Diana, 'a madrasta feia' e os talibãs. Livro de Harry é (mais) uma bomba para Buckingam
Depois da série documental na Netflix, a biografia do filho mais novo do rei Charles III promete desvendar ainda mais segredos dos bastidores da monarquia britânica.
© Créditos: AFP
"O Substituto", que será publicado no dia 10 deste mês, e cuja versão em espanhol foi colocada quinta-feira à venda durante algumas horas, antes de ser retirada do mercado. No livro, o príncipe Harry faz revelações pessoais e que envolvem vários membros da família real britânica.
Harry, que vive atualmente nos Estados Unidos com a mulher, Meghan Markle, escreve nesta biografia que experimentou cocaína quando era mais jovem, diz que matou 25 talibãs nas suas missões no Afeganistão, relata como perdeu a virgindade e conta ainda que uma vez que foi agredido pelo irmão, o príncipe William, e ainda do "encontro espiritual" com a mãe, a princesa Diana.
Esta é uma lista das revelações que estão a causar indignação no Reino Unido.
25 mortes no Afeganistão
Harry revela que matou 25 "combatentes inimigos" no Afeganistão, que descreve como "peças de xadrez". "Estabeleci o objetivo desde o primeiro dia: nunca ir para a cama com quaisquer dúvidas de que tinha feito a coisa certa, de que tinha matado talibãs e apenas talibãs", lê-se no livro, segundo a AFP. "Senti que era essencial não ter medo desse número [25]". Harriz escreve que a contagem não lhe dá nem "satisfação" nem "constrangimento".
Harry no Afeganistão © Créditos: John Stillwell/PA-Wire/Pool/epa/
Inquérito à morte de Diana
Após a morte da princesa Diana, em 1997, Harry revela que os dois irmãos acharam a conclusão do inquérito - embriaguez do condutor como "a única causa do acidente" - "simplista e absurda". Se o condutor ficou "desnorteado" pelos paparazzi, "por que não foram eles para a prisão?", questiona.
Segundo a revista People, Harry também diz que numa viagem a Paris em 2007, pediu ao seu motorista para conduzir no túnel onde mãe morreu, à mesma velocidade do dia do acidente. "Tinha dito a mim mesmo que queria seguir em frente, mas não aconteceu. Começou a parte dois da dor", escreve.
"Contacto" com a mãe
Segundo o jornal The Guardian, Harry revela que, a conselho de um amigo, consultou uma mulher, a quem se abstém de chamar "medium", que o ajudou a entrar em contacto com Diana. "Senti uma energia à sua volta", diz ele, explicando que a mulher lhe disse :"A tua mãe está contigo". A mulher terá explicado que Diana lhe dizia que Harry estava "a viver a vida que ela não podia viver", que estava "a viver a vida" que ela queria para o filho mais novo.
Nascimento do príncipe Harry, em 1984. © Créditos: /PA Wire/dpa
Cocaína
De acordo com a Sky News, Harry admitiu que "claro" que tinha experimentado cocaína. "Em casa de alguém, num fim-de-semana de caça, ofereceram-me um risco", escreveu. "Não foi muito divertido, não me fez particularmente feliz, mas fez-me sentir diferente". "Eu tinha 17 anos e queria tentar qualquer coisa que pudesse perturbar a ordem estabelecida", admite.
As piadas de Charles sobre paternidade
Harry diz que uma das "melhores piadas" do "repertório" do seu pai, o rei Charles III, era "Quem sabe se eu sou sequer o teu pai"? "Ele ria-se e ria-se, embora fosse uma piada particularmente desagradável, dado o rumor de que o meu verdadeiro pai era um dos antigos amantes da minha mãe: o Major James Hewitt", conta. Uma das razões para o rumor, diz, era porque também tinha cabelo ruivo. A outra era mesmo "sadismo", aponta.
A violenta discussão com William
No livro, Harry conta acerca de uma alegada discussão com o irmão. Durante a altercação, o príncipe, de 38 anos, acusou William de chamar a Meghan mulher "difícil [e] rude", antes de o tom subir com outros insultos. "[Depois, William] agarrou-me pelo colarinho (...) e deitou-me ao chão,", afirma Harry, citado pelo The Guardian, que obteve na quarta-feira um excerto do livro.
"Aterrei na tigela do cão, que se partiu nas minhas costas", acrescentou o príncipe, dizendo que permaneceu no chão "atordoado", antes de pedir ao irmão para sair. William "pediu desculpa", adiantou.
A "madrasta feia", o fato nazi e a virgindade
Harry disse que se opôs ao casamento do pai com Camilla, temendo que ela fosse uma "madrasta feia". Além disso, segundo o The Sun, Harry afirma que William e a sua mulher, Kate, o encorajaram, quando tinha 20 anos, a vestir-se de nazi numa festa de máscaras, o que causou um escândalo.
Finalmente, segundo a Sky News, Harry descreve o "episódio humilhante" de perder a virgindade com uma "mulher mais velha" que amava cavalos e que o tratava como um "garanhão jovem".
Apesar de tudo o que escreveu no livro, Harry esclareceu na entrevista que deu à ITV que deseja uma "reconciliação" com a família. "Mas, primeiro" tem de haver responsabilização, defende. "A suposta verdade, neste momento, é que existe apenas um lado desta história".
Já na série documental "Harry & Meghan", lançada na Netflix em dezembro, o príncipe de 38 anos explicou que queria dar o seu lado da história sobre a rutura com a monarquia britânica, em 2020.
*Com agências
Num excerto de uma entrevista a ser transmitida nos EUA na segunda-feira, Harry admite que a sua mãe ficaria "triste" ao ver a relação entre os seus dois filhos. Até agora não houve qualquer reacção por parte do Palácio de Buckingham. O Sol cita fontes próximas de Carlos III e Guilherme como sendo entristecidas pelas afirmações do livro.
O príncipe Harry também recordou o violento argumento numa entrevista a ser transmitida na ITV no domingo à noite, na qual disse que William estava furioso e queria que ele lhe batesse de volta. Diz-se que William terá pedido desculpas mais tarde. Para o perito da família real Richard Fitzwilliams, "a pior coisa" do livro é "a forma como William é retratado".
Nas suas memórias, Harry explica também que ele e William se opuseram ao novo casamento do seu pai com Camilla, que agora é rainha-consorte, temendo que ela fosse uma "madrasta feia".