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Abusos sexuais

Mais de 10 padres suspeitos de abuso continuam no ativo em Lisboa e Porto

Foram denunciados por abusos sexuais a crianças mas dioceses querem mais "indícios fiáveis" antes de suspenderem os suspeitos.

Há dioceses em Portugal que recusam afastar preventivamente os padres suspeitos de abusos sexuais a crianças, enquanto são investigados.

Há dioceses em Portugal que recusam afastar preventivamente os padres suspeitos de abusos sexuais a crianças, enquanto são investigados. © Créditos: Ron Lach/Pexels

Fonte: Redação

Em Lisboa e Porto existem 12 padres suspeitos de abuso sexual de menores que, no entanto, continuam no ativo. São cinco párocos suspeitos em Lisboa que continuam as suas funções e sete no Porto.

O Patriarcado de Lisboa e a Diocese do Porto decidiram manter, para já, estes padres em funções, até haver provas "fiáveis".

Os nomes destes padres suspeitos integram as listas que foram entregues às respetivas dioceses pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica.

A lista de Lisboa tem 24 padres suspeitos, e destes cinco estão no ativo, e a do Porto tem 12 nomes de párocos suspeitos de abuso, sete dos quais mantém as suas funções.

O Patriarcado de Lisboa adianta que da lista de 24 suspeitos, oito nomes respeitam a sacerdotes já falecidos, dois são padres doentes e retirados do ministério, três de sacerdotes sem qualquer nomeação, quatro são nomes desconhecidos, além de um leigo e de um ex-padre.

Com base nesta lista, a Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa “solicitou de imediato, à Comissão Independente, os dados respeitantes à lista nominal, de forma a tornar possível a entrega ao Cardeal-Patriarca das recomendações que lhe permitam fundamentar a proibição do exercício público do ministério dos sacerdotes no ativo e assunção das devidas responsabilidades no apoio e respeito pela dignidade das vítimas”.

A comissão do Patriarcado diz aguardar “com caráter de urgência a resposta da Comissão Independente”.

Ler mais:Daniel Sampaio: "Padres suspeitos têm de ser afastados preventivamente"

Porto. 12 padres suspeitos

Também a Diocese do Porto anunciou ontem ter recebido uma lista de 12 suspeitos de abusos sexuais de menores, sete dos quais são padres no ativo, prometendo suspendê-los preventivamente se “aparecerem indícios fiáveis” dos crimes.

Em comunicado, a Diocese do Porto adiantou que, além destes setes padres no ativo, quatro já morreram e um já não pertence a esta diocese.

Quanto aos sete padres no ativo, a diocese revelou que foi “imediatamente iniciada uma investigação prévia”, não tendo sido encontrado nos arquivos diocesanos “qualquer indicio” de possíveis crimes de abusos, tal como o Grupo de Investigação Histórica já tinha verificado.

“À Comissão Diocesana para o Cuidado dos Frágeis também não chegou qualquer denúncia relativamente a estes nomes. Não obstante, o processo de investigação continua”, vincou a Diocese do Porto. “Por informação oral do Grupo de Investigação Histórica, ficou-se a saber que as denúncias se reportam às décadas de setenta e oitenta”, referiu em comunicado.

Cinco padres afastados

Há outras dioceses de Portugal que já afastaram preventivamente os padres suspeitos de abusos sexuais constantes nas listas entregues pela comissão independente. No total foram cinco padres afastados pelas dioceses de Angra, nos Açores, a de Évora, a da Guarda, e a de Braga.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.

Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.

Com LUSA

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