Polícias de Nancy condenados por assédio a colegas voltam a tribunal
Começou esta segunda-feira, em Metz, o julgamento de recurso de sete agentes condenados em primeira instância, por práticas de racismo e sexismo contra colegas.
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Sete agentes da brigada anti-crime de Nancy, que foram condenados em primeira instância a penas de prisão suspensas por assédio a colegas, foram presentes novamente a tribunal, em Metz, esta segunda-feira, no âmbito do julgamento de recurso, que deverá durar até sexta-feira.
Segundo a AFP, no julgamento de primeira instância três dos dez arguidos foram absolvidos. Os polícias considerados culpados foram condenados a penas suspensas de seis a 18 meses de prisão e à proibição de continuarem a exercer as suas funções de agentes da autoridade. O elemento que foi considerado o líder do grupo ficou mesmo proibido de trabalhar como polícia de forma permanente.
A investigação a agentes desta brigada anti-crime de Nancy foi conduzida em 2018, pela Inspeção Geral da Polícia Nacional (IGPN), que remeteu para tribunal as queixas por assédio moral no trabalho e insultos racistas proferidos pelos agentes contra quatro dos seus colegas: uma mulher e três homens.
Lógica de "matilha"
O relatório da IGPN revelou um "sistema organizado de assédio" e "racismo sem tréguas" que prevaleceu durante muitos anos no departamento, onde um pequeno grupo de polícias operou de acordo com uma "lógica de matilha" dentro da esquadra de polícia.
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Em tribunal, o Ministério Público referiu-se ao "assédio coletivo" exercido pelos arguidos como "uma máquina de exclusão, que esmagou uma mulher e três homens".
De acordo com o processo, o objetivo daqueles elementos era exercer pressão psicológica permanente sobre colegas que consideravam indesejáveis para os forçar a abandonar a brigada.
Muitas das mensagens trocadas em conversas de Messenger refletiam a "raiva" que sentiam, segundo afirmou um dos próprios arguidos. Os outros defenderam-se negando qualquer intenção de prejudicar colegas.
No que respeita aos agentes alvo do assédio, um deles disse sentir-se "estigmatizado" devido à sua origem norte-africana. A única vítima feminina e quarta queixosa falou da existência de uma espécie de "omertà" - um código de honra usado pela máfia italiana que se fundamente num voto de silêncio e de proteção da família, impedindo qualquer cooperação com as autoridades - naquele departamento da polícia de Nancy.
"É uma pena que ninguém, nem mesmo a hierarquia, tenha levantado a voz" contra isso, lamentou a agente.
(Com AFP)