida a escassos elementos, por obra de Johann Phillip von Schönborn, que aos 16 anos se tornou padre da Catedral de Würzburg. Através de uma meteórica ascensão na hierarquia eclesiástica, Johann Phillip, já enquanto príncipe-bispo, conseguiu através dos seus dotes diplomáticos obter um papel determinante nos acordos de cessar-fogo da Guerra dos Trinta Dias, em 1648. Tornou-se arquichanceler do Sacro Império Romano-Germânico, entregando ao seu irmão Phillip Erwein um cargo governativo em Mainz, que ele aproveitou para mais tarde se tornar barão através de matrimónio.
Johann Phillip foi o primeiro de seis membros dos Schönborn que, ao longo de mais de três gerações, governariam oito dos mais prestigiosos principados eclesiásticos do Sacro Império. Os terrenos agrícolas expandiram-se, palácios e castelos foram somados ao pecúlio do clã e no início do século XVIII os Schönborn eram os grandes senhores de um gigantesco território desde o Reno até Erfurt, na actual Turíngia, com ramificações na Boémia (actual Rep. Checa) e na Áustria. Deram até o nome a uma era: Schönbornzeit, o período Schönborn, que se reporta à corrente artística dominante no sul da Alemanha na passagem do séc. XVII para o XVIII.
É este pesado legado que está hoje depositado na liderança de Paul. "O dinheiro entra através das nossas actividades na agricultura, vinhos e floresta e sai para a manutenção de todas estas casas", diz o conde, apontando para as pinturas dos monumentos debaixo da alçada da família dispostos na parede do seu escritório no Palácio de Wiesentheid, onde os patronos da família têm hoje residência. Weissenstein era simplesmente demasiado grande, demasiado barroco, demasiado divino, para uma família que teve de adoptar um estilo de vida mais adequado ao novo milénio.
Desde a morte dos seus pais que a família prescindiu de mordomias de outros tempos, como governantas e motoristas. "Vivemos numa casa enorme mas somos uma família comum", diz o patriarca. "Claro que não é simples gerir todas estas propriedades, mas não é uma condição que mude de um dia para o outro. Crescemos dentro desta tradição e ambiente, percorremos estes palácios e estes terrenos na companhia de vizinhos e amigos com o mesmo currículo. Fomos educados para isto. A minha missão é preservar a tradição, mas nos tempos que correm tenho também de ser flexível e adaptar esta casa à modernidade".
A ligação portuguesa
Na década de 1950, Karl, pai de Paul, decidiu partir numa viagem a Espanha e Portugal no rescaldo da 2ª Guerra Mundial, que tinha destruído a Alemanha. Os germânicos estavam na altura marcados pela cumplicidade nos crimes nazis, mas o conde Karl tinha conseguido salvar a sua reputação: esteve na guerra somente como médico, a sua vocação, e nunca se alistara no partido de Hitler. Foi então bem recebido na casa dos Marqueses de Cadaval, em Sintra, onde conheceu Graziela Álvares Pereira de Melo, filha de Olga di Robilant, a carismática Marquesa de Cadaval.
Para além da linhagem aristocrática, Karl e Graziela descobriram mais pormenores em comum – as suas famílias estavam ligadas à agricultura e silvicultura e, para mais, as suas mães eram ambas italianas e mecenas de músicos. "A minha avó materna, a Marquesa de Cadaval, mantinha boas relações com Salazar e convenceu-o a albergar na sua casa eruditos músicos provenientes do bloco soviético, algo impensável e muito perigoso naquele tempo de início da Guerra Fria", recorda Paul von Schönborn. "Salazar concordou, embora com a condição de que não saíssem da sua residência. Por vários anos, houve homens armados à porta para controlar esses músicos".
A avó paterna de Paul, siciliana, desenvolvia uma actividade semelhante na Alemanha: recebia no seu palácio músicos especialistas no compositor Johann Sebastian Bach, depauperados pela guerra e sem terem onde tocar. "Conduziu à formação da mais importante escola de Bach a nível mundial, hoje sediada em Ansbach, que organiza anualmente a Semana de Bach, um evento muito importante e participado".
Do casamento de Karl e Graziela resultou o nascimento de quatro filhos: Phillip, Maria, Teresa e Paul, o benjamim da família luso-germânica. "Os meus irmãos nasceram todos em Würzburg, na Alemanha, e eu fui o único que nasci em Lisboa, mais especificamente no bairro de Alvalade", conta o conde de Schönborn. "Os meus pais estavam convencidos de que eu seria o 'filho português, ou seja, que seria eu a encarregar-me dos interesses da família em Portugal. Mas a vida dá muitas voltas. Hoje sou o único a residir na Alemanha, enquanto os meus três irmãos vivem em Portugal, entre Sintra e Muge, a herdade da Casa Cadaval, perto de Salvaterra de Magos". Com a renúncia do irmão Phillip ao título de Conde de Schönborn, Paul assumiu as rédeas na Alemanha.
A infância foi dividida entre os dois países: "Toda a parte da escola, do mau tempo, fazer as coisas sérias, era na Alemanha. Em Portugal, onde íamos umas quatro vezes por ano, era festa. Passávamos os verões em Muge a brincar com os filhos dos empregados e dos tratoristas e íamos sempre às festas tradicionais das aldeias com aquela malta toda", diz Paul. Em Sintra, conviviam com os descendentes das famílias ricas e poderosas, como os d’Orey, com quem passavam tardes na Praia Grande e brincavam nos jardins da Quinta da Regaleira. "O melhor sítio do mundo para jogar às escondidas, com todos aqueles buracos e portas que se abriam e fechavam com truques secretos", recorda.
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Em casa, viviam numa espécie de Torre de Babel, rodeados por diversos idiomas. "Os pais, entre eles, falaram sempre italiano. Quando não queriam que percebêssemos a conversa, falavam italiano rápido, o que fez com que muito cedo dominássemos essa língua para entender tudo. Com o pai falávamos alemão e com a mãe em português. Entre nós, irmãos, usávamos o português. E com as amas, normalmente canadianas, aprendemos o inglês. Ainda adolescentes já nos expressávamos em quatro línguas", diz.
Os tempos mais conturbados para a família chegaram em consequência da revolução de 25 de Abril de 1974, em Portugal. Os latifúndios do Alentejo e do Ribatejo estavam a ser ocupados por camponeses e a Herdade de Muge, com os seus mais de 5.000 m2, tornou-se um alvo óbvio. Graziela, a mãe de Paul, apressou-se a ir para o Ribatejo para proteger os domínios dos marqueses de Cadaval. "Felizmente, os empregados, com quem nos habituáramos a conviver, asseguraram a muito custo a defesa da propriedade", afirma Paul, que nunca se esqueceu dos episódios tensos que viveu em Muge no verão de 1975. "Às 3h da manhã, os ocupantes aproximavam-se do muro, armados, e mandavam bocas para o lado de dentro. Os nossos empregados, também munidos com caçadeiras, respondiam para o lado de lá na mesma moeda".
O pai, precavendo a ocupação e uma tentativa de aprisionamento da família, engendrou um esquema: conseguiu através de um conhecimento ser nomeado Cônsul-Geral da Gâmbia, fazendo da casa de família a sede diplomática da nação africana, de modo a ter um refúgio para uma potencial fuga. "Ali, enquanto pretenso consulado, não nos poderiam deter. Uma vez por ano, tínhamos de hastear a bandeira da Gâmbia no nosso jardim", recorda o conde.
Ultrapassado o sobressalto, a Casa Cadaval continuou a ser gerida por uma mulher da família, algo que acontece há cinco gerações. Hoje é a sua irmã Teresa, condessa de Schönborn e marquesa de Cadaval, que ocupa há duas décadas o conselho de administração da casa. Herdeiros da tal sabedoria vitivinícola do Reno, encetada pelos romanos há quase 2 mil anos, os Schönborn moldaram a enorme fazenda para a produção de vinhos da melhor qualidade.
Vinhos de sangue azul
A entreajuda entre os métodos de produção de vinhos usados pelos alemães e os portugueses deu frutos quando Karl von Schönborn olhou para o vinhedo da Casa Cadaval e se apercebeu de que havia diferentes castas cultivadas na mesma parcela. O conde alemão sugeriu à sua esposa a plantação das castas cabernet sauvignon, pinot noir e trincadeira separadas e devidamente identificadas. "Hoje é uma prática comum, mas na altura foi pioneiro", diz Paul. Com esta estratégia a Casa Cadaval acabou por ser uma das grandes responsáveis pela sobrevivência da trincadeira, a casta nobre tinta do Ribatejo.
Era ainda uma época em que a herdade de Muge se dedicava exclusivamente ao vinho a granel, pois o engarrafamento só começou à entrada de 1990. As primeiras garrafas foram exportadas para a Alemanha, onde a família tinha a sua cadeia de distribuição, mas há muito que a Casa Cadaval diversificou o seu mercado, vendendo hoje para destinos tão díspares como os EUA ou a Ásia. Os resultados não demoraram a surgir: o seu lote Padre Pedro foi votado em 2007 pelo jornal norte-americano New York Times como o melhor vinho do mundo abaixo dos 10 dólares.
O preço é um dos factores que faz com que Paul, na Alemanha, e Teresa, em Portugal, não colaborem mais no sector vinícola. "Os nossos brancos, Riesling, custam entre 7 e 25 euros, o que em Portugal já é considerado um vinho caro", diz Paul, reforçando que as suas adegas do Reno continuam a ter o recorde do vinho branco mais caro da história da Alemanha – uma garrafa do 1735, leiloada em 1987 por 53 mil marcos alemães (mais de 20 mil euros). Além disso, o aristocrata assinala substanciais diferenças nos hábitos de consumo: "Os brancos em Portugal são vinhos secundarizados, tidos como menos nobres e usados como vinhos de mesa. Para nós, o Riesling do Reno é um vinho de eleição que tem os custos de produção mais altos de toda a Europa". Os Riesling alemães, frutados, com acidez e baixa taxa alcoólica (10 – 10,5%) – "dá para beber dois copos sem ficar com uma valente bebedeira", diz Paul -, são praticamente desconhecidos em Portugal mas muito apreciados por todo o mundo. "Não é por acaso que até a rainha Victoria, de Inglaterra, tinha uma vinha no Reno", sublinha.
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Não obstante, os irmãos já fizeram algumas experiências, como a exportação para Portugal de espumante (sekt), que teve boa saída na loja de Muge. "Quando estou no estrangeiro, por exemplo, na Áustria ou na República Checa, e vejo que um cliente tem interesse em vinhos portugueses, ligo sempre à minha irmã Teresa", diz Paul. "Se eles não tiverem qualquer contrato de exclusividade nesse país, o negócio avança. E ela fez o mesmo comigo".
A casa de Schönborn também produz vinhos na região da Francónia, onde abundam as castas originárias da Borgonha, como a Pinot Noir ou a Pinot Blanc. Essas garrafas são destinadas ao mercado interno, pois o vinho francónio é pouco consumido fora das regiões de Nuremberga e de Munique. "Nunca quis desenvolver as vendas internacionais porque são vinhos frescos, bebidos com um, dois ou três anos, produzidos especificamente para o mercado regional. E a pandemia mostrou que é bom ter uma cadeia de abastecimento local. Quando não se pode vender por todo o lado, pelo menos ficamos com os clientes ao lado de casa", diz.
Um conde no terceiro milénio
Primeiro, a monarquia deu lugar à república, depois, a igreja católica, a instituição de influência dos Schönborn, foi perdendo poder na Alemanha. No entanto, esta casa com mais de sete séculos subsiste em plena era digital e da luta contra as alterações climáticas. Paul quer preparar o futuro mantendo intacta a identidade traçada pelos seus antepassados. Nesse sentido, estudou agronomia no Colorado, EUA, e diz-se muito mais realizado a conduzir um trator do que diante de um teclado. "Em 2021, obtivemos a nossa primeira colheira 100% biológica, que foi um grande passo", diz. "As nossas máquinas e tratores são os mais modernos da região, com GPS e automatismo. Temos relizado um forte investimento na tecnologia".
O conde de Schönborn destaca que desde que deixou de usar pesticidas os seus empregados queixam-se menos de tosse ou irritações na pele e passou a ver insectos na natureza que não existiam antes. Mas a aposta não foi meramente para proteger o meio ambiente, teve também uma vertente económica. "O preço do açúcar de beterraba, uma das nossas principais produções, baixou drasticamente. Aí decidimos apostar na biológica porque, apesar dos altos custos de cultivo, é a única área agrícola que tem vindo a subir na Alemanha de 10 a 15% anualmente. Ainda representa uma parcela pequena do total, uns 12%, mas está em crescimento. Para mais, os produtores bio são todos demasiado pequenos para fornecer o Aldi, Lidl, e outros grandes supermercados, pelo que pela nossa dimensão somos os primeiros a conseguir fornecer os grandes mercados". A casa de Schönborn abriu-se ainda ao turismo rural e à organização de eventos em alguns dos seus aposentos centenários, ao mesmo tempo que a internet passou a ser o maior canal para encomendas do vinho condal.
O mecenato musical, todavia, não sofreu quaisquer alterações. Todos os verões, Paul segue o exemplo do seu pai e convida para Weissenstein cerca de 70 dos melhores estudantes de música clássica do mundo, de modo a ensaiarem em conjunto e a tocarem para o público alemão. A iniciativa Collegium Musicum, activa há mais de 60 anos, é uma das imagens de marca da família e transporta os visitantes que assistem aos concertos para a época de apogeu dos Schönborn, no período barroco. "É a melhor forma de manter vivo o legado das minhas avós e também do meu pai, além de ajudar os artistas", diz o conde.
A mais nova dos sete filhos de Paul e da sua esposa Damiana, condessa de Veneza, tem 17 anos é já é violencelista. O casal abraçou a mentalidade pan-europeia dos Schönborn e enviou os seus rebentos para várias cidades mundiais, com o propósito de aprenderem mais línguas e cultivarem amizades com pessoas de todos os estratos sociais. "Os nossos antepassados tinham o hábito de enviar os descendentes para Itália para aprenderem artes e cultura", diz Paul von Schönborn. Até agora, só um dos filhos regressou a casa, com um curso de gestão de museus para inovar a exploração dos vários monumentos ainda na posse do clã.
Um deles é a Coluna da Constituição, uma escultura com 32 metros que se ergue no meio do vinhedo dos Schönborn na aldeia de Gaibach, na Baixa Francónia. A coluna assinala a primeira Constituição bávara, de 1818, e a passagem para a monarquia parlamentar na região, um momento tão importante que a sua inauguração foi retratada num quadro a óleo pelo proeminente pintor Peter von Hess. Quantas famílias se podem gabar de ter no seu feudo tão importante pedaço de história? "O Estado da Baviera já me tentou comprar a coluna. Mas não está à venda. Afinal, a monarquia parlamentar foi conseguida pelo Estado, através do então imperador Maximilian I. Mas ao seu lado estava um homem, Franz Erwein, que abdicou primeiro dos seus direitos como principe e mandou construir a coluna. Era um Schönborn", diz o conde.
(Autor escreve de acordo com a antiga ortografia.)