Contra tudo e todos, Senado francês aprova aumento da reforma para 64 anos
Sindicatos marcam novas mobilizações e possível encontro com o Presidente da República está fora de questão.
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Milhares em França têm saído à rua de forma consistente contra esta alteração na lei que aumenta a idade da reforma de 62 em 64 anos, medida defendida com afinco pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
Mesmo perante a indignação geral, o Senado votou a favor (201 para 115) da mudança do artigo 7.º na quarta-feira, perto da meia-noite. Decisão foi aplaudida pela direita.
A primeira-ministra, Elisabeth Borne, já fez saber como este era o resultado que esperava. "O Senado acaba de adotar o artigo 7.º do projeto para as pensões. Estou encantada por os debates terem tornado possível chegar a esta votação. O exame do texto vai continuar. Permitirá examinar propostas de todas as bancadas para uma reforma equilibrada e justa", escreveu no Twitter.
A maioria do Senado quis acelerar os debates face à "obstrução" da esquerda, que, por sua vez, se mostrou indignada. "A chamada sabedoria do Senado levou um golpe", criticou a líder comunista, Eliane Assassi.
Os debates na Câmara Alta recomeçaram esta quinta-feira, 9, e focaram-se em torno da polémica alteração proposta pelo deputado republicano, Bruno Retailleau, que defende a extinção gradual dos regimes especiais, votados no artigo 2.º, para os trabalhadores já em funções.
Para a rua no sábado
Como seria de esperar, os sindicatos prometem dar luta e está marcada nova mobilização para o próximo sábado, para além de várias ações. Os constrangimentos devido à greve nacional têm sido sentidos toda a semana.
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Em relação ao pedido para a intersindical ser recebida pelo Presidente da República, a resposta do Governo foi clara. "A porta do Ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, está sempre aberta", respondeu o Primeiro-Ministro, no Senado, assegurando que "o governo está sempre pronto e aberto ao diálogo", e que foi "em consulta e diálogo que este texto foi construído".
Já o porta-voz do Governo, Olivier Véran, tinha falado sobre o assunto, dando a entender que não haveria encontro, uma vez que o Presidente da República "respeita as instituições (...) hoje em dia, é o tempo parlamentar que está em vigor".