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Luxemburgo e Portugal vão acolher migrantes do navio Ocean Viking

Depois de um impasse de semanas, o navio humanitário com 234 passageiros desembarcou finalmente em França. Mas a maioria vai para outros países.

O navio humanitário chegou, esta sexta-feira, ao porto de Toulon, sob escolta de uma embarcação militar francesa.

O navio humanitário chegou, esta sexta-feira, ao porto de Toulon, sob escolta de uma embarcação militar francesa. © Créditos: Christophe Simon King/afp

Maria Monteiro

O Ocean Viking, navio humanitário pertencente à Organização Não- Governamental (ONG) europeia SOS Méditerranée e operado em conjunto com o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, atracou no porto de Toulon, no sul de França, por volta das 08h50 desta sexta-feira. Isto acontece após 19 dias retido no Mediterrâneo à espera de autorização para desembarcar os seus passageiros num porto europeu.

França vai acolher os 234 migrantes a "título excecional" para cumprir o seu "dever humanitário", anunciou, na quinta-feira, o ministro do Interior francês, citado pela AFP. Mas segundo Gérald Darmanin, dois terços dos passageiros não ficarão em França, uma vez que serão relocalizados para nove outros países europeus, como Luxemburgo, Portugal, Bulgária, Roménia, Croácia, Lituânia, Malta, Irlanda e Alemanha.

O Ocean Viking, obteve, finalmente, autorização para desembarcar os migrantes que resgatou ao largo da costa da Líbia, incluindo 57 crianças, que serão colocados numa "zona de espera". "[Os sobreviventes] não vão poder sair deste centro administrativo e, portanto, não estarão tecnicamente em solo francês", referiu o ministro.

Ler mais:Tensão entre Itália e França por causa de desembarque de migrantes do Ocean Viking

Esquerda saúda decisão "digna dos valores de França"

A partir desta sexta-feira, os 234 migrantes oriundos de países como Síria, Eritreia e Sudão, serão submetidos a um controlo sanitário e a controlos de segurança, antes de serem ouvidos pelo Gabinete Francês para a Proteção dos Refugiados (Ofpra, na sigla em francês) para poderem aceder ao estatuto de refugiados.

Para a SOS Méditerranée, este desfecho traz um sentimento de "alívio tingido de amargura". "Os sobreviventes passaram por uma verdadeira provação", afirmou Sophie Beau, diretora da ONG, à AFP. Três dos passageiros tiveram, mesmo, de ser evacuados para a Córsega, na quinta-feira, por razões médicas.

O desembarque do Ocean Viking em França foi aplaudido pela esquerda, que o descreve como "uma decisão digna dos valores" do país, mas foi altamente condenada pela extrema-direita de Marine Le Pen, que acusou o governo de "laxismo" nas suas políticas de imigração.

Nos últimos dias, gerou-se um clima de tensão entre França e Itália, uma vez que o Ocean Viking navegava há três semanas ao largo da costa italiana, mas viu os seus pedidos de ajuda rejeitados pelas autoridades italianas, que atiraram a bola para o campo do governo francês.

O ministro do Interior francês deixou fortes críticas ao novo governo italiano, liderado pela conservadora Giorgia Meloni, por se recusar a abrir os seus portos ao navio humanitário, em incumprimento da lei marítima que determina o acolhimento destas embarcações pelo país mais próximo. "Itália tem sido muito desumana", atirou Gérald Darmanin.

(Com AFP)

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