Países começam a definir regras para o Natal e para evitar nova vaga em janeiro
Dez pessoas na Alemanha, seis em Madrid. Estas são as lotações já previstas para reuniões familiares nesta quadra, devido à pandemia. Especialistas alertam que alívio nas restrições durante o Natal pode aumentar internamentos em janeiro e criar nova vaga no início de 2021.
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Com o Natal a aproximar-se e as restrições a endurecerem em vários países da Europa, mesmo havendo perspetivas animadoras para uma distribuição da vacina logo no início do novo ano, alguns países já estão a definir regras para a vivência do período natalício, em contexto de pandemia.
São os casos de Espanha e da Alemanha, que começaram a fazer o desenho a limitações do número de pessoas que se poderão juntar nas festas da quadra, restrições na circulação entre os feriados de Natal e Ano Novo ou nos tradicionais fogos de artifício.
Alemanha: 10 pessoas por reunião familiar
No país vizinho do Luxemburgo, os 16 líderes dos estados federados acordaram, esta segunda-feira, regras especiais para o Natal e o Ano Novo, limitando as reuniões familiares até dez pessoas, se residirem em diferentes casas. Para já, e de acordo com as agências de notícias, esta limitação não inclui as crianças até 14 anos.
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Os Estados concordam em prolongar a atual paralisação parcial da vida pública até 20 de dezembro e vão propor a manutenção das restrições para que possa haver algum alívio entre os dias 23 de dezembro e 01 de janeiro, nos feriados de Natal e Ano Novo, facilitando o encontro das famílias.
Para isso, os líderes estaduais propõem que os cidadãos mantenham uma quarentena voluntária de vários dias antes das férias, a par de medidas apoiadas pelo Governo federal, como a antecipação do início das férias escolares, e pelos empregadores, pedindo que estes estudem a possibilidade de encerrar as empresas entre 21 de dezembro e 03 de janeiro para férias ou colocar o teletrabalho como opção.
Quanto ao tradicional fogo de artifício de Ano Novo, as regiões concordaram com uma proibição parcial, cabendo às autoridades locais determinar quais ruas e praças onde se poderá vir a realizar.
As propostas saídas do acordo entre os líderes dos vários estado alemães vão ser discutidas, esta quarta-feira, numa reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel.
O Governo federal e os estados também discutirão com as diferentes confissões religiosas como serão feitos os serviços e outras reuniões de caráter religioso, de forma a reduzirem o contacto social.
Espanha quer limitar para seis pessoas os ajuntamentos de Natal e Ano Novo
Em Espanha, o governo pretende limitar as reuniões familiares e sociais a seis pessoas durante as Férias de Natal e um confinamento noturno a partir da 01h da manhã nas noites de 24 e 31 de dezembro, véspera de Natal e véspera de Ano Novo.
O conjunto de propostas de saúde pública para enfrentar a covid-19, para a celebração das festas natalícias, que vai ser apresentado pelo Governo espanhol no Conselho Interterritorial do Sistema Nacional de Saúde (SNS), recomenda que as reuniões familiares sejam limitadas aos membros que pertencem ao mesmo agregado familiar.
No que se refere às reuniões familiares e sociais da quadra natalícia, a proposta é a de as limitar a um máximo de seis pessoas, caso haja convidados externos ao agregado familiar, que não sejam um coabitante regular. Mesmo com esse limite, devem ser garantidas medidas de prevenção nesses ajuntamentos, independentemente de serem ou não membros do agregado familiar.
Outra das propostas é de que o recolher obrigatório que, consoante a comunidade autónoma espanhola, pode começar entre as 22h e as 24h para terminar às 06h do dia seguinte, tenha início à 01h da manhã no Dia de Natal e no Dia de Ano Novo.
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O documento pede também aos estudantes universitários que vão regressar a casa nas férias de Natal que limitem as interações sociais nos dias que antecedem esse regresso e reforcem as medidas de proteção.
Na Catalunha, as regras vão manter-se apertadas até meados de janeiro. Segundo o La Vanguardia, o recolher obrigatório, que vigora atualmente entre as 22h e as 6h, prolonga-se até, pelo menos, ao Ano Novo e as entradas e saídas da região, fora das exceções previstas, continuarão limitadas até 17 de janeiro.
Por outro lado, a proposta é de que os ajuntamentos durante a quadra, de 21 de dezembro a 3 de janeiro, sejam limitados a dez pessoas e que atos religiosos sejam limitados a 50% da lotação habitual ou a um máximo de 500 pessoas.
Independentemente de reuniões mais ou menos restritivas, o Governo de Espanha defende que as reuniões familiares ou sociais não devem incluir pessoas que tenham sido diagnosticadas com a covid-19 e que ainda não tenham sido dadas como recuperadas ou que mantenham sintomas da doença, que aguardem resultados do teste de diagnóstico ou que tenham estado em contacto com alguém infetado nos últimos 14 dias.
Reino Unido alivia restrições antes do Natal
No domingo, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou um alivio nas medidas restritivas de combate à pandemia ainda antes do Natal, para facilitar as reuniões familiares.
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O país, que está em confinamento desde 5 de novembro, deverá conhecer a reabertura de várias atividades a partir de 2 de dezembro.
O novo plano prevê uma pausa em algumas das limitações de cariz social entre 22 e 28 de dezembro, se houver acordo entre os governos dos diferentes países que compõem o Reino Unido,
Esta segunda-feira, Boris Johnson adiantou que o confinamento nacional será substituído por medidas regionais envolvendo três níveis de restrições com base na evolução do surto nas diferentes zonas.
A partir da próxima semana deverão ser levantadas restrições relativas ao comércio, cabeleireiros, salões de beleza, instalações de lazer e ginásios, e é esperado que alguns estádios de futebol possam vir a ter público. Poderá vir a ser possível realizar atividades desportivas ao ar livre e casamentos.
Ainda assim, fora do período natalício, as restrições nas regiões mais afetadas pela pandemia serão mais duras do que as que tinham sido impostas em outubro e mesmo o Natal, avisa o Governo britânico, "não será uma época festiva normal".
DGS garante que haverá Natal em Portugal, mas faltam saber regras
Em Portugal ainda não são conhecidas regras específicas para o Natal.
Antes da quadra, no início de dezembro, existem dois feriados nacionais que levaram o Governo a definir restrições concretas, no âmbito do estado de emergência, para reduzir a circulação e as viagens habituais nesse período.
Embora as autoridades já estejam a projetar as regras que vão definir o Natal, em contexto de pandemia aguardam ainda para ver o resultado das medidas tomadas, nesta semana e na anterior, para fazer um balanço, segundo explicou na segunda-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
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“Neste momento, não podemos, enfim, relaxar nas nossas medidas, mas temos que ter em atenção que o seu nível de crescimento já foi também mais acentuado no passado”, sublinhou.
Graça Freitas disse esperar que quando se chegar ao Natal “seja possível em Portugal abrandar de alguma forma as medidas” que existem agora “sem que abrandamento signifique qualquer tipo de relaxamento”.
“Temos que continuar a nossa vida, mas minimizando ao máximo os riscos e isso passa pela forma como fazemos o nosso dia a dia e vamos ter o Natal de certeza com mais ou menos pessoas mais à distância, menos à distância, mas eu estou certa que o vamos comemorar”, declarou.
Luxemburgo deve preparar-se para Natal diferente
Também ainda sem medidas concretas, o Natal no Luxemburgo não deverá escapar a algumas restrições. Pelo menos, é esse o aviso já deixado pela ministra da Saúde, Paulette Lenert.
“As pessoas têm de se mentalizar que este ano, o Natal tem de ser celebrado de forma diferente”, afirmou numa entrevista à RTL, em meados de novembro.
Apesar das notícias recentes sobre uma vacina eficaz contra a covid-19 poder estar disponível em breve serem animadoras, Lenert frisou que ela não será suficiente para salvar o Natal de 2020 e apelou à população para que se começar a preparar para um Natal diferente daquele que está habituada a celebrar.
Especialistas alertam para alívio de restrições e possível terceira vaga em janeiro
A possibilidade de alívio das restrições na quadra natalícia, leva, no entanto, os especialistas a alertar para um aumento dos internamentos em janeiro e até para a possibilidade de se assistir a uma terceira vaga em alguns países.
O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) estima que se os países que em outubro e novembro tomaram novas medidas para controlar a pandemia as levantarem a 21 de dezembro, os internamentos hospitalares aumentarão na primeira semana de janeiro.
Num documento em que faz estimativas de evolução da pandemia até 25 de dezembro, o organismo diz que se os países aliviarem as restrições para permitir as reuniões familiares no Natal isso irá sobrecarregar os hospitais logo no início de 2021.
Mas essa estimativa pode ocorrer mais cedo, se, por exemplo, essas medidas forem suspensas já a 7 de dezembro. Nesse cenário, antecipa o ECDC, “o aumento de internamentos poderia começar a ocorrer antes de 24 de dezembro”.
Apesar disso, o ECDC prevê que, dadas as medidas de resposta atualmente em vigor, “mais de metade dos Estados-Membros da União Europeia vão observar uma redução de mais de 50% no número diário de casos confirmados e uma redução subsequente na procura hospitalar associada e nos óbitos”.
Em Portugal, a possibilidade de ocorrer uma terceira vaga em janeiro também já foi avançada pelo próprio Presidente da República, na declaração do novo estado de emergência, a 20 deste mês.
Marcelo Rebelo de Sousa advertiu que "é provável que nova subida de casos, ou dito mais simplesmente, uma terceira vaga possa ocorrer entre janeiro e fevereiro, e será tanto maior quanto maior for o número de casos um mês antes". Por isso, frisou, "importa conter fortemente em dezembro o processo pandémico, mesmo que ele dias antes aparentasse ter o pico da chamada segunda vaga", deixando ainda um pedido aos portugueses e aos políticos para que não facilitem nas medidas de contenção.
"Que se não facilite - não facilitem os decisores políticos, não facilitem os portugueses em dezembro, do princípio ao fim de dezembro, para não ter de se sofrer um agravamento pesado ao virar 2021. E que se procure continuar a equilibrar esta exigência com o não parar a economia, a sociedade, a cultura, que é um esforço que sabemos difícil para todos os portugueses."
com agências