Autárquicas: "Pronto, estou descansada. Já votei e estou muito feliz”
A fusão das juntas de freguesia alterou a mesa de voto de alguns eleitores, mas não desmobilizou aqueles que se sentem “felizes” por votar, mesmo quando estão "sem poder andar" e consideram a campanha pouco esclarecedora.
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Até às 12:00 tinham votado apenas cerca de 19% dos eleitores e Maria Carmo Cardoso fazia parte desse grupo, apesar das mudanças provocadas pela fusão das freguesias que alterou o local de voto de muitos eleitores.
A moradora do bairro lisboeta de Benfica esteve numa fila para votar até descobrir que, este ano, não seria ali que iria preencher os três boletins para eleger o presidente da câmara e as equipas da junta de freguesia e assembleia municipal.
“Antes era na (escola) Pedro Santarém, mas hoje foi na (escola) Quinta de Marrocos. Antes sabia onde era. Hoje, estive na fila sem poder andar”, disse à Lusa Maria Carmo Cardoso, contando que quando chegou a sua vez de votar descobriu que estava no sítio errado.
Foi com a ajuda de “uma senhora muito simpática” que descobriu onde era sua sala de voto. É que em Lisboa, a fusão de freguesias decidida no ano passado reduziu o número de freguesias de 53 para 24.
Apesar da confusão inicial, Maria Cardoso conseguiu chegar à sua sala de voto e exercer o seu direito. “Já fui votar. Pronto, estou descansada. Já votei em quem queria e estou muito feliz”, desabafou.
Para os mais velhos, as fusões de freguesia e mudança de mesa de voto podem ser sinónimos de confusão. Já para a geração que olha para o cartão de eleitor como um objeto obsoleto, nada disto é problema.
Gonçalo Alves, que mora em Almada e sempre votou na Sobreda, meteu hoje o seu boletim de voto numa escola da freguesia da Charneca da Caparica. “Foi a primeira vez mas não tive problemas nenhuns em votar. Encontrei a informação através do site da câmara de Almada e foi facílimo”, explicou à Lusa.
Para Gonçalo, o maior problema destas eleições foi a "pouca informação" durante a campanha: “As pessoas tiveram muito pouco acesso à informação. Quem tem facilidade em aceder às novas tecnologias conseguiu aceder à informação. Agora, quem não tem, como as pessoas com mais idade, teve muito pouca informação. O facto de não haver debates nas televisões e nos outros órgãos de comunicação social, também não beneficiou muito a campanha”.
A maioria dos eleitores hoje entrevistados pela Lusa à porta das escolas considerou que a campanha foi pouca esclarecedora. “A informação da campanha feita pelos meios de comunicação social foi mais escassa. Mas como o meu voto já estava decidido e sabia em quem ia votar, não houve problema, mas quem esteja indeciso será mais complicado ”, resumiu Carla, uma moradora de Benfica, que hoje de manhã foi às urnas e levou os três filhos.
Maria Manuela foi a única eleitora que disse à Lusa que “a campanha até foi boa”, porque “não houve muita confusão nem muitos barulhos”.
Até às 12:00, tinham votado menos eleitores do que nas eleições de 2009 (21,23%) e de 2005 (cerca de 20%).
(Lusa)