São Paulo: Mais de 230 presos em protesto contra aumento nos preços do transporte
A polícia prendeu pelo menos 235 pessoas na cidade de São Paulo, durante o quarto dia de protestos contra o aumento da tarifa do transporte público. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, houve pelo menos 55 feridos, segundo a AFP.
Foto: AFP
Segundo a polícia, do total de detidos, 231 foram ouvidos e libertados durante a madrugada de hoje. Os quatro restantes continuam presos, sem direito a pagamento de fiança, sob a acusação de formação de quadrilha (associação criminosa).
O autarca da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou na noite de quinta-feira que a manifestação foi marcada pela "violência policial".
Haddad disse que hoje irá avaliar as medidas que tomará para tentar conter a escalada de violência nos protestos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, colocou-se "à disposição" das autoridades de São Paulo para cooperar "no que for necessário" para conter a violência nos protestos.
Este foi o quarto protesto, nesta semana, contra as tarifas dos autocarros. Entre os detidos estava o repórter da revista “Carta Capital” Piero Locatelli.
Cerca de 20 pessoas já haviam sido detidas na terça-feira em São Paulo e outras 30 foram presas no Rio de Janeiro na segunda-feira à noite.
Os confrontos de quinta-feira começaram quando a polícia militar (PM) tentou impedir os cerca de 5.000 manifestantes de prosseguir o protesto pela rua da Consolação, no sentido da avenida Paulista, a principal avenida da cidade de São Paulo.
A polícia disparou bombas de gás lacrimogéneo e tiros de borracha contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objectos.
Entre os cerca de cem feridos nos confrontos, de acordo com o Movimento Passe Livre (MPL), organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público, estão sete jornalistas da Folha de São Paulo, que foram atingidos por balas de borracha e spray de pimenta.
Os sete estavam identificados como profissionais de imprensa. Uma jornalista, atingida nos olhos por uma bala de borracha, está hospitalizada.
Em nota, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse que lamenta os episódios e determinou a "abertura imediata de investigações, pela Corregedoria da PM, para investigar rigorosamente os factos”.
Na quarta-feira, o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do Movimento Passe Livre e comprometeu-se a marcar uma reunião com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e com Haddad para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de 3,20 reais (1,12 euros). Antes do aumento, a tarifa de autocarro, metro e comboio custava 3,00 reais (1,05 euros). Na quinta-feira, o governador Alckmin descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas. O gabinete de Fernando Haddad ainda não se manifestou sobre se aceitaria a proposta do Ministério Público. Tanto o governador como o autarca da cidade de São Paulo afirmaram que não pretendem reduzir o valor da tarifa.
Em outras cidades brasileiras também aconteceram protestos na quinta-feira contra o aumento da tarifa dos transportes públicos. A Brigada Militar do estado do Rio Grande do Sul prendeu pelo menos 18 manifestantes durante um protesto contra o aumento das passagens dos autocarros em Porto Alegre.
No Rio de Janeiro, cerca de duas mil pessoas, segundo os organizadores, marcharam pelas ruas da cidade e concentraram-se na praça da Candelária, protestando contra o aumento das tarifas.
Houve actos de vandalismo e bombas de fabrico caseiro foram atiradas contra a polícia, que respondeu com tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogéneo. Pelo menos 18 pessoas foram detidas, de acordo com a página de notícias da Internet G1.