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Guerra na Ucrânia

Presidente chinês critica mandado de prisão para Putin. Xi Jinping está hoje na Rússia

Na quinta-feira, uma investigação do jornal Politico, revelou que empresas chinesas estão a fornecer armas e outro material militar a organizações russas.

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Fonte: Lusa

A China pediu hoje ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que evite “dois pesos e duas medidas”, depois de este ter emitido um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, por crimes de guerra.

“O TPI deve adotar uma postura objetiva e imparcial, respeitar a imunidade jurídica dos chefes de Estado (...) e evitar a politização e a duplicidade de critérios”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, poucas horas antes do início da visita de Estado do presidente da China, Xi Jinping, à Rússia.

Ler mais:Putin em Mariupol na primeira visita ao Donbass

O Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, acusou Putin de ser pessoalmente responsável pelo rapto de milhares de crianças da Ucrânia. Os governos que reconhecem a jurisdição do tribunal vão ser assim obrigados a deter Putin se ele visitar o seu país. Putin ainda não comentou o anúncio, mas o Kremlin rejeitou a medida e considerou-a “escandalosa e inaceitável”.

Questionado se o mandado de prisão contra Putin ou a sua viagem - relâmpago à cidade de Mariupol vai afetar a visita do presidente chinês, Xi Jinping, a Moscovo, que arranca hoje, o porta-voz limitou-se a responder que Pequim “sempre defendeu o diálogo e a negociação para resolver a crise ucraniana”. “A comunidade internacional deve desempenhar um papel construtivo para alcançar um acordo pacífico e fazer mais para promover a paz e as negociações”, acrescentou.

Segundo Wang, as relações entre Pequim e Moscovo “promovem a democratização das relações internacionais e visam a construção de um mundo multipolar”.

O presidente chinês, Xi Jinping, inicia hoje uma visita oficial de três dias à Rússia, com um almoço informal com o seu anfitrião, Vladimir Putin.

Segundo o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, depois do encontro “cara a cara” de hoje, entre dois líderes que têm vindo a estreitar relações e a partilhar críticas aos países ocidentais, na terça-feira será o “dia das negociações” e em que Putin e Xi vão dar uma conferência de imprensa conjunta.

Os dois líderes reuniram-se pela última vez em setembro passado, à margem da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), no Uzbequistão. Xi expressou então a Putin “questões e preocupações” sobre a guerra na Ucrânia, de acordo com o presidente russo.

Uma “amizade sem limites”

A China afirmou ser neutra no conflito, mas um mês antes da invasão, Xi e Putin proclamaram uma “amizade sem limites”, na abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim.

Pequim recusou-se a criticar a invasão da Ucrânia, mas condenou a imposição de sanções a Moscovo e acusou o Ocidente de provocar o conflito e “alimentar as chamas”, ao fornecer à Ucrânia armas para sua defesa.

O país asiático considera a parceria com Moscovo fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos.

As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se também rapidamente, nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do mar do Sul da China.

Numa proposta para a paz com 12 pontos, divulgada no mês passado, Pequim destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, e apelou ao fim da “mentalidade da Guerra Fria”, numa crítica implícita ao alargamento da NATO.

Há 10 anos, mais precisamente no dia 21 de março de 2013, o Presidente chinês, que acabara de ser eleito para o seu primeiro mandato, escolheu a Rússia para a sua primeira visita oficial.

Agora, no início de um inédito terceiro mandato, aterrará em Moscovo para se encontrar com Putin, pouco tempo depois de se marcar o primeiro ano da invasão russa da Ucrânia.

Os Estados Unidos estão preocupados com a possibilidade de Xi reiterar a proposta chinesa de um cessar-fogo, durante o seu encontro com Putin, uma hipótese que Washington considera que apenas serviria para a Rússia consolidar os avanços que tem feito no campo de batalha.

John Kirby, um dos porta-vozes da Casa Branca, disse na sexta-feira que guerra deve terminar "de forma justa", respeitando a soberania territorial da Ucrânia e sugeriu que Xi deve também falar com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, telefonicamente, para procurar obter a perspetiva deste sobre o conflito e não apenas a de Putin.

Ler mais:Emitido mandado de prisão para Putin

"Plano de paz" chinês não define a Rússia como invasor

O "plano de paz" chinês não prevê qualquer retirada de forças russas de território ucraniano, nem define a Rússia como invasor.

Há um mês, os Estados Unidos acusaram a China de estar a preparar-se para enviar armas para a Rússia.

Na quinta-feira, uma investigação jornalística feita pelo jornal norte-americano Politico, baseada em documentos comerciais e alfandegários, revelou que empresas chinesas estão a fornecer armas e outro material militar a organizações russas.

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