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Fotos. França a arder após aprovação da reforma de pensões

A reforma de pensões foi aprovada na quinta-feira e o grito de protesto da população francesa fez-se ouvir nas várias manifestações e confrontos que eclodiram durante a noite.

Protestos contra a reforma do sistema de pensões em França.

Protestos contra a reforma do sistema de pensões em França. © Créditos: AFP

Como já era de esperar, após a aprovação sem votação na Assembleia Nacional da reforma de pensões na quinta-feira, milhares de pessoas por toda a França saíram à rua.

Em Paris, várias manifestações espontâneas bloquearam algumas das zonas mais importantes e os congestionamentos prolongam-se esta sexta-feira. Por exemplo, a Place de la Concorde, onde vários milhares de manifestantes se reuniram, teve de ser evacuada pela polícia perto meia-noite.

Os protestos ocorreram também em outras cidades do país, incluindo Marselha, Nantes, Rennes e Lyon. Várias pessoas tentaram atacar edifícios públicos e escritórios de representação de políticos do bloco que apoia o Presidente da República, Emmanuel Macron.

Caixotes de lixo também foram incendiados nas ruas próximas à Assembleia Nacional, na capital, informou a polícia.

São esperados mais protestos nos próximos dias. O líder da CGT para o setor ferroviário, Laurent Brun, disse em entrevista à rádio France Info que o objetivo é "paralisar a economia", por isso, as greves vão continuar.

A partir deste fim de semana, a refinaria TotalEnergies na Normandia, vai parar. Várias sessões plenárias entre os vários sindicatos decorrem esta sexta-feira e a intersindical vai reunir nos próximos dias, para decidir o que fazer, mas o novo dia de manifestações já está agendado para 23 de março. "Baixar os braços não é solução".

Os sindicatos "medem com seriedade a responsabilidade que o Executivo tem na crise social e política que resulta desta decisão, uma verdadeira negação da democracia", afirma a CGT.

Por outro lado, em entrevista à rádio RTL, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse que pelo menos 310 pessoas foram detidas na noite passada, 258 só na capital. "Isto não deve acontecer. Existem instrumentos democráticos de reivindicação", afirmou.

Operação de limpeza

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O Contacto já tinha mostrado o estado em que as ruas da capital ficaram, devido à paralisação. Agora, o ministro revelou que o Governo impôs, "por motivos de saúde", serviços mínimos à recolha de lixo, cujos trabalhadores estão em greve há 10 dias.

"Respeito a greve da recolha de lixo, mas o que não é aceitável são as condições insalubres", disse.

Moções de censura

Macron tentou fintar os procedimentos democráticos habituais e o Governo recorreu a um artigo da Constituição francesa para fazer passar a polémica lei.

Ler mais:Macron força aprovação da reforma de pensões sem passar pela Assembleia Nacional

O Artigo 49.3 permitiu, assim, que a reforma fosse aprovada sem passar pela Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento), o que gerou uma onda de protesto praticamente unânime dentro do Parlamento.

Está então consagrado o aumento da idade da reforma para 64 anos ou 43 anos de descontos, mas também o fim dos regimes especiais existentes para os trabalhadores dos transportes, da energia ou mesmo no Banco de França, assim como a adoção de um contrato especial para promover o emprego de pessoas com mais de 60 anos.

Extrema-direita, direita e toda a ala esquerda pedem a demissão do executivo de Elisabeth Borne e devem apresentar três moções de censura até ao prazo limite que é esta sexta-feira à tarde.

A incredibilidade era palpável, mesmo entre os aliados do Renassaince, partido do Presidente. "Foi um erro trazer o 49.3 num texto como este e dado o estado de nossa democracia. Tínhamos que ir a votação, mesmo que isso significasse perder. Estou em choque", respondeu o líder do MoDem (Democratic Movement), Erwan Balanant, afirmando ainda que a situação "aproxima-se de uma crise de regime".

Com agências*