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No Algarve, o 25 de Abril só aconteceu três dias depois

No Algarve, o 25 de Abril de 1974 foi como um dia qualquer. Andavam no ar os rumores de uma revolução lá para os lados de Lisboa, mas ninguém ousava vir para a rua exultar a liberdade. O povo não sabia, os militares não sabiam, nem a PIDE sabia que o Estado Novo tinha sucumbido. José Glória Alves foi o único capitão de Abril com o comando de uma operação em terras algarvias. Uma acção solitária, com o nome de código “Bangkok”. Pela voz do capitão do sul se percebe como o Algarve viveu a revolução de uma estranha forma. E com um inexplicável “delay”. O povo só fez o seu 25 de Abril três dias depois.

© Créditos: Valter Vinagre

José Glória Alves, coronel na reforma, tem um estilhaço de estimação alojado na perna esquerda. É exactamente como a memorabilia da guerra colonial: uma ferida cicatricial, que por vezes amaina e, noutras, reabre. O coronel Glória Alves é Comando. Comando, é-se para a vida, tal como a raiz, que é algarvia. Depois de duas comissões de serviço cumpridas em Moçambique, foram as saudades da família e da sua terra que, em Dezembro de 1972, o fizeram pedir transferência para a cidade de Lagos.

Em Janeiro de 1973 assumiu funções no Centro de Instrução de Condução Auto 5 (CICA 5), naquela cidade algarvia. “Era a unidade mais fraca do Algarve, com menos efectivos e menos potencial de fogo. Armas pesadas, não tinha. Tínhamos as G3 e as armas normais para a segurança do quartel. Dávamos instrução a condutores auto que, em geral, não eram mais de meia-dúzia. Faziam a recruta durante dois meses, depois iam embora, quase sempre para o Ultramar”.

Estes assuntos das revoluções ou se resolvem na capital ou não se resolvem

A um ano de se cumprir meio-século da revolução, este capitão de Abril tem por certo algo que já então sabia de instinto: “Estes assuntos das revoluções ou se resolvem na capital ou não se resolvem”. Nessa altura, a distância entre Lisboa e o Algarve era muito maior da que os quilómetros separavam. Eram como galáxias distantes, sob o manto cinzento de um regime. Salazar estava morto e enterrado, mas o Estado Novo prolongava o seu estertor, prolongando-se uma guerra perdida à nascença, onde uma geração deixou a juventude.

Sabe Deus porque milagre, o capitão Glória Alves chegou sempre a tempo a Lisboa ou a Cascais, depois de uma eternidade de caminho, a bordo de um velho Volkswagen do capitão Ferreira Lopes, camarada de unidade, para as duas reuniões decisivas do Movimento das Forças Armadas. Em curso na sombra, como aconselhava a prudência. Mais ainda após o Golpe das Caldas de 16 de Março de 1974, uma acção mais reactiva do que pensada, que deixara o regime em estado crónico de alerta e muitos oficiais hesitantes na cumplicidade revolucionária.

O Quartel-General da Região Militar do Sul era em Évora, mas o Comando Territorial do Algarve estava em Faro, onde se encontrava também o Regimento de Infantaria nº 4. Em Tavira, funcionava o Centro de Instrução de Sargentos Milicianos. O CICA 5, em Lagos, era a unidade militar mais remota do sul do país. "Estávamos longe de tudo. O Algarve, para todos os efeitos, era território muito isolado. Muitas vezes, a região entrava em prevenção e nós não sabíamos".

Ao então capitão José Glória Alves coube a única missão do MFA em terras algarvias. O “capitão do Sul”, como o conhecem, cumpriu a sua parte na revolução.

Entre muitas outras idiossincrasias castrenses made in Estado Novo, algumas havia que não cabiam na cabeça de ninguém, muito menos de um algarvio de gema. "Imaginem que nós aqui no Algarve tínhamos de ir buscar o peixe a Évora aos frigoríficos da manutenção. Nós aqui cheios de peixinho fresco..."

Sobre o Movimento das Forças Armadas (MFA), iam sabendo a conta-gotas. “Na unidade, havia um posto de escuta do norte de África, onde se ouviam as emissões da Rádio Argel, da Rádio Voz da Liberdade, que usava os mesmos estúdios, ou ainda da distante Rádio Portugal Livre, criada pelo Partido Comunista Português em 1962, já durante a guerra colonial, que funcionava na clandestinidade, emitindo a partir de Bucareste, capital da Roménia.

“Essas escutas eram feitas num órgão à parte, ao lado do quartel do CICA 5. Era fora do quartel. Nem os oficiais do CICA 5 podiam entrar lá, só os classificados. A partir de 1973, vinha periodicamente a Lagos um oficial de Lisboa (capitão Teixeira) ouvir as escutas, validá-las, fazer o registo em fita, essas coisas”. Deu muito jeito. “Era este o nosso contacto, o nosso oficial de ligação ao MFA. Nós, ali, éramos poucos oficiais. Se saíssemos, dava nas vistas. Era ele quem nos ia informando do que se estava a passar, das reuniões, do planeamento, das datas”, recorda o coronel Glória Alves.

A escassos dias do “Dia D”, já na posse da informação actualizada sobre os detalhes da revolução, o então capitão Glória Alves tentou reunir apoio de outros oficiais no Algarve, com cautela e caldos de galinha, para não levantar suspeitas. Contactos estéreis. No Comando Territorial do Algarve, não angariaram mais do que desconfiança quanto à “exequibilidade da operação”. No Regimento de Infantaria nº 4, “não se conhecia do antecedente nenhum oficial simpatizante com a revolução”. Em Tavira, “também não houve adesão, mas garantiram-nos que pelo menos não iriam actuar contra o Movimento das Forças Armadas”.

Nome de código : “Bangkok”

Os capitães José Castelo Glória Alves e Filipe Ferreira Lopes foram os únicos oficiais no Algarve a aderir formalmente à causa revolucionária, ao abrigo das subtilezas que se impunham. Ainda assim, assinala o coronel Glória Alves, "no dia 22 de Abril, eu e o Lopes demos conhecimento ao nosso comandante e alguns oficiais próximos da operação do MFA e da missão que nos cabia no Algarve. Quanto à data, claro está, não podíamos dizer". O comandante e os oficiais "brifados" de fresco de tão sensível informação, acolheram-na com entusiasmo. "O comandante apertou-me a mão e disse: ´Também vou, pá!`. Eu, na altura, na minha boa-fé, acreditei. Até porque ele na messe dos oficiais citava muitas vezes Manuel Alegre. Sabia de que lado ele estava, mas não passou disso".

O CICA 5 não estava só num cantinho remoto de Portugal. A condição de isolamento desta unidade verificava-se da mesma forma em relação ao território algarvio. Nunca se sabia bem qual era a realidade das coisas, se a informação mantinha actualidade ou se algum acontecimento a desactualizara. Era como caminhar na escuridão, a tactear o vazio.

No pós-25 de Abril, o capitão Glória Alves voltou a África, para uma missão difícil: a retirada dos seus camaradas Comandos.

Eram mais as dúvidas e os receios do que as certezas. Clara, só a missão que lhe havia incumbido o MFA: “Ocupação dos transmissores e repetidores da Guarda Nacional Republicana, da Guarda Fiscal, da PIDE e da Legião Portuguesa, instalados no alto do Fóia, ponto mais elevado da Serra de Monchique e que, conjuntamente com as antenas da Rádio e da TV, emitiam para todo o Algarve”. A data escolhida para o golpe militar foi comunicada ao capitão Glória Alves no dia 21 de Abril.

Com a maturidade que o tempo confere, há que dizer isto: "Estou perfeitamente convicto que a nossa operação não era realmente um objectivo para o comando da revolução. Só à última da hora é que eles acrescentaram a lápis o Fóia à lista dos objectivos, com o nome de código Bangkok. Dá-me impressão que só o fizeram por insistência nossa, minha e do capitão Ferreira Lopes. Só pelo nosso interesse em fazer alguma coisa pela revolução é que nos deram esta missão".

Quis o destino e o Quartel-general de Évora que a noite de 24 para 25 de Abril “coincidisse com os chamados exercícios de Ordem Pública, que consistiam na saída dos operacionais em quase todas as unidades do país, armados e equipados para as zonas de acção dessas unidades”.

Coronel José Glória Alves foi um dos Capitães de Abril.
A 25 de Abril de 1974  estava numa unidade do Exercito no Algarve.

Coronel José Glória Alves foi um dos Capitães de Abril. A 25 de Abril de 1974 estava numa unidade do Exercito no Algarve. © Créditos: Valter Vinagre

Estes exercícios decorriam de seis em seis meses, sendo as datas aprovadas pelos comandos das respectivas regiões militares. “Nessa noite, tinha o pelotão em exercício na barragem da Bravura, na serra Espinhaço de Cão (Barlavento algarvio), entre Lagos e Monchique”. O que servia como uma luva à operação Bangkok. “Resolveu desde logo o problema de sair do quartel com um pelotão”. O seu pelotão partiu para a acção revolucionária à boleia dos exercícios de Ordem Pública. “Noutra ocasião qualquer, levantaria enormes suspeitas”.

A sua acção, porém, não seria secreta por muito tempo. Por volta das cinco da manhã, o Quartel-General de Évora recebe instruções do Ministério do Exército para ordenar o estado de prevenção. Meia-hora depois, o Comando Territorial do Algarve coloca as suas três unidades em prevenção rigorosa. Minutos depois, “o comandante-major Castela Rio – que estava no comando do CICA 5 há pouco tempo -, deu-me ordem para fazer regressar ao quartel o pessoal em exercícios no exterior”. Ordens que o capitão Glória Alves se recusou a cumprir. “Disse ao comandante que iria sair, sim, mas para cumprir a missão do MFA”. À Porta de Armas, já fechada e guarnecida, “o comandante, que nessa noite me pareceu um pouco ébrio, tentou impedir-me de sair. Mas eu consegui sair.

E os guardas nem se mexeram. O capitão Lopes estava lá fora, à minha espera. Entrei no jipe e seguimos directo para a barragem da Bravura”.

Quando chegaram, ainda os homens “passavam pelas brasas. Acordámos a malta, explicámos o que se estava a passar e qual era a nossa missão na revolução, embora as notícias do resto do país fossem poucas ou nenhumas. Tínhamos de confiar que tudo estava a decorrer de acordo com os planos. Pusemo-nos sobre rodas, em direcção a Portimão, para seguir para o alto do Fóia”.

Ao alto do Fóia chegaram pouco antes das oito da manhã. “Uma manhã horrível de vento e de frio. Não encontrámos qualquer oposição. Só lá estavam dois homens da Guarda Fiscal, dentro de uma casinhola, a bater os dentes de frio. Explicámos a situação e eles entregaram imediatamente as suas Mauser”. Restava saber o que fazer em relação às antenas.

De antenas, o capitão Glória Alves percebia pouco ou nada. "A minha ideia inicial era rebentar com aquilo tudo e estava o assunto resolvido". Mas, enquanto equacionava a melhor forma de destruir os retransmissores, eis que lhe aparece à frente mais uma ironia do destino. "Um técnico do Rádio Clube Português, que tinha estado lá em cima durante todo o tempo, a fazer a manutenção das antenas. Ele quis saber o que se estava a passar e eu expliquei. ´Não há problema`, disse-me ele. Com excelente disposição, lá foi desligar as antenas". Para todos os efeitos, a missão estava cumprida, sem recurso à destruição, como um eufemismo distante das operações que decorriam no coração da Metrópole.

Do ponto de vista familiar, também foram estranhos os contornos da revolução. "A minha mulher sabia, mas acho que o resto da família nem se apercebeu. O meu pai (falecido em 2008), era natural de Lagos, militar, coronel também. Morava no andar em frente ao meu, em Portimão. Era na altura o comandante da Legião Portuguesa no Algarve".

Convém esclarecer que, no Algarve, "a Legião Portuguesa eram uns velhinhos que se reuniam de 15 em 15 dias e faziam uns almoços e tal. A sua acção era praticamente inexistente. Militarmente, não existia. Mantive-o sempre à parte disto. Nunca tive conversas com ele. Mas, pai é pai. Ele deve ter percebido alguma coisa. Tínhamos um contacto próximo, ele deve ter percebido". De qualquer maneira, "no dia 24, disse-lhe: Olhe, amanhã não vá para Faro, onde ficava a sede da Legião Portuguesa. Ele já devia ter uns zunzuns. Não foi".

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Quando o capitão Glória Alves se encontrava em missão no alto do Fóia, "havia lá um telefone e o meu pai ligou-me: ´Então Zé, o que está aí a fazer? Ligaram-me de Faro a dizer que vocês estavam a ocupar o Fóia e pedem-me para vocês saírem daí, que é um acto de indisciplina`. Já sabe o que estou aqui a fazer. Já estou cá até ao pescoço. Não vou a lado nenhum. ´Tu é que sabes`, disse-me ele. Pronto, fiquei lá em cima".

Por volta das 11h30, "aparece no Fóia o 2º comandante do CICA 5, major Branco, que estava com o MFA". Trazia uma mensagem clara: "O comandante do CICA 5 tinha contado as ocorrências ao responsável do Comando Territorial do Algarve, que ameaçava enviar uma força para nos desalojar".

O capitão Glória Alves conduziu o seu pelotão de regresso ao quartel de Lagos. "O nosso objectivo estava cumprido. Pelas pouquíssimas notícias que íamos ouvindo na rádio, o MFA progredia em Lisboa. Como é evidente, evitei confrontos desnecessários". A sua experiência de guerra dizia-lhe o seguinte: "Nunca tive grandes dúvidas que o MFA ia sair vitorioso. Porquê? Todos os gajos metidos no MFA tinham experiência de África, de combate, de ver mortos, de arriscar a vida todos os dias. Os outros, não. Eram tipos fraquinhos, sem experiência de combate, grandes panças e tal".

No dia 27 a Pide ainda estava no posto

Sob a incerteza dos acontecimentos em Lisboa, os capitães Glória Alves e Ferreira Lopes foram chamados a Faro. "O Brigadeiro Prazeres (de Faro) chama-nos. Disse-nos: ´Estou muito triste, foi a única unidade aqui do Algarve que saiu dos eixos`. O homem estava na dúvida sobre qual era o chão que pisava. Caso o movimento ganhasse regressaríamos ao CICA 5. Mas, se este movimento falhar, vocês prestam contas, avisou". Tradução: "Estávamos tramados. E eles não eram nada meigos". Informações fidedignas que tinha? "Nenhumas". Naquela altura, os rádios não funcionavam. As unidades tinham rádios, mas estavam ligados a Évora, à hierarquia", recorda o coronel Glória Alves.

Sem querer, "foi o brigadeiro comandante do Comando Territorial do Algarve quem, de modo ínvio, lhes forneceu indícios de que a revolução prevalecera. Às 18h00, disseram-nos que podíamos regressar a Lagos, o que era um óptimo sinal". Regressaram ao posto, ciosos de pormenores. “Do ponto de vista militar, em Lagos ninguém se apercebeu de nada. A rádio debitava comunicados, mas eram vagos. À noite, a televisão anunciou a mudança”. Mas, para além de naquela altura nem toda a gente ter o luxo de uma televisão, as décadas de ditadura exerciam ainda a sua mordaça sociológica. "As pessoas desconfiavam mais do que acreditavam. No Algarve as pessoas demoraram a reagir. Uns, pura e simplesmente não sabiam da revolução. Outros, era o medo".

Depois de viver muitos anos em Lisboa, o coronel Glória Alves, hoje reformado, regressou ao Algarve. Vive em Portimão, onde um dia “fechou a loja” da PIDE. Um dia memorável, mesmo com a revolução em “delay”.

Depois de viver muitos anos em Lisboa, o coronel Glória Alves, hoje reformado, regressou ao Algarve. Vive em Portimão, onde um dia “fechou a loja” da PIDE. Um dia memorável, mesmo com a revolução em “delay”. © Créditos: Valter Vinagre

Sem querer, "foi o brigadeiro comandante do Comando Territorial do Algarve quem, de modo ínvio, lhes forneceu indícios de que a revolução prevalecera. Às 18h00, disseram-nos que podíamos regressar a Lagos, o que era um óptimo sinal". Regressaram ao posto, ciosos de pormenores. “Do ponto de vista militar, em Lagos ninguém se apercebeu de nada. A rádio debitava comunicados, mas eram vagos. À noite, a televisão anunciou a mudança”. Mas, para além de naquela altura nem toda a gente ter o luxo de uma televisão, as décadas de ditadura exerciam ainda a sua mordaça sociológica. "As pessoas desconfiavam mais do que acreditavam. No Algarve as pessoas demoraram a reagir. Uns, pura e simplesmente não sabiam da revolução. Outros, era o medo".

Depois de uma longa tirania de medo, talvez nada melhor ilustre a hesitação colectiva do que as ocorrências do dia 27 de Abril. “Liderei a força que foi ocupar a sede da PIDE no Algarve, em Portimão. Quando cheguei, não estava ninguém na rua, não havia povo nenhum. Estavam lá alguns elementos do PCP, mais organizados”.

Nas instalações da PIDE, parecia que o tempo não tinha passado. "Estavam a funcionar normalmente. Estavam um bocado à rasca, mas também sem saber o que se estava a passar. O inspector-chefe lá daquilo era um tal de senhor Infante. Tinha fama de torcionário, mau como as cobras. Fazia todas aquelas coisas que a PIDE fazia: tortura, perseguição. Naquele dia, esforçava-se para parecer impávido e sereno. Estava manso como um cordeirinho. Tirei-lhes as armas e recolhi documentação. Pelo menos ele (o chefe), quase de certeza que sabia ao que íamos. Só deve ter estranhado nós só termos chegado a 27 de Abril".

Os elementos na PIDE no Algarve estavam mais ou menos como a generalidade dos algarvios. "Eles mantiveram-se no posto, sinal que ainda não sabiam em que posição estavam. O que é feito daquela gente, nunca mais soube. Havia ordens para os entregar no Forte de Elvas".

Esse dia 27 de Abril, como se não bastasse o “delay”, foi de diversas maneiras estranho. Quando o capitão Glória Alves se preparava para ocupar a sede da PIDE em Portimão, que ficava a dois quarteirões da sua casa, assim como da casa dos pais, "vejo a Vitorina, a nossa empregada de família, muito admirada de me ver fardado na rua. Com este jeito de falar aqui do Algarve, disse-me: ´Menino Zezé, menino Zezé, o que é que está a aqui a fazer?` Não lhe disse nada".

No dia seguinte, "o povo de Lagos foi ao quartel pedir para cumprimentar os militares e depois quiseram que nós fôssemos com eles todos juntos para a cidade. Flores, a malta toda, tudo na rua, a gritar pela liberdade". Era o 25 de Abril. No calendário assinalava 28 de Abril de 1974.

(Autor escreve de acordo com a antiga ortografia.)