Contacto
LuxemburgoOnda de solidariedade

Mãe vai poder levar as cinzas do filho para o Brasil

Onda de solidariedade de portugueses e brasileiros conseguiu juntar cerca de 4.000 euros para pagar a dívida à funerária. Marli vai recolher as cinzas do seu filho ainda hoje.

Marli Mendonça

Marli Mendonça © Créditos: Gerry Huberty

A notícia foi dada pelo Contacto a Marli Mendonça que ficou comovida com a onda de solidariedade de portugueses e brasileiros que contribuíram. Ao todo foram arrecadados cerca 4.000 euros em rifas e doações. A juntar aos cerca de 970 euros que a mãe conseguiu através da venda de vestidos feitos pelo filho para pagar a dívida à funerária. Assim Marli Mendonça poderá pagar os 4.200 euros à funerária e recolher as cinzas do filho, o que fará esta tarde. Um montante arrecadado em pouco mais de uma semana.

Já no próxima quinta-feira, dia 11 de maio, a mãe deverá embarcar levando consigo a urna para o Brasil. "Não tenho nem palavras estou muito grata a todos os que me ajudaram", disse Marli ao Contacto.

"Fico muito feliz porque há pessoas de bom coração para ajudar o próximo", sublinha Rafael Lopes Vieira , ex-companheiro de Jeferson Roque. "É inexplicável esta onda de solidariedade. Estamos muitos gratos e sentimos uma emoção muito grande por saber que a mãe vai ter a paz de levar as cinzas do filho e fazer uma cerimónia para se despedir dele", diz Dayana da Silva, da organização Revibra e Coletivo Entreajuda que promoveram esta iniciativa.

Recorde-se que Jeferson Roque, também conhecido como Phillipe Hassmann morreu num autocarro no Luxemburgo, segundo a polícia, na sequência de um ataque de epilepsia, há cerca de um mês.

Tudo aconteceu a 21 de março. Jeferson, 31 anos, como habitualmente saiu de casa em Mondorf-les-Bains às 5h30 para ir trabalhar. Apanhou o autocarro e o incidente aconteceu já perto da Gare da capital. Tentaram reanimá-lo várias vezes. A polícia registou a morte passava pouco das 8h manhã, já no hospital.

Jeferson trabalhava no Luxemburgo há oito anos como costureiro e estava legalizado.

Marli Mendonça, a mãe que vive no Brasil, só soube do sucedido ao final da tarde. A notícia foi-lhe dada pelo companheiro do filho, Rafael Lopes Vieira. Rafael recorda que naquele dia a polícia bateu à porta de sua casa para lhe dar a triste notícia passava pouco das 7h da tarde. A polícia recusou-se a ligar para a mãe e foi Rafael que teve que lhe contar da morte do filho.

Ler mais:Mãe não consegue levar as cinzas do filho para o Brasil

A mãe, sem dinheiro para pagar o bilhete de avião para vir ao Luxemburgo, só conseguiu viajar porque a comunidade brasileira e portuguesa no Luxemburgo fez uma recolha de fundos para custear o bilhete. "Todo o mundo fez uma vaquinha para que ela pudesse vir", conta Rafael que agradece a solidariedade dos brasileiros. Marli aterrou no dia 21 de abril no Grão-Ducado, um mês depois da morte do filho. Mas mal sabia o que se iria passar. O pesadelo burocrático tinha começado.

A funerária exigia-lhe o pagamento de 4.200 euros para entregar as cinzas. Dinheiro que não tinha. Recorreu ao Consulado do Brasil e à Segurança Social luxemburguesa para pedir ajuda. Mas nada conseguiu. O Contacto questionou a Segurança Social e o Consulado sobre este caso mas não obteve qualquer resposta até ao momento.

Mas agora devido a esta onda de solidariedade vai poder levar as cinzas do filho para a sua terra natal.

NOTÍCIAS RELACIONADAS