Pedidos de ajuda de homens vítimas de abuso sexual aumentaram em Portugal
"Só em abril foram registados 18 novos pedidos de ajuda, num total de 58 novos casos no primeiro quadrimestre de 2023", diz a Associação Quebrar o Silêncio.
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A associação Quebrar o Silêncio, de apoio a rapazes e homens vítimas de abuso sexual, indicou que recebeu este ano uma média de 14,5 pedidos de ajuda por mês, um aumento de 38% relativamente a 2022.
Em comunicado, a associação precisa que "só em abril foram registados 18 novos pedidos de ajuda, num total de 58 novos casos no primeiro quadrimestre de 2023".
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A média mensal o ano passado foi de 10,5 queixas. "Sabemos que este aumento, apesar de significativo, continua a não representar a realidade dos homens e rapazes que foram vítimas de violência sexual, uma vez que são poucos os homens vitimados que procuram ajuda. Apesar de ser noticiado frequentemente, este é um tema que continua a ser tabu e não é fácil para as vítimas partilharem as suas histórias de abuso", refere em comunicado Ângelo Fernandes, fundador da Quebrar o Silêncio.
Segundo o representante da associação, os homens que a procuram "têm em média 39 anos", embora tenha recebido pedidos de ajuda de pessoas entre os 16 e os 70 anos, de todas as regiões de Portugal e também de países de imigração de portugueses.
"A nível de escolaridade, estado civil, profissão e de outras características, o espectro é bastante diversificado e não é possível traçar um perfil dos sobreviventes", diz.
Guia de orientações
Para “informar e capacitar profissionais sobre como os abusadores chegam às crianças e as silenciam, mas também como conquistam a confiança dos adultos cuidadores”, a Quebrar o Silêncio está a finalizar "um guia com orientações para a prevenção da violência sexual contra crianças destinado a profissionais e instituições que tenham crianças a seu cargo como é o caso de escolas, campos de férias ou centros de acolhimento", cujo lançamento está previsto para junho.
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"É preciso clarificar que a responsabilidade da prevenção cabe aos adultos, à família e às instituições que as crianças frequentam", adianta Ângelo Fernandes.
Desde que foi criada, em 2017, a Quebrar o Silêncio recebeu 652 pedidos de ajuda de homens e rapazes vítimas de abuso sexual.