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Austeridade pode levar Portugal a tornar-se um dos países mais desiguais do mundo

Portugal arrisca-se a ser um dos países mais desiguais do mundo se a política de austeridade prosseguir, preveniu hoje a organização não-governamental (ONG) Oxfam.

A Oxfam defende que os Estados-membros da UE devem instalar um novo modelo económico e social, assente numa fiscalidade justa, em investimentos públicos, nos serviços e na inovação

A Oxfam defende que os Estados-membros da UE devem instalar um novo modelo económico e social, assente numa fiscalidade justa, em investimentos públicos, nos serviços e na inovação © Créditos: Lusa

A ONG fez este aviso ao divulgar um relatório sobre a luta contra a pobreza, na véspera de uma reunião dos ministros das Finanças da União Europeia (UE).

À escala da Europa, se a política de austeridade for mantida pelos dirigentes políticos, há o risco de 25 milhões de europeus caírem numa situação de pobreza até 2025, quantificou a Oxfam.

No seu documento, a organização entende que o modelo europeu “está directamente colocado em questão por políticas de austeridade mal concebidas”.

A directora do ramo europeu da Oxfam, Natalia Alonso, em declarações à agência noticiosa AFP criticou o recuo dos direitos sociais, “os cortes radicais nos orçamentos da segurança social, da saúde e da educação, a redução dos direitos dos trabalhadores e uma fiscalidade injusta”, ingredientes que há já três anos foram impostas pelas purgas económicas que são supostas recuperar as finanças públicas na Europa.

“Em 2011, na União Europeia, 120 milhões de pessoas viviam na pobreza [definida como correspondendo a menos de 60% do rendimento mediano], número que poderá aumentar de 15 a 25 milhões se a austeridade continuar”, estimou.

Este possível resultado elevaria para o equivalente a mais de um quarto da população a quantidade de pessoas ameaçada pela pobreza, incluindo empregadas.

Por junto, a Oxfam nega qualquer eficácia às medidas de “redução cega da dívida”, que prejudicaram o crescimento e dispararam o desemprego para níveis recorde, cuja pertinência está a motivar um debate inclusive entre os seus promotores.

Intitulado “A Armadilha da Austeridade”, o relatório destaca o agravamento das desigualdades, em benefício dos “10% mais ricos da população europeia”.

Os países sujeitos ao regime de austeridade, com a ONG a particularizar os casos de Portugal e Grécia, em troca de uma assistência financeira da UE e do Fundo Monetário Internacional, mas também a Espanha e o Reino Unido, “situar-se-ão em breve entre os países mais desiguais do mundo”, se prosseguirem as suas políticas, disse Alonso.

Invocando as lições das experiências similares de quebra social vividas pela América latina e Ásia do sudeste nas décadas de 1980 e 1990, a ONG apela “aos Estados membros da UE para que defendam um novo modelo económico e social”, assente numa fiscalidade justa e em investimentos públicos nos serviços e na inovação.

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