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Expo-98 mudou Lisboa há 25 anos

A mostra mundial, subordinada ao tema dos Oceanos, foi visitada por mais de 10 milhões de portugueses e estrangeiros.

Expo-98

Expo-98 © Créditos: Junta de Freguesia do Parque das Nações

Fonte: Contacto com Lusa

Idealizada em 1989 pelo jornalista e escritor António Mega Ferreira e o escritor, tradutor e político Vasco Graça Moura (ambos já falecidos), a Expo-98, a maior exposição cultural e temática jamais realizada em Portugal, comemora esta segunda-feira um quarto de século, deixando na herança a revitalização de uma área degradada que se tornou numa zona habitacional de elite.

A exposição que há 25 anos chamava a atenção para os “Oceanos: Um património para o futuro”, marcou uma reviravolta no desenvolvimento e crescimento da cidade de Lisboa para oriente, teve estatuto mundial, maravilhou os mais de 10 milhões de portugueses e estrangeiros que a visitaram.

Também deixou memórias de burlas que culminaram em processos judiciais, como as vendas imobiliárias da Cooperativa Mar da Palha ou dos “paquetes da Expo”, navios arrendados para potenciar a disponibilidade hoteleira da capital portuguesa.

Eis os marcos dos 25 anos da exposição mundial:

  • A montagem: A exposição foi implementada em cerca de 50 hectares na zona oriental de Lisboa, uma área degradada e poluída situada entre Cabo Ruivo e o rio Trancão. A Expo-98 teve de ser construída do zero, para ter um aproveitamento pós-evento e não serem cometidos os erros de Sevilha, em 1992. Foi preciso despoluir a zona e desmantelar a área industrial junto ao rio Trancão, onde em agosto deste ano se realiza a Jornada Mundial da Juventude.

  • A gare, a ponte e a feijoada do Guiness: Do projeto fizeram também parte grande obras públicas, com uma nova linha de metro, com sete estações, um interface rodo-ferroviário – a Gare do Oriente – e a Ponte Vasco da Gama, celebrizada então para o Guinness com a maior feijoada do mundo.

  • A exposição: A Expo-98 arrancou a 22 de maio de 1998, com 3.900 convidados VIP recebidos pelo Presidente Jorge Sampaio e uma “enchente” de público que rondou mais de 100 mil pessoas naquele fim de semana, divididas entre as mostras dos pavilhões dos países e dos eventos espetaculares, como o apocalíptico desfile dos “olharapos” ou o espetáculo de luz e som à meia-noite, o “aquamatrix”, na baía em frente ao Oceanário, considerado atualmente o melhor do mundo.

  • Os símbolos: Algumas as atrações da Expo-98 permanecem até hoje, como o caso dos vulcões com erupções de água que encharcam os mais desprevenidos. As espécies dos cinco oceanos que habitam o Oceanário, tiveram como vedetas maiores maiores as lontras Amália e Eusébio e a cria de ambos, a Maré. Já a mascote da exposição, o Gil, ainda hoje recebe os visitantes da zona de braços abertos.

  • Uma exposição cara: O preço dos bilhetes para entrar na Expo-98 não era barato. Ainda no tempo do escudo, variava entre os cinco contos/dia (25 euros) e os doze contos e quinhentos (62,5 euros) três dias, sendo a noite dois contos e quinhentos (12,5 euros). O passe de três meses custava cinquenta contos (250 euros). Já o passeio de 1,3 quilómetros no teleférico, junto ao rio, entre a zona sul e norte, custava 500 escudos (2,5 euros). Hoje custa 7,50 euros só ida (e 9,50 ida e volta).

  • A Expo em números: Durante os 131 dias da exposição registaram-se cerca de 5.000 eventos musicais, centenas de exposições, 10.023.759 de visitantes, numa média diária de 76 mil, e na última noite estiveram no recinto 386.308 pessoas. Pela Exposição Mundial de Lisboa passaram 36 chefes de Estado, 35 primeiros-ministros e vice-primeiros-ministros, 22 vice-presidentes da República e príncipes herdeiros, entre eles o príncipe Rainier do Mónaco e o seu filho Alberto e o atual Rei de Inglaterra, Carlos III. Contou com 143 países e 14 organizações internacionais.

A mascote da Expo-98, o Gil, na capa do Diário de Notícias, no dia da abertura do evento.

A mascote da Expo-98, o Gil, na capa do Diário de Notícias, no dia da abertura do evento. © Créditos: Junta de Freguesia do Parque das Nações

  • Quanto custou: Segundo um relatório do Tribunal de Contas de 2000, as múltiplas valências do empreendimento, com base nos registos da Parque Expo e das empresas por si maioritariamente participadas, tiveram um custo global, até final de 1998, de cerca de 421 milhões de contos (cerca de 2,1 mil milhões de euros).

Expo 98

Expo 98 © Créditos: Junta de Freguesia do Parque das Nações

  • O que ficou da Expo-98: Depois da exposição foram mantidos diversos espaços emblemáticos, como a Torre Vasco da Gama, o Pavilhão de Portugal, o Teatro Camões, o pavilhão da Utopia (pavilhão Atlântico e atual Altice Arena), o teleférico, o Oceanário, o Pavilhão do Conhecimento e o Pavilhão do Futuro, convertido no Casino de Lisboa. Na zona foram construídos diversos edifícios de habitação e serviços que servem aquela que se tornou a mais recente freguesia de Lisboa, a do Parque das Nações e que alberga mais de 28 mil habitantes.