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Ambiente

Parlamento Europeu aprova fim dos carros a diesel e gasolina a partir de 2035

Apesar da oposição feroz da direita, o Parlamento Europeu aprovou esta quarta-feira, a proposta de Bruxelas para reduzir as emissões dos automóveis novos para zero a partir de 2035, permitindo apenas a venda de veículos elétricos.

© Créditos: Marijan Murat/dpa

Fonte: AFP

Os eurodeputados, reunidos em sessão plenária em Estrasburgo, validaram o texto sobre a regulamentação das emissões de CO2 dos automóveis e camionetas, que faz parte do ambicioso plano climático da União Europeia (UE), com 339 votos a favor (houve 249 votos contra e 24 abstenções).

Esta votação renhida determinou a posição dos eurodeputados antes das suas negociações com os Estados-membros para finalizar um compromisso. Os automóveis são responsáveis por pelo menos 12% das emissões de CO2 na UE.

O texto adotado inclui os objetivos intermédios propostos por Bruxelas: uma redução de 15% nas emissões de automóveis até 2025 e de 55% até 2030.

"Emissões zero" foram objeto de aceso debate

Embora o Parlamento não tenha conseguido chegar a acordo na quarta-feira sobre uma reforma do mercado do carbono, aprovou vários outros textos do pacote climático, incluindo o aumento de objetivos vinculativos para a captura de CO2 por "sumidouros de carbono" naturais (florestas, uso do solo, etc.).

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A meta das "emissões zero" automóveis foi objeto de uma amarga batalha, com uma emenda do PPE (a direita pró-europeia e a maior força no Parlamento) propondo, em vez disso, visar uma redução de 90% das emissões de automóveis até 2035.

Isto teria permitido a continuação da venda de carros híbridos e, de acordo com o PPE, teria impulsionado as tecnologias alternativas. A emenda acabou por ser rejeitada por uma margem estreita. Os Verdes, que queriam antecipar a proibição dos motores de combustão interna para 2030, também não estavam convencidos.

A direita, que também exigia que o carbono emitido na produção de um automóvel fosse tido em conta, não aprovou uma alteração que promovia a utilização de "combustíveis sintéticos" e outros biocombustíveis considerados menos carboníferos do que os combustíveis fósseis.

Indústria tem 13 anos para fazer transição

"Estamos a estabelecer um rumo claro para a indústria ao apoiar o fim dos motores de combustão em 2035, uma vitória importante e consistente com o objetivo de neutralidade de carbono para 2050", disse Pascal Canfin, do liberal Renew.

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Com treze anos para mudar a indústria europeia com maior oferta de emprego, avançar para a era elétrica é "uma forma de proteger tanto o clima como o emprego no setor ao longo do tempo", sublinhou Michael Bloss (Verdes).

A ONG Transport&Environment vê a eliminação gradual dos motores de combustão como "uma oportunidade histórica para acabar com a nossa dependência do petróleo". E o aumento da produção de veículos elétricos ajudará a fazer baixar os preços, de acordo com um dos seus responsáveis, Alex Keynes.

A direita, que votou contra a totalidade do texto, ficou alarmada com as consequências industriais da decisão. Impor "emissões zero" significaria condenar toda uma área de atividade industrial e penalizaria fortemente os consumidores", disse Agnès Evren (PPE).

Federação alemã critica "decisão contra o mercado"

A eurodeputada criticou o texto que "impedirá a comercialização de veículos híbridos eficientes ou de veículos que utilizem biocombustíveis", cuja produção poderia revelar-se mais barata do que a dos veículos elétricos.

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"É uma decisão contra o mercado, contra a inovação e a tecnologia moderna, sem falar que não há infraestruturas de recarga suficientes em grande parte da Europa" para os automóveis elétricos, afirmou Hildegard Müller, presidente da federação de fabricantes alemães VDA.

Além disso, o texto prevê que os veículos de luxo (entre 1.000 e 10.000 veículos de passageiros registados por ano) beneficiem de uma derrogação que lhes permita estarem equipados com um motor de combustão até 2036.