Alemanha tem dois milhões de postos de trabalho por preencher
Há anos que o país enfrenta uma escassez de mão-de-obra devido ao envelhecimento da sua população. Construção é uma das áreas mais afetadas.
A construção é um dos setores mais afetados. © Créditos: Monika Skolimowska/dpa
A escassez de trabalhadores está a aumentar na Alemanha. Há dois milhões de postos de trabalho por preencher no país, que enfrenta o envelhecimento da população de acordo com um estudo publicado esta quinta-feira pelos empregadores alemães.
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"Na Alemanha, dois milhões de empregos estão vagos (...), resultando numa perda de 100 mil milhões de euros em criação de valor", afirmou Achim Dercks, presidente da Câmara de Comércio e Indústria (DIHK, na sigla alemã), que realizou o estudo, em conferência de imprensa.
Após ter inquirido 22.000 empresas alemãs, a organização afirma que "metade" delas estão a ter dificuldades em preencher as vagas. Um "recorde", de acordo com a DIHK.
Há anos que a Alemanha enfrenta uma escassez de mão-de-obra devido ao envelhecimento da sua população em setores-chave como a indústria, saúde, hotelaria e restauração e construção.
Esta situação agravou-se, como em muitos países ocidentais, desde a pandemia do coronavírus, enquanto a taxa de emprego atingiu níveis recorde no país.
Atualmente, quase 58% das empresas do setor industrial se queixam de falta de trabalhadores, indica ainda o DIHK. Os setores emblemáticos da força económica da Alemanha estão a ser afetados, tais como a maquinaria (67%) e a indústria automóvel (65%).
Governo deve "facilitar imigração de mão-de-obra"
Acima de tudo, o DIHK apela à "facilitação da imigração de mão-de-obra" e à formação de estrangeiros, especialmente ucranianos, que tenham chegado recentemente ao país.
O governo alemão já manifestou a sua vontade de facilitar a sua política de vistos para atrair mão-de-obra estrangeira.
A coligação, liderada pelos Sociais-Democratas, Verdes e Liberais, acordou em novembro um sistema baseado em pontos inspirado no modelo canadiano para atrair estrangeiros não europeus, e irá facilitar a sua política de naturalização.
A "mão-de-obra qualificada" é particularmente procurada, segundo o DIHK.
"A crise energética e os problemas da cadeia de abastecimento não são os únicos fatores de risco para a desindustrialização na Alemanha. Os problemas de recrutamento também existem", resumiu Dercks.
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Entre as formas de resolver o problema, o DIHK cita uma "melhor conciliação da vida privada e profissional" dos trabalhadores, "maior participação dos mais velhos no mercado de trabalho" e "redução da burocracia".
Num documento apresentado em setembro, Berlim estimou que a escassez de cerca chegue aos 240.000 trabalhadores qualificados até 2026.