Pelo menos 33 mortos em explosão em mesquita no Paquistão
A explosão, que se presume ter sido um atentado, ocorreu numa mesquita associada à sede da esquadra da polícia de Peshawar, a 50 quilómetros da fronteira com o Afeganistão.
Explosão em mesquita de Peshawar, Paquistão. © Créditos: AFP
Pelo menos 33 pessoas foram mortas e cerca de 150 ficaram feridas, na sua maioria agentes da polícia, na sequência do rebentamento de um engenho explosivo, esta segunda-feira, numa mesquita dentro da sede da polícia em Peshawar, no noroeste do Paquistão.
A explosão ocorreu no momento da oração, num local altamente sensível da cidade, que fica a cerca de 50 quilómetros da fronteira com o Afeganistão, o que levou o governo a colocar o país inteiro em alerta máximo.
Foi lançada de imediato uma operação de salvamento para remover as pessoas presas nos escombros, com o telhado e uma das paredes do edifício a desmoronarem devido à explosão.
"Muitos polícias estão estão presos debaixo dos escombros", disse o chefe da polícia de Peshawar, Muhammad Ijaz Khan, à AFP, acrescentando que, por norma, a mesquita alberga entre 300 a 400 pessoas no momento da oração.
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Os representantes do Hospital de Lady Reading, em Peshawar, afirmaram à AFP ter recebido os corpos de 33 pessoas mortas na explosão. Ghulam Ali, o governador da província de Khyber Pakhtunkhwa, da qual Peshawar é a capital, acrescentou que cerca de 150 pessoas ficaram feridas, a maioria das quais agentes da polícia.
Um repórter da AFP viu pessoas feridas e ensanguentadas a sair do edifício e os corpos das vítimas mortais a serem levados pelas ambulâncias.
A sede da polícia em Peshawar é uma das áreas mais fortemente vigiadas da cidade. Acolhe também os escritórios de várias agências de inteligência. De acordo com a polícia, a explosão ocorreu na segunda fila de crentes que estavam presentes para a oração.
Equipas de peritos que trabalham com engenhos explosivos estiveram no local para investigar a possibilidade da explosão ter sido causada por um bombista suicida.
País em alerta máximo
A capital, Islamabad, e o resto do Paquistão, incluindo a fronteira com o Afeganistão, foram colocados em alerta de segurança máximo.
Em Islamabad, foram destacados atiradores furtivos para alguns edifícios e nos pontos de entrada da cidade. "Os terroristas querem criar o pânico, visando aqueles que estão a cumprir o seu dever de defender o Paquistão", afirmou o primeiro-ministro Shehbaz Sharif numa declaração.
"Aqueles que lutam contra o Paquistão serão eliminados da face da terra", garantiu.
Shahid Ali, um polícia de 47 anos que sobreviveu à explosão, disse à AFP que a explosão aconteceu segundos depois de o imã ter começado a rezar. "Vi o fumo negro a subir. Corri para fora da mesquita para me salvar", contou, revelando o trauma da experiência. "Os gritos das pessoas ainda ecoam na minha cabeça. Gritavam por ajuda".
Esta explosão aconetece no mesmo dia em que o presidente dos Emiratos Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed Al Nahyan, deveria ter feito uma visita oficial a Islamabad. A visita foi cancelada em cima da hora, esta segunda-feira, oficialmente, devido ao mau tempo.
O Paquistão tinha também agendada para esta terça-feira a visita de uma delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI), numa tentativa de negociar a libertação de ajuda financeira vital para a sua economia em crise.
Explosão acontece quase um ano depois de outro atentado suicida
Em março de 2022, um atentado suicida reivindicado pelo EI-K, o ramo regional do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), numa mesquita xiita em Peshawar, matou 64 pessoas. É considerado o ataque mais mortífero no Paquistão desde 2018.
Segundo a polícia, o bombista suicida de 2022, era um cidadão afegão que vivia no Paquistão com a sua família há vários anos e que tinha preparado o ataque no Afeganistão.
Peshawar foi atingida por ataques quase diários durante a primeira metade da década de 2010, mas a segurança da cidade melhorou significativamente durante os últimos anos. Contudo, nos últimos meses, a cidade tem assistido a ataques dirigidos, principalmente, às forças de segurança.
Esta deterioração da segurança no Paquistão tem-se verificado, particularmente, desde que os taliban voltaram o poder no Afeganistão, em agosto de 2021. Os ataques têm sido levados a cabo pelos taliban paquistaneses do Tehreek-e-Taliban Paquistão (TTP) pelos grupos EI-K e Baloch.
O Paquistão culpa o governo taliban por permitir a estes grupos utilizar o território afegão para planear os seus ataques contra o país, o que Cabul tem negado repetidamente.
O TTP, um movimento separado da nova liderança afegã mas com raízes comuns, reivindicou a responsabilidade por vários ataques nos últimos meses. Uma das maiores atrocidades que cometeram, que deixou uma marca duradoura na população paquistanesa, foi o massacre de cerca de 150 pessoas, na sua maioria crianças em idade escolar, em Peshawar, em dezembro de 2014.