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Guerra na Ucrânia

Putin condecora brigada acusada de crimes de guerra em Bucha

O presidente russo exaltou o "heroísmo" dos soldados russos. A Ucrânia acusou especificamente esta 64ª Brigada de ter cometido um massacre contra civis em Bucha.

 Bucha

Bucha © Créditos: AFP

Fonte: AFP

Vladimir Putin concedeu esta segunda-feira um título honorário à 64ª brigada de infantaria motorizada, acusada pela Ucrânia de ter participado nos supostos crimes de guerra cometidos em Bucha, perto de Kiev.

De acordo com o Kremlin, Putin assinou um decreto que concede o "título honorário de 'Guarda'" a essa brigada, devido ao "heroísmo e tenacidade, determinação e coragem" das suas tropas.

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"As ações habilidosas e decisivas de todo o pessoal na operação militar na Ucrânia são um exemplo de execução do dever militar, coragem, determinação e grande profissionalismo", escreveu Putin aos militares. O Kremlin não especificou onde estavam os soldados mobilizados ou qual era a sua missão.

A Ucrânia acusou o exército russo, e especificamente esta 64ª Brigada, de ter cometido um massacre contra civis em Bucha, que foi descoberto após a retirada dos soldados russos a 30 de março. A Rússia nega e acusa tanto a Ucrânia como a comunicação social ocidental de ter encenado todo o cenário, com o objetivo de culpar Moscovo.

Resistência "sem precedentes" a pressão do ocidente

Também nesta segunda-feira, Putin afirmou que a política de sanções do ocidente devido à invasão da Ucrânia fracassou, já que a economia russa "está a estabilizar", enquanto o nível de vida dos europeus está "a descer".

O objetivo do ocidente era "minar rapidamente a situação financeira e económica do nosso país, causar pânico nos mercados e o colapso do sistema bancário, além de uma enorme escassez de produtos nas lojas", afirmou Vladimir Putin, durante uma reunião com membros do Governo sobre a situação económica do país.

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Putin assegurou, no entanto, que "já se pode dizer, com confiança, que essa política relativa à Rússia falhou, que a estratégia de guerra-relâmpago económica falhou".

Segundo garantiu, as sanções tiveram impacto nos próprios países que as promoveram, em termos de "aumento da inflação e de desemprego, de deterioração da dinâmica económica nos Estados Unidos e nos países europeus, de descida do nível de vida dos europeus e de desvalorização das suas economias".

"A Rússia resistiu a essa pressão sem precedentes. A situação está a estabilizar, a taxa de câmbio do rublo voltou aos níveis da primeira quinzena de fevereiro e é sustentada por uma balança de pagamentos objetivamente forte", disse Putin.

No primeiro trimestre, adiantou, o excedente da conta corrente do balanço de pagamentos ultrapassou os 58 mil milhões de dólares (53,7 mil milhões de euros), o que constitui "um recorde histórico".

Desde que a Rússia lançou a campanha militar na Ucrânia, o rublo caiu quase 30% em relação ao dólar e ao euro, uma queda que já não acontecia desde pelo menos 1993 e 1994.

Na opinião de Putin, a inflação "está agora a estabilizar", apesar de os preços ao consumidor terem aumentado 9,4% em apenas um mês e meio (até 08 de abril), para 17,5%, relativamente ao período homólogo do ano passado.

Da mesma forma, "as divisas estão a voltar ao sistema bancário do país e o volume de depósitos dos cidadãos está a crescer", tendo melhorado 1,6% nos primeiros 10 dias de abril, segundo disse hoje a governadora do Banco Central russo, Elvira Nabiullina.

Bons indicadores sobre a utilização da eletricidade produzida, diz Putin

Putin adiantou ainda que o número de desempregados continua relativamente baixo, sublinhando o facto de, segundo garantiu, haver bons indicadores sobre a utilização da eletricidade produzida.

De acordo com dados de 30 de março, divulgados pela agência federal de estatísticas Rosstat, o desemprego na Rússia caiu de 4,4% em janeiro para 4,1% em fevereiro, relativamente aos mesmos meses do ano passado, o que representa o valor mais baixo desde 1991, embora ainda não haja dados do mês passado (março), quando muitas empresas internacionais suspenderam as suas atividades no país ou deixaram o mercado russo no cumprimento das sanções económicas impostas pelos países ocidentais.

De acordo com declarações avançadas hoje pelo presidente da câmara de Moscovo, Sergei Sobyanin, cerca de 200.000 pessoas (só na capital) podem perder os seus empregos devido ao fecho de empresas estrangeiras.

No final de março, Sobyanin disse que cerca de 300 empresas internacionais já fecharam atividade na capital russa desde o início da operação militar na Ucrânia, a 24 de fevereiro.

Quanto ao consumo, o Presidente considerou que, "depois de um breve 'boom' de vários produtos, que acontece sempre nestas situações, a procura nas lojas voltou ao normal".

Putin pediu ainda ao Governo que acelere a transição dos contratos de comércio internacional para rublos e para as moedas dos países considerados "parceiros confiáveis".

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