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Mulheres dedicaram mais duas horas por dia aos filhos do que os homens no confinamento

A pandemia acentuou as desigualdades de género no Luxemburgo e na Grande Região, também ao nível do trabalho em casa.

© Créditos: Meiko Herrmann

Um estudo da Universidade do Luxemburgo sobre as diferenças de género e saúde mental no âmbito da pandemia revela que as tarefas não remuneradas, como cuidar dos filhos ou da casa, têm recaído sobre as mulheres de forma desproporcional e ainda mais acentuada.

A sondagem online "COME-HERE-2", realizada em três fases ao longo do primeiro ano da pandemia, conclui que no primeiro confinamento, entre março e abril, as mulheres passaram em média mais duas horas por dia do que os homens a tratar dos filhos e mais uma em tarefas domésticas.

Ainda segundo os dados, nos meses de abril e maio as mulheres que responderam ao inquérito dedicaram, em média, cerca de seis horas por dia aos filhos. Já os homens ficaram-se por quatro. No que toca às tarefas domésticas, elas passaram quase três e eles duas.

O estudo salienta que, ao longo do ano, com o aligeiramento das medidas restritivas, o tempo consagrado a atividades domésticas não remuneradas diminuiu, mas as disparidades entre os géneros permaneceu elevada. Os investigadores frisam que, "apesar do aumento das responsabilidades domésticas, as mulheres também participam no mercado laboral trabalhando quase tanto como os homens, enquanto desfrutam de menos tempo de lazer".

Mesmo assim, elas são mais prejudicadas pelo encerramento de creches e escolas, já que acabam por faltar ao trabalho para ficar com os filhos. Entre os participantes no estudo que recorreram à licença por razões familiares desde o início da crise sanitária, 78% são mulheres. E no trabalho, entre os que perderam o emprego devido à pandemia 75% são mulheres.

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Mulheres com mais stress

O estudo da universidade luxemburguesa conclui também que, no último ano, elas têm registado níveis de stress mais elevados do que os homens, diferenças persistem ao longo das diferentes fases do inquérito. Apresentam mais sintomas de depressão, de ansiedade e de solidão. Apesar de uma diminuição durante o verão, aquando do relaxamento das medidas, as mulheres continuaram a manifestar mais mal-estar do que o sexo masculino.

Os autores destacam ainda que 68% dos participantes na sondagem que trabalham em setores considerados essenciais são mulheres, acrescentando que os estudos têm demonstrado que trabalhar na linha da frente durante a crise é um fator de risco no que toca à deterioração da saúde mental.

Concluindo que a pandemia "tem afetado as mulheres de forma muito mais profunda", o estudo ressalva que são necessárias políticas que abordem explicitamente as desigualdades de género no local de trabalho e em casa. Os autores fazem no entanto questão de frisar que a amostra utilizada no estudo não é representativa de todo o país.