Greve nacional em França marcada por forte adesão e confrontos com a polícia
Apesar do 11º dia de greve geral contra a reforma das pensões ser marcado por milhares na rua em protesto, notam-se também focos de violência por parte de grupos radicais.
Secretária-Geral da CGT Sophie Binet, durante manifestação esta quinta-feira. © Créditos: AFP
Depois do fracasso das negociações entre o Governo francês e os sindicatos (que durou menos de uma hora), esta quinta-feira acontece o 11.º dia de manifestações e greves em todo o país.
Milhares de pessoas manifestaram-se pacificamente pelas avenidas francesas, pelo mesmo motivo das vezes anteriores: a aprovação da lei que estipula o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos.
No entanto, e apesar de serem uma minoria comparado com o número de pessoas na rua, há grupos radicais que contribuem para a escalada da tensão, sobretudo, em Paris, e confrontos com a polícia. Aliás, as autoridades já contavam com estas ações e mobilizaram 4.200 policiais para os protestos em Paris.
Há relatos de que, no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, cerca de 100 manifestantes bloquearam esta manhã uma estrada que leva ao Terminal 1 e entraram no edifício do terminal, segundo a administração do aeroporto. A fonte citada pela Lusa referiu que os voos não foram afetados, mas os passageiros que estavam com as suas bagagens tiveram de abrir caminho entre os manifestantes com bandeiras.
Um representante da CGT no aeroporto, Loris Foreman, disse ao canal BFM-TV que os manifestantes queriam “mostrar ao mundo e à Europa” que não querem estar a trabalhar aos 64 anos.
Pelas ruas da capital, notam-se já os danos. Vários vídeos a circular nas redes sociais mostram as invasões de edifícios empresariais, restaurantes incendiados ou espaços públicos vandalizados.
"Todos os tipos de raiva"
Na quarta-feira, ratos mortos foram lançados contra o edifício da autarquia. O canal BFM-TV mostrou os cadáveres dos roedores a serem atirados por trabalhadores públicos do setor de saneamento com fatos de proteção brancos.
Natacha Pommet, líder do ramo de serviços públicos do sindicato CGT, disse que os caçadores de ratos de Paris queriam "mostrar a dura realidade da sua missão".
Para a sindicalista, os protestos contra as reformas nas pensões de Macron está a transformar-se num movimento mais amplo de trabalhadores, que estão a expressar as suas reclamações sobre salários e outras questões. “Toda essa raiva reúne todos os tipos de raiva”, disse Natacha Pommet, numa entrevista por telefone à agência de notícias Associated Press (AP).