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Há mais crime no Luxemburgo. Homicídios e assaltos violentos batem recordes

As estatísticas criminais relativas ao ano de 2022 foram apresentadas esta quarta-feira. O ministro Henri Kox admite que há um "claro aumento" de casos, mas garante que o Luxemburgo "continua a ser um país seguro".

Marc Wagner, do Departamento de Crimes contra a Propriedade da Polícia Judiciária, Jean-Louis Bordet, do Departamento de Crime Organizado da Judiciária, Henri Kox, ministro da Segurança Interna, e Pascal Peters, diretor central da Polícia Administrativa.

Marc Wagner, do Departamento de Crimes contra a Propriedade da Polícia Judiciária, Jean-Louis Bordet, do Departamento de Crime Organizado da Judiciária, Henri Kox, ministro da Segurança Interna, e Pascal Peters, diretor central da Polícia Administrativa. © Créditos: Guy Jallay

Jornalista

Os números de casos de delinquência estão a aumentar no Luxemburgo. Em 2022, a polícia grã-ducal registou 37.864 casos, o que representa um aumento de 25% em relação a 2021, em que se registaram 30.213. O número de infrações também aumentou em 27%, com um total de 54.552. Destas, 66% são "delitos contra bens" e 17% são "delitos contra pessoas".

As estatísticas criminais relativas ao ano de 2022 foram apresentadas esta quarta-feira pela polícia e pelo ministro da Segurança Interna, Henri Kox, numa conferência de imprensa. O governante admitiu que há um "claro aumento" dos números, seguindo a tendência observada nos países vizinhos, que poderia ser justificado pelo fim das restrições da pandemia da covid-19.

"Não nos surpreende o aumento do número de infrações após o fim das restrições. Com o regresso à normalidade, em que as pessoas circulam livremente e as atividades quotidianas são retomadas, os criminosos têm novamente oportunidades para agir", afirmou o ministro, salientando que, apesar disso, o Luxemburgo "continua a ser um país seguro com um forte Estado de direito".

Henri Kox, ministro da Segurança Interna, e Pascal Peters, diretor central da Polícia Administrativa.

Henri Kox, ministro da Segurança Interna, e Pascal Peters, diretor central da Polícia Administrativa. © Créditos: Guy Jallay

Por cada 100.000 habitantes, houve 5730 casos e 8255 infrações no ano passado (por exemplo, um caso de violência doméstica pode representar várias infrações). São os números mais altos dos últimos cinco anos.

Categorias de casos mais frequentemente registadas em 2022:

  1. Roubos simples: 11324

  2. Fraudes/burlas: 4689

  3. Destruição: 4297

  4. Assaltos em casas habitadas: 2958

  5. Assalto e agressão sem incapacidade para o trabalho: 2643

Categorias que mais aumentaram em relação a 2021:

  1. Roubos simples: + 3536

  2. Fraudes/burlas: + 2390

  3. Assaltos em casas habitadas: + 699

  4. Destruição: + 635

  5. Carteiristas + 540

Pascal Peters, diretor central da polícia administrativa, observou que a possibilidade de comunicar uma infração online parece ter tido um impacto no número de queixas apresentadas, que está a aumentar.

Além disso, a transferência de certos atos criminosos para o suporte informático também levou a um aumento de casos, particularmente por fraude e engano. Por fim, justificou o responsável, o fim das restrições relativas à pandemia levou a um aumento de certos delitos, particularmente roubos e simples furtos sem violência.

Nove homicídios em 2022

O ano passado foi particularmente violento no que diz respeito aos casos de homicídios e assassinatos. Foram nove no total, um aumento considerável em comparação com os três de 2021. É um recorde nos últimos cinco anos, sendo que o anterior maior registo foi em 2019, com quatro casos.

Ler mais:Dentro da mente de um assassino

A polícia salienta que estes novos homicídios se tratam de casos isolados, em que existe uma certa ligação entre o alegado perpetrador e a vítima. Em todos os casos, foi identificado pelo menos um suspeito. Alguns desses homicídios foram noticiados pelo Contacto, como os assassinatos das duas mulheres portuguesas, cujos corpos foram desmembrados, o do português que matou um casal vizinho a tiro ou do homem que matou a mulher com um martelo.

Já os ataques e agressões intencionais denunciadas à polícia aumentaram de 2.967 em 2021 para 3.339 em 2022, uma tendência ascendente que tem sido observada nos últimos anos. A polícia aponta que 80% das agressões intencionais não resultaram em incapacidade para o trabalho.

No contexto da violência doméstica, o número de intervenções registadas aumentou de 917 para 983, enquanto que o número de despejos permaneceu estável (246).

As infrações mais frequentes contra pessoas foram, no entanto, as fraudes e burlas, que registaram um aumento de 2.390 casos em comparação com o ano anterior. De acordo com a polícia, este aumento é parcialmente explicado pelos numerosos casos de burlas online.

Roubos violentos aumentam sentimento de insegurança

A maior parte das infrações registadas pela polícia em 2022 foram delitos contra bens (36.340). Mais de um quarto dessas (16.452) foram simples furtos, furtos em lojas, furtos domésticos e carteiristas (incluindo tentativas), ou seja, furtos sem violência.

Em comparação com 2021, este número aumentou consideravelmente em 5.404 delitos, uma subida de 48%. Para a polícia, este aumento é "impulsionado principalmente pelo aumento na denúncia de furto em bombas de gasolina", que é cada vez mais feito via online.

Quanto aos assaltos, a grande maioria diz respeito a casas habitadas. Embora estes tenham aumentado em 700 casos em comparação com 2021, estão ao mesmo nível que em 2018 e 2019, ou seja, antes da pandemia, assinala a polícia. Estes números incluem arrombamentos em caves e garagens comuns, que são largamente atribuídos ao crime de abastecimento.

Em termos de roubos, 126 pessoas foram detidas em 2022 e 217 alegados perpetradores foram identificados.

Os roubos com violência também aumentaram: 591 em 2022 contra os 505 de 2021. É o número mais alto dos últimos cinco anos. A polícia reconhece que estes eventos "têm obviamente uma grande influência sobre o sentimento de insegurança" no país, embora "não sejam necessariamente significativos em termos estatísticos".

Os roubos violentos em que os perpetradores estão armados diminuíram em comparação com 2021. Os jovens com menos de 25 anos estão sobre-representados entre os perpetradores de roubos violentos.

A categoria "roubo de veículos" tem vindo a aumentar desde há vários anos. Este aumento deve-se principalmente aos roubos de veículos (mais 407 casos), que são principalmente crimes de abastecimento, bem como roubos de bicicletas e outros meios de transporte, como, por exemplo, trotinetas eléctricas.

Em 2022, foram ainda registados nove roubos à mão armada em empresas, bem como sete em estações de serviço. Isto representa uma diminuição muito ligeira em comparação com 2021.

Menos casos na luta contra a droga

Na luta contra a droga, a polícia tratou de mais de 3.500 casos e deteve 215 pessoas (contra 168 em 2021). O número de casos é inferior ao de 2021, o que, segundo as autoridades, se deve principalmente ao facto de a polícia se ter concentrado no trabalho de investigação e em ações orientadas no terreno.