Altar para Papa Francisco em Lisboa vai custar 4 milhões de euros
Câmara Municipal de Lisboa justifica valor com importância e dimensão do evento que se realiza este verão. Altar fica para eventos futuros.
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O altar onde o Papa Francisco vai fazer o discurso final da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizadas em Lisboa em agosto, vai custar 4 milhões e 240 mil euros (mais IVA).
De acordo com o contrato publicado no Portal Base, a obra foi adjudicada por ajuste direto pela Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), empresa municipal da Câmara de Lisboa, à Mota-Engil. O contrato foi assinado a 13 de janeiro e a construtora tem apenas 150 dias para executar a obra. O palco tem de estar pronto entre junho e julho.
Gastos previstos no Orçamento de Estado
Apesar de avultada, esta verba está prevista no Orçamento de Estado 2023, que tem conta com uma exceção para a realização da JMJ.
O OE2023 explicita que "para a celebração de contratos que tenham por objeto a locação ou aquisição de bens móveis, a aquisição de serviços ou a realização de empreitadas de obras públicas e que se destinem à organização, programação, conceção e implementação da Jornada Mundial da Juventude 2023, incluindo as intervenções necessárias nos locais dos eventos e a eventual relocalização de instalações existentes, as entidades adjudicantes podem adotar procedimentos de ajuste direto quando o valor do contrato for inferior aos limiares referidos nos n.os 3 ou 4 do artigo 474.º do CCP, consoante o caso", que no caso, é 5,35 milhões de euros.
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"Nunca tivemos algo desta dimensão"
O Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, foi questionado sobre este valor e avançou que o palco é investimento a longo prazo. "Queremos que esse palco, essa infraestrutura, fique para o futuro e que muitas dessas infraestruturas fiquem para o futuro. Eu sabia que isto ia ser muito caro, que era um investimento muito grande para a cidade".
Moedas defende que a grandiosidade do evento justifica os gastos. "Não podemos como cidade, como país, não acolher o papa, respeitando aquilo que é a regra de um evento que nunca se fez em Portugal. Qualquer comparação de preço, qualquer comparação de custos não se consegue fazer, porque nós nunca tivemos algo desta dimensão", afirmou.
Em conferência de imprensa nesta quarta-feira, também o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, defendeu o investimento apropriado para a dimensão da JMJ. A estrutura com 5.000 metros quadrados foi desenhada para acolher "cerca de 2.000 mil pessoas", entre bispos, concelebrantes, coro, orquestra, convidados e equipa técnica. Além disso, terá cerca de nove metros de altura para que possa ser visto pelo "máximo número de pessoas" O vice-presidente vai mais longe e classifica o espaço como "o coração do acolhimento de um evento que vai acolher cerca de um 1,5 milhões de pessoas ao mesmo tempo".
Correia confirmou ainda que a obra vai estar em condições de ser utilizada em eventos futuros. A autarquia já recebeu"manifestação de vontade de promotores de eventos a dizer 'nós gostávamos de fazer aí eventos', inclusive grandes eventos internacionais", acrescentou.
A Jornada Mundial da Juventude é o maior encontro de católicos em todo o mundo e acontece a cada dois ou três anos.