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OpiniãoIgualdade de género

Saiba que mulheres têm um lugar especial no inferno

A frase é atribuída à poderosa Madeleine Albright: "Existe um lugar especial no inferno para as mulheres que não ajudam outras mulheres".

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Desde que ocupa um lugar de liderança começou a olhar com desconfiança para as outras mulheres. Todas as atitudes que tem, no dia a dia, excluem as suas colegas. Age como se fossem transparentes. Sempre a ignorar e a excluir as suas iguais. Nas reuniões critica fortemente as propostas e argumentos apresentados por elas, enquanto acolhe com toda a recetividade as ideias vindas deles.

Comporta-se, cada vez mais, como os dirigentes homens, adotando comportamentos misóginos. Quando alguma trabalhadora lhe pede para sair mais cedo, por razões familiares, acede contrariada enquanto resmunga por dentro. Há quem conte uma história na empresa que, quando alguém lhe contou que estava grávida, reagiu de uma forma fria já a pensar no incómodo que seria arranjar alguém que a substituísse. Um dia numa discussão sobre quem contratar defendeu os candidatos masculinos argumentando que elas estão sempre de baixa por causa dos filhos.

Outra história diz que, uma vez, quando confrontada com um currículo de uma executiva em que saltavam à vista as vantagens que havia em recrutá-la, recusou a candidatura dizendo que queria uma pessoa igual, mas em homem.

Histórias como estas sucedem-se nas empresas. Chamam-lhe a síndrome do puxar a escada. Uma imagem que pretende definir aquelas mulheres que, quando chegam ao topo das organizações, puxam a escada para que mais nenhuma outra mulher possa ascender a tal posição.

Ao longo da história há muitos exemplos. Margaret Thatcher é um deles. Liderava sempre governos em que todos os lugares de ministros eram ocupados por homens. Ou melhor, em 11 anos de poder, teve apenas três mulheres no seu executivo. Com a dama de ferro, as mulheres eram mantidas à distância ou em lugares de subordinadas.

Claro que nada é assim tão simples. Na sua obra sobre "A dominação masculina", Pierre Bourdieu defende que a violência de género se expressa e se reproduz culturalmente através de comportamentos irrefletidos, aprendidos histórica e socialmente. Bourdieu considera que a dominação masculina é aprendida pelo homem e absorvida pela mulher inconscientemente. Ou seja, na explicação deste autor, tudo se passa ao nível do inconsciente, que passa a ser incorporado e reproduzido sob a forma de não dito. É tempo de começarmos a abrir os olhos e a denunciar tais mulheres misóginas e prepotentes que nada fazem para contribuir para a igualdade de género.

Até porque como dizia a poderosa Madeleine Albright: "Existe um lugar especial no inferno para as mulheres que não ajudam outras mulheres".