Mais de 10 mil participantes no "Relais pour la Vie": 24 horas a correr pelos doentes com cancro
Decorreu no sábado e no domingo a nona edição da iniciativa "Relais pour la Vie", um evento desportivo em que os participantes, em equipa, têm de correr durante 24 horas, revezando-se e passando o testemunho. O evento teve lugar na Coque, em Kirchberg, e contou este ano com 10 mil participantes, entre eles muitos portugueses.
"O nosso objectivo é claramente a solidariedade. Este é um evento desportivo mas não para demonstrar a performance desportiva de cada um. Serve para mostrar que fazemos parte de uma equipa que pretende encorajar as pessoas para os tratamentos e por isso contámos com alguns testemunhos que passaram mensagens de coragem e de prevenção do cancro”, explica ao CONTACTO Martine Neyen, a nova directora da Fundação Luxemburguesa Contra o Cancro, principal entidade organizadora do evento.
“O ‘Relais pour la Vie’ é uma mensagem de esperança, ou melhor, é uma celebração da esperança. Este dia é o dia dos pacientes: todas as pessoas vêm para mostrar a sua solidariedade, de uma forma ou de outra!”, diz com orgulho Martine Neyen.
Falar do cancro, quebrar o tabu da doença, é outro dos objectivos da Fundação Contra o Cancro, de forma a que os doentes não se sintam abandonados ou isolados durante tempos difíceis, sensibilizando para tal os familiares, colegas e amigos.
As equipas que participaram no 'Relais pour la Vie', compostas entre 20 a 40 pessoas, vieram dos mais variados países da Europa, num total de 345 equipas. Organizados com antecedência, cada grupo dispunha de um programa no qual estava listado os horários em que cada um dos elementos da equipa deveria correr, num limite de 30 minutos cada, passando depois o "testemunho" ao seguinte colega de equipa.
“Tivemos de recusar a participação de mais de 40 equipas, o que me desagrada profundamente, pois as pessoas estão muito motivadas para participar, mas infelizmente não tivemos capacidade logística para acolher um número superior”, lamenta a directora da Fundação Contra o Cancro, prometendo querer solucionar esta questão numa próxima edição.
Como esta explicou ao CONTACTO, "por um lado, este é um evento de solidariedade, que pretende criar dois dias dedicados aos doentes com cancro, mas, por outro lado, pretende-se também honrar e lembrar aqueles que morreram da doença".
"Queremos também trabalhar na prevenção do cancro, passando todo o tipo de informações. Para tal, a organização contou com a colaboração dos vários países, com informação disponibilizada nos stands em várias línguas.
"Estamos aqui para apoiar a Iara, uma menina de 12 anos, que mora em Hagen, a quem foi recentemente diagnosticado um cancro nos ossos. Hoje estamos aqui unidos bem fortes nesta luta com a nossa equipa de 30 pessoas para apoiar a Iara”, diz ao CONTACTO Dores Borges, capitã da equipa “Encontro Matrimonial”.
O evento contou com inúmeras iniciativas paralelas, por forma a recolher fundos para a prevenção contra o cancro, a assistência aos doentes e a pesquisa, tais como a venda de pequenos acessórios como velas e pulseiras, ou houve mesmo quem pedalasse em bicicletas disponíveis no recinto pela módica quantia de 1 euro.
“Após o evento, os mais de 100 voluntários organizam ainda outros eventos como jantares de solidariedade e outras actividades, cujos valores revertem na totalidade para a Fundação Contra o Cancro”, adianta ainda Martine Neyen.
“Em 2013, recolhemos mais de 250 mil euros. Esperamos ultrapassar esse valor este ano. Nesta edição, certamente ultrapassámos os 10 mil participantes inscritos na corrida das 24 horas. E chegamos mesmo às 11 mil pessoas se contarmos os visitantes”, concluiu a directora da Fundação contra o Cancro.
Uma das equipas portuguesas era a da Associação Humanitária e Cultural da Bairrada no Luxemburgo (ACHBL), que se fez representar com uma equipa de 42 pessoas.
O evento terminou no domingo ao serão com a cerimónia das velas e com o desfile das equipas.
Patrícia Marques