Dependência de médicos e enfermeiros de fora do país deixou Grão-Ducado vulnerável
Cerca de dois terços dos enfermeiros e um quarto dos médicos vivem fora do Luxemburgo e isso deixou-o vulnerável ao fecho de fronteiras no início da pandemia. Esta é uma das conclusões de um relatório da Comissão Europeia e da OCDE que traçou o perfil de saúde do país.
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A esperança de vida no Luxemburgo aumentou em mais de dois anos desde 2010, alcançando 81,8 anos em 2020, o que está bem acima da média da União Europeia, mas com a covid-19 a ser responsável por cerca de 11% das mortes em 2020, esse tempo foi reduzido em onze meses, em comparação com 2019.
Esta é uma das conclusões do relatório conjunto da Comissão Europeia e da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) que todos os anos traça um "Perfil de Saúde do País". O último refere-se ao ano de 2021 e tem como foco o impacto e as respostas dos sistemas de saúde europeus à pandemia de covid-19.
As más notícias chegam também da força de trabalho na saúde que é fortemente dependente dos países vizinhos. O documento da Comissão Europeia e da OCDE dá conta de que cerca de dois terços dos enfermeiros e um quarto dos médicos que trabalham no Luxemburgo não residem no país.
"No decorrer da fase inicial da pandemia, a dependência de profissionais de saúde estrangeiros tornou o Luxemburgo particularmente vulnerável ao risco do encerramento de fronteiras com a Bélgica, França e Alemanha", lê-se no relatório. Mas, por outro lado, o país agiu rapidamente na resposta à pandemia e estava "relativamente bem preparado", avalia o estudo.
O relatório destaca ainda os fatores de risco para a saúde dos luxemburgueses. São eles o tabagismo e a dieta pobre, responsáveis por um terço do total das mortes no Grão-Ducado.
Consumo de álcool no Luxemburgo é visto com preocupação
No entanto, o relatório destaca as políticas de saúde pública do país, como proibição de fumar em determinados locais e os aumentos de impostos sobre produtos de tabaco, que têm contribuido positivamente para reduzir o tabagismo entre adolescentes e adultos.
O mesmo não acontece em relação ao consumo de álcool em adultos, que continua a ser um motivo de preocupação, indica o relatório.
Entre as boas notícias estão as baixas taxas de mortalidade por causas tratáveis, que "sugerem que o sistema de saúde do Luxemburgo fornece intervenções eficazes [ao nível] dos cuidados de saúde" prestados à população.
As taxas de mortalidade por ataque cardíaco, derrame e cancro também diminuíram na última década - a taxa de mortalidade por cancro da mama permaneceu relativamente estável, embora próximo da média da UE, refere o documento.
Gastos diretos com a saúde são os segundos mais baixos da UE
Em relação aos gastos com saúde per capita, o Grão-Ducado está entre os países com os valores mais altos da UE e a fatia pública do financiamento da saúde é consideravelmente mais alto do que a média dos 27, situando-se em 85% no ano de 2019.
O relatório indica que a população residente tem direito a "um amplo pacote de benefícios" e que os gastos diretos com a saúde são os segundos mais baixos da União Europeia.