Uma enorme galambada
Este sindicato de opinião não explana argumentos em favor do ministro das Infraestruturas.
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, durante a sua audição na comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, na Assembleia da República, em Lisboa, 18 de maio de 2023. © Créditos: Miguel A. Lopes/Lusa
Na minha rebatível opinião, João Galamba espalhou-se na audição, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito. Mas chega-se às redes sociais e encontra-se uma frente de opinadores que, sem argumentos, nos querem convencer que Galamba deu um baile aos deputados.
Este sindicato de opinião não explana argumentos em favor do ministro das Infraestruturas. Prefere explorar superficialmente os imensos defeitos dos deputados interpelantes, para com isso conseguir a sobrevivência de Galamba.
Pela minha parte, confesso que fiquei pouco ou nada esclarecido sobre as questões nucleares. Desde logo, porque se torna difícil acreditar nas muito gaguejadas respostas de Galamba. Quem é que solicitou a participação dos Serviços Secretos na infindável rábula do computador, quem prometeu dois murros a quem, que relevância tinham as notas das reuniões preparatórias com a CEO da TAP, que informação classificada existiria, no famigerado computador? Deixo apenas estas dúvidas, para não ser tão maçador, quanto a Comissão de Inquérito.
Nem sempre estas questões foram devidamente formuladas, é certo. Mas também nunca foram devidamente esclarecidas, por um ministro cheio de medo, titubeante, redondo, frívolo, superficial, evasivo, sem consistência nas respostas que penosamente foi dando. Nem aproveitou a oportunidade que lhe foi dada pelo comunista Bruno Dias, o único que se mostrou interessado na gestão e no futuro da TAP.
A oposição parlamentar conseguiu os seus objectivos: exibir, perante o país, um ministro sem qualquer capacidade para o ser
A oposição parlamentar conseguiu os seus objectivos: exibir, perante o país, um ministro sem qualquer capacidade para o ser, inepto, sem qualidade intelectual, sem raciocínio, sem experiência de vida, sem experiência política para dirigir um ministério que gere 60 por cento do Orçamento de Estado. E sobre isto não ficaram grandes dúvidas.
Os deputados do PS, a quem competia ajudar o ministro, fizeram de pára choques, na tentativa de reduzirem os efeitos devastadores da audição. Fizeram perguntas naturalmente encomendadas, que Galamba não soube aproveitar.
A mediocridade arrasta mais mediocridade. Por isso, Galamba levou com ele para o gabinete ministerial gente de baixa expectativa que antecipou o arraial de S. António, com mulheres encarceradas em instalações sanitárias, estultos a lançarem bicicletas contra portas de vidro, serviços secretos, Polícia Judiciária e PSP retirados do seu descanso, para colocarem ordem na casa. Coisa que o ministro foi incapaz de fazer.
Tudo isto vai acabar, com um relatório elaborado por um deputado e que será sujeito à aprovação dos restantes parlamentares que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito. A polémica voltará a subir de tom, nessa altura.
(Autor escreve de acordo com o antigo acordo ortográfico.)