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Óbito

Campo Maior decreta cinco dias de luto pela morte do "pai" Rui Nabeiro

O fundador da empresa de cafés Delta morreu este domingo, no Dia do Pai, em Portugal, e era dessa forma que era visto pelas gentes da sua terra.

© Créditos: Nuno VEIGA/LUSA

Fonte: Redação

A Câmara de Campo Maior (Portalegre) decretou cinco dias de luto municipal pela morte do empresário Rui Nabeiro, considerado um “pai” para as gerações mais recentes daquele concelho, disse à agência Lusa o presidente do município.

“Rui Nabeiro é a figura de destaque, é a figura que se pode considerar o pai destas gerações recentes do povo de Campo Maior, é uma referência, uma figura incontornável, é um humanista”, afirmou Luís Rosinha.

O presidente do município destacou ainda o papel de Rui Nabeiro como empresário e autarca, considerando-o uma figura “incontornável” do país.

“É um homem que, muito para além daquilo que era a sua figura de empresário, tinha uma responsabilidade social fortíssima e que nunca se deixou condicionar por ter nascido, ter vivido e fazer a sua vida numa terra do interior do país”, acrescentou.

De acordo com Luís Rosinha, o empresário Rui Nabeiro foi um homem que deixou “uma mensagem de força e de resiliência” no sentido de mostrar que também é possível criar grandes grupos económicos no interior do país.

Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu em Campo Maior, vila do interior do país, no distrito de Portalegre, junto à raia com Espanha, em 28 de março de 1931.

O empresário, presidente e fundador do Grupo Nabeiro – Delta Cafés, morreu este domingo, vítima de doença no Hospital da Luz, em Lisboa, onde se encontrava internado devido a problemas respiratórios, aos 91 anos, a pouco mais de uma semana de celebrar mais um aniversário.

O café, a política e o futebol

Assumidamente de esquerda, entra na vida política e, em 1972, ainda durante a ditadura, é eleito presidente da câmara de Campo Maior, cargo que voltaria a ocupar depois do 25 de Abril, entre 1977 e 1986.

Além do mundo empresarial e da política, o conhecido 'rosto' da Delta Cafés esteve ligado ao futebol, nomeadamente como presidente do Sporting Clube Campomaiorense, tendo sido responsável pelas infraestruturas que levaram o clube das regionais à I Liga de futebol profissional.

Em 1995, o Presidente da República Mário Soares atribuiu-lhe o grau de Comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial – Classe Industrial, pelo reconhecimento de mérito empresarial e contributo ao desenvolvimento da terra e da região.

Além da condecoração de comendador, em 2006 foi novamente distinguido como Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Um líder próximo dos seus trabalhadores

Ao longo da vida, o seu caráter humilde nunca mudou. Nas suas empresas, com milhares de trabalhadores, ou pelas ruas de Campo Maior e na região, era normal ouvir cumprimentá-lo por “Sô Rui”.

Deu emprego a grande parte da população da sua vila natal, assim como em concelhos vizinhos e na região. Era encarado por muitos como um ‘pai’. Morreu este domingo, no Dia do Pai.

Rui Nabeiro era casado com Alice Nabeiro, tendo desta união nascido dois filhos Helena Nabeiro Tenório e João Manuel Nabeiro, que integram o conselho de administração do Grupo Nabeiro - Delta Cafés e quatro netos: Rui Miguel Nabeiro, atual CEO do grupo, Rita Nabeiro e Ivan Nabeiro, que integram o órgão executivo, e Marcos Tenório Bastinhas.

Uma figura de raro consenso

O seu legado e as suas qualidades humanistas enquanto homem e empresário mereceram o reconhecimento de todos os quadrantes da sociedade portuguesa, dos partidos políticos da esquerda à direita até ao primeiro-ministro, António Costa, e ao Presidente da República.

“Num tempo económica e socialmente desafiante, o exemplo de Rui Nabeiro, na sua preocupação social e participação cívica, com a comunidade e com o país, devem ser um exemplo e uma inspiração para todos quantos podem devolver à sociedade um pouco daquilo que esta lhes deu”, reagiu Marcelo Rebelo de Sousa, que visitou o comendador no hospital, na véspera da sua morte.

Além de Campo Maior, outras câmaras municipais do Alentejo decretaram, pelo menos, um dia de luto em sinal de reconhecimento pela projeção e apoio que deu à região.

Rui Nabeiro foi também um filantropo, contribuindo para várias causas sociais e culturais. Foi pioneiro a financiar cátedras e estudos sobre biodiversidade, tendo disponibilizado o apoio para a criação da Cátedra Rui Nabeiro - Biodiversidade na Universidade de Évora, em 2008, a primeira financiada com fundos privados em Portugal.

As cerimónias fúnebres do empresário Rui Nabeiro têm início pelas 09h50 desta segunda-feira, com um cortejo a partir da empresa Novadelta, em Campo Maior, que passará depois pelas instalações da Tecnidelta, sede da Delta e pela torrefação Camelo, terminando na Igreja Matriz de Campo Maior, onde decorrerá o velório a partir das 12h.

O funeral realiza-se na terça-feira, às 12h, com uma missa na mesma igreja, seguindo depois o cortejo para o Cemitério Municipal de Campo Maior.

(Com Lusa)

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