Separatistas acusam forças ucranianas de serem responsáveis pela morte de 20 pessoas em Donetsk
O chefe da autoproclamada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, citado pela agência oficial russa TASS, afirmou que o míssil “transportava uma carga de fragmentação” que "teria causado muito mais baixas” caso não tivesse sido abatido.
Imagem de arquivo © Créditos: AFP
Os separatistas pró-russos responsabilizaram hoje as forças ucranianas pela morte de 23 pessoas na cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia, que dizem ter sido atingidas por fragmentos de um míssil intercetado pela sua defesa aérea.
A defesa territorial de Donetesk publicou fotografias na aplicação de mensagens Telegram em que se veem corpos ensanguentados numa rua do centro da cidade industrial, segundo relato da agência noticiosa francesa AFP.
Os separatistas disseram que as suas defesas aéreas intercetaram um míssil ucraniano, cujos destroços atingiram as vítimas, incluindo crianças.
“As pessoas estavam na fila de uma máquina ATM, havia pessoas numa paragem de transportes públicos (...) Há crianças entre os mortos”, disse o chefe da autoproclamada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, citado pela agência oficial russa TASS, de acordo com a Agência Lusa.
Pushilin afirmou ainda que o míssil “transportava uma carga de fragmentação” e que “se não tivesse sido abatido, teria causado muito mais baixas”.
Segundo o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, o exército ucraniano disparou um míssil "Totchka-U" contra uma área residencial em Donetsk. "O uso deste tipo de arma contra uma cidade onde não há posição de fogo das forças armadas (...) é um crime de guerra", disse Konashenkov numa declaração, citada pela AFP.
Os militares ucranianos negaram o disparo de um míssil contra Donetsk. "É definitivamente um míssil russo ou outro tipo de munições", disse o porta-voz do exército ucraniano Leonid Matiukin num briefing de imprensa.
De acordo com o Kremlin, numa conversa telefónica com o primeiro-ministro israelita Naftali Bennett, o presidente russo, Vladimir Putin, denunciou este ataque em Donestk como um "novo ato bárbaro do exército ucraniano", acusando também as forças ucranianas de utilizarem "munições de fragmentação", proibidas por tratados internacionais devido ao seu impacto destrutivo numa grande área indiscriminadamente, com o consequente risco de baixas civis significativas.
A Rússia também já foi acusada de usar esse tipo de armas. No final da semana passada, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos recebeu “informação credível” de que a Rússia utilizou várias vezes na Ucrânia esse tipo de armamento, proibido pelo seu impacto indiscriminado sobre civis.
As informações sobre baixas militares e civis indicadas por cada uma das partes carecem de verificação independente.
A ONU contabilizou cerca de 600 civis mortos e mais de mil feridos, mas ressalvou que o número real será superior.
Mais de 2,5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde a invasão, naquela que já é considerada a pior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).
A guerra no Donbass, zona onde se inclui Donetsk, começou em 2014, entre separatistas, com apoio russo, e as forças ucranianas, e segundo a ONU, tinha causado mais de 14.000 mortos até 24 de fevereiro, data em que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia.
(Com agências)