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Guerra na Ucrânia

Numa Mariupol arrasada, a prioridade é salvar as pessoas

Ao 27º dia de guerra na Ucrânia, as autoridades anunciaram um novo esforço para tentar evacuar os civis presos em Mariupol, a cidade portuária que foi devastada pelos bombardeamentos russos.

Residentes recolhem pertences e mantimentos enquanto se preparam para deixar Mariupol.

Residentes recolhem pertences e mantimentos enquanto se preparam para deixar Mariupol. © Créditos: Maximilian Clarke/SOPA Images

Fonte: Redação

"Hoje (terça-feira) estamos a concentrar-nos na evacuação de pessoas de Mariupol", onde a situação humanitária é terrível, disse a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Verechtchuk citada pela AFP.

Três corredores humanitários seriam abertos esta terça-feira entre três locais perto de Mariupol e a cidade de Zaporizhzhya, de acordo com Verechtchuk. "Não haverá espaço suficiente para todos" esta terça-feira, mas "continuaremos a evacuação de acordo com o mesmo ritmo até que todos os habitantes de Mariupol tenham sido retirados", acrescentou.

Mais de 200 mil pessoas ainda se encontram na cidade, de acordo com Petro Andryushchenko, vice-presidente da cidade citado pela Human Rights Watch. Mais de três mil civis já morreram desde o início dos combates, mas a contagem exata permanece incerta, garante Petro.

Os residentes que fugiram da cidade descreveram à ONG Human Rights Watch "um inferno gelado, com ruas repletas de cadáveres e escombros de edifícios destruídos", e "milhares de pessoas isoladas do mundo numa cidade sitiada", escondidas em caves sem água, comida, eletricidade ou comunicações.

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A ONU também descreveu a situação no local como "extremamente grave", com "uma escassez crítica e ameaçadora de vida de alimentos, água e medicamentos".

Mariupol, estrategicamente localizada entre a Crimeia (sul) e o território separatista de Donetsk (leste), foi bombardeada durante semanas pelos russos. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o tamanho da destruição.

"Vamos sobreviver"

O governo ucraniano rejeitou um ultimato de Moscovo exigindo a rendição da cidade, onde os tanques russos entraram e os combates continuam.

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Na segunda-feira, a União Europeia descreveu "o bombardeamento indiscriminado" da cidade como um ato para "matar toda a gente", um "grande crime de guerra em massa" e decidiu duplicar o seu apoio financeiro para a compra de armas enviadas para Kiev.

O presidente ucraniano acusou a Rússia de "simplesmente destruir" Mariupol. "Eles estão a queimá-la até ao chão, mas nós vamos sobreviver", disse Zelensky.

Em todo o país, pelo menos 117 crianças foram mortas desde o início da invasão russa, disse na terça-feira o gabinete do procurador-geral da Ucrânia. Cerca de 548 escolas foram danificadas, 72 delas completamente destruídas, de acordo com a mesma fonte.

(Com agências)