Professor pediu a alunos para escreverem os seus obituários
O caso aconteceu numa escola secundária perto de Orlando, Flórida, nos Estados Unidos.
© Créditos: Guy Jallay
Um professor de psicologia americano perdeu o emprego recentemente depois de ter dado aos seus alunos do ensino secundário um tema peculiar para redigir um ensaio: "Hoje foi o último dia da vossa vida, escrevam o vosso obituário."
Jeffrey Keene, de 63 anos, explicou no Facebook que queria associar a sua aula a um exercício coletivo para preparar os alunos para o risco de intrusão de um indivíduo armado na sua escola secundária, perto de Orlando, Flórida, nos EUA.
O professor pediu aos alunos que escrevessem as suas "impressões" sobre a simulação e que pensassem nas causas dos sucessivos tiroteios no país, nas suas possíveis soluções e, portanto, que imaginassem a sua biografia póstuma.
Uma pequena nota dizia: "por favor, estejam cientes (...) que isto não pretende ser perturbador de forma alguma".
Na terça-feira passada, o docente acabou por ser despedido. Numa declaração reproduzida pelos meios de comunicação social americanos, as autoridades escolares acusaram-no de ter dado um "trabalho impróprio" aos seus alunos.
Jeffrey Keene defendeu-se nas estações de televisão locais. "Não foi para os assustar ou para fazer pensar que iam morrer, mas para os ajudar a compreender o quão as suas vidas são importantes", declarou na NBC.
Armas são principal causa de morte de menores
O despedimento do docente "atordoou-o", acrescentou o próprio na Fox 5: "Estava a falar aos estudantes sobre o mundo em que vivem, sobre armas, sobre atiradores...".
As armas de fogo tornaram-se na principal causa de morte de menores nos EUA em 2020, com 4.368 mortes, à frente de acidentes rodoviários e overdoses, de acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).
Os massacres nas escolas são responsáveis por apenas uma pequena parte destes homicídios, mas são mais conhecidos.
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Os Estados Unidos foram particularmente abalados pela carnificina em 2012 numa escola em Sandy Hook, Connecticut (20 crianças mortas), e em maio de 2022 em Uvalde, no Texas (19 crianças e dois professores).
No entanto, a maioria dos americanos continua a defender o direito de porte de armas e rejeita quaisquer reformas, mesmo que mínimas.
Dois funcionários do estado americano do Tennessee foram recentemente expulsos da legislatura por se terem juntado a manifestantes que vieram à câmara exigir melhores regulamentos sobre armas após um tiroteio numa escola primária de Nashville.