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Luxemburgo

Insatisfação com o salário atinge nível recorde entre os trabalhadores

Melhor salário e menos horas de trabalho semanal para estar com a família são as prioridades dos trabalhadores, indica um estudo nacional.

A inflação e aumento do custo de vida intensificou o descontentamento com o salário recebido pelos trabalhadores do Luxemburgo.

A inflação e aumento do custo de vida intensificou o descontentamento com o salário recebido pelos trabalhadores do Luxemburgo. © Créditos: Getty Images

Nunca os trabalhadores do Luxemburgo estiveram tão descontentes com o seu salário, revela o novo relatório sobre a qualidade de vida no trabalho, o "Quality of Work Index 2022", publicado pela Câmara dos Assalariados, na quinta-feira.

A satisfação com o salário obteve o nível mais baixo de sempre, indica o estudo. Este é um dos principais problemas dos trabalhadores do Luxemburgo, que se vem agravando sobretudo com o aumento da inflação e custo de vida.

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No geral, os residentes consideram que a evolução da qualidade do trabalho e a sua motivação profissional melhoraram ligeiramente em relação aos dois anos anteriores, marcados pela pandemia. Contudo, os principais problemas persistem ou chegaram mesmo a agravar-se. O que desejam os trabalhadores para se sentirem felizes no trabalho?

Equilíbrio entre vida profissional e privada

Encontrar um equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar é cada vez mais importante para os trabalhadores do país, que nunca sofreram tanto com o desequilíbrio entre estas duas esferas.

De acordo com o relatório, 71% dos inquiridos desejam, por isso, uma redução do horário semanal de trabalho, para 34,4 horas/semanais, em média. Nas atividades profissionais que assim o permitem, os trabalhadores querem poder ter dias de teletrabalho.

"A exasperação dos trabalhadores com o tempo perdido e o stress adicional no percurso casa e trabalho também deve ser tida em conta", e o "desejo dos inquiridos em aumentar o número de dias de teletrabalho deve ser satisfeito", consideram os autores do "Quality of Work Index" realizado pela Câmara dos Assalariados em colaboração com a Universidade do Luxemburgo.

Contudo, como nem todas as atividades permitem o trabalho remoto, os autores do relatório consideram "mais democrático" legislar sobre a redução de horário de trabalho para todos sem exceção.

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Risco de burnout

Em algumas profissões e setores económicos, existe uma tendência para uma menor autonomia dos trabalhadores e menos consideração pelas suas opiniões, realçam os trabalhadores. Estes dois fatores são considerados de grande importância para o bem-estar e qualidade na vida profissional. Como são cada vez mais difíceis de encontrar, aumenta a insatisfação laboral havendo uma menor motivação para o trabalho e um maior risco de 'burnout' (esgotamento).

Entre os fatores positivos, os trabalhadores consideram que há mais formação e possibilidades de subir na carreira.

Desumanização laboral

No entanto, os inquiridos também consideram que há cada vez mais uma desumanização das atividades e nas relações laborais, além de abusos das suas funções. Pelo que há um sentimento generalizado de desalento e abandono emocional do emprego, em que os trabalhadores estão cada vez mais afastados e passam a dedicar o maior tempo possível a atividades de lazer e familiares, como aponta o relatório.

Mudar de emprego

A intenção de mudar de emprego num futuro próximo situa-se nos 24% entre os trabalhadores insatisfeitos. Os inquiridos consideram que o mercado de trabalho é bastante dinâmico, e que ultrapassados os constrangimentos da pandemia, as dificuldades de encontrar novo emprego diminuíram.

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Direito a desligar

Fora do horário laboral, os trabalhadores não devem ser incomodados ou pressionados com questões profissionais, aponta o relatório. Esta invasão na vida privada promove o desequilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Por isso, os autores pedem ao Governo que acelere o processo de legislação do projeto de lei sobre o "direito a desligar" do Ministério do Trabalho e Emprego que ainda aguarda aprovação.

Conselhos às empresas

Para as empresas que levam a sério a atração de talentos e competências e a permanência dos seus empregados, o relatório aconselha a que sejam "inovadoras e ponham em prática medidas concretas para melhorar o equilíbrio entre a vida profissional e privada", mesmo que para tal seja necessário "reinventarem-se e procederem a mudanças no ambiente de trabalho".

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