Suíça admite cortar eletricidade por várias horas durante o inverno

A Suíça poderá vir a recorrer a apagões localizados por períodos de quatro horas no inverno, avançou esta quarta-feira a agência Reuters, citando um alto funcionário do sector dos serviços públicos.

O país está a preparar-se para uma possível escassez energética devido à guerra na Ucrânia, a possíveis interrupções no fornecimento de gás e à situação nas centrais nucleares em França, refere a agência.

De acordo com a Reuters, o diretor da associação de empresas de eletricidade suíças VSE, Michael Frank, afirmou que poderão ser planeadas gradualmente medidas cada vez mais rigorosas para conservar energia, se necessário.

Poupança de energia por fases

Caso avance, este plano será, contudo, implementado por fases. Primeiro o governo deverá solicitar medidas voluntárias de conservação por parte da população, através de campanhas de sensibilização ao público, previstas para o próximo mês. A fase seguinte poderá passar por refrear utilizações não essenciais como a iluminação de montras de lojas, utilizando aquecedores móveis ou apenas a iluminação à noite.

Posteriormente, se for necessário e num cenário extremo, poderão ser implementadas medidas mais regidas. Uma delas é dirigida às empresas e abrange 30.000 instalações, que ficarão obrigadas a poupar até 30% do consumo de energia.

Segundo Michael Frank, estas três primeiras fases poderão reduzir a procura de energia elétrica em 25-30%.

Apagões serão último recurso

Como último recurso, o país admite fazer cortes de energia na rede elétrica por alguns períodos, de forma alternada em termos geográficos, para que os apagões não sejam simultâneos em todo o território.

"Tem de se imaginar isto como um puzzle. Segmentos individuais seriam desligados durante quatro horas, depois voltariam a ser ligados enquanto outros seriam desligados. Algumas zonas da rede - as peças do puzzle - não teriam energia durante quatro horas, depois teriam novamente energia durante quatro ou oito horas, dependendo da situação", explicou.

A Suíça planeou esta abordagem de racionamento porque quer evitar passar diretamente para o encerramento total da rede, tal como poderá acontecer em França disse ainda o diretor da associação de empresas de eletricidade suíças VSE.

Cerca de 47% do gás da Suíça provém da Rússia, através de França e da Alemanha. Estas medidas foram anunciadas nas vésperas de se saber se o gás russo continuaria a fluir para a Europa Ocidental, especialmente na sequência de interrupção para trabalhos de manutenção do gasoduto Nord Stream 1.

O gasoduto Nord Stream, que abastece a Alemanha e a Europa de gás russo, foi esta quinta-feira reiniciado após dez dias de manutenção.