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Cimeira Europeia

Mundo com os olhos postos em Bruxelas. Primeira cimeira de líderes desde o início da guerra

Bruxelas é onde todas as respostas à guerra na Ucrânia confluem nestes dois dias. Joe Biden participou na reunião da NATO e na reunião do G7 – que foi também na sede da Aliança Atlântica, em Bruxelas - e depois é recebido pelos líderes europeus entre as 16h30 e as 18h para falar da guerra na Ucrânia, de possível endurecimento de sanções e da crise da energia.

Joe Biden participou na reunião da NATO e na reunião do G7  e vai ser recebido pelos líderes europeus durante a tarde.

Joe Biden participou na reunião da NATO e na reunião do G7 e vai ser recebido pelos líderes europeus durante a tarde. © Créditos: AFP

Jornalista

Depois do final da reunião da NATO, em que Jens Stoltenberg, secretário-geral da organização, garantiu que os membros da Aliança Atlântica vão fornecer mais armamento à Ucrânia e meios de defesa contra armas químicas e biológicas - mas não se podem envolver diretamente para evitar uma III Guerra Mundial - os líderes dos G7 reuniram-se para discutir a coordenação das suas estratégias para lidar com a agressão e com o tom cada vez mais beligerante de Putin.

Entre as 16hh30 e as 18h, o presidente norte-americano participará no Conselho Europeu, o primeiro (formal) desde o princípio da invasão da Ucrânia – a reunião de Versalhes, de há 15 dias, foi num formato informal. Questões em cima da mesa? O apoio à Ucrânia e a resposta às provocações crescentes da Rússia – que ainda nesta quarta-feira disse que só aceitava o pagamento em rublos dos fornecimentos de gás e petróleo.

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Segundo uma fonte oficial da UE, “não deverá haver uma declaração formal EUA/UE. Após as discussões entre Biden e os 27 líderes europeus, serão provavelmente publicados quais foram os pontos de acordo”. Segundo esta fonte, as relações transatlânticas nas questões sobre o ataque russo têm sido “excelentes. Há uma cooperação total e de todas as partes envolvidas”.

Garantir que as sanções existentes funcionam

A mesma fonte salientou que “A UE continua a ser o principal protagonista das sanções à Rússia” e que não deverá ser apresentado um novo pacote. A linha que vai ser explorada será preferencialmente a de “garantir que as já existentes são muito bem implementadas, que não há buracos legais, e que o Kremlin não consiga contornar as sanções que lhe foram aplicadas, inclusivamente através de países terceiros”.

Na carta de convite dirigida aos líderes, Charles Michel explicou que “até agora adotámos algumas das medidas mais duras contra a Rússia e a Bielorrússia. Juntamente com os nossos aliados internacionais, mostrámos uma frente unida. Temos agora que assegurar que estas sanções não são contornadas. Mas estamos disponíveis para avançar para novas sanções coordenadas”. Eventualmente, poderão ser acrescentados nomes à lista de proscritos na UE, ou juntar bancos com os quais as relações com as instituições financeiras da UE ainda não foram cortadas, sugeriu fonte oficial europeia.

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O papel da China. E Zelensky entra no ar por volta das 19h

A 1 de abril, a União Europeia vai ter uma cimeira com a China e, portanto, o papel de Pequim e o apoio de Xi Jinping a Putin será, muito provavelmente, discutido com Biden.

Por volta das 19h, Zelensky entrará em videoconferência na sala do Edifício Europa onde estão reunidos os 27 líderes, o presidente do Conselho, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Mas já não estará Joe Biden.

Segundo fonte oficial europeia, “Charles Michel propôs um Fundo de Solidariedade, uma espécie de ‘Trust Fund’, onde outros parceiros internacionais podem aderir, já fizemos isto em África e na Síria”, recordou.

Os líderes irão também discutir o pacote de apoio aos Estados-membros dirigido aos 3.5 milhões de refugiados que já chegaram à UE. Nesta quarta-feira, a Comissão Europeia propôs que o REACT-EU pudesse ser usado como fonte de financiamento, depois de ter servido para dar suporte durante a covid-19.

Energia, o tema mais complexo

Sexta-feira, dia 25, a conversa será em torno do tema extremamente complexo da energia, a possível carência de combustíveis fósseis, e a subida dos preços. “É um assunto que tem tido a atenção total dos chefes de Estado e de governo”, salientou fonte europeia.

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A Comissão apresentou esta quarta-feira orientações sobre como se pode contornar o problema, salientando que nenhuma solução é livre de riscos. A mais importante é a de garantir o abastecimento a 80% dos depósitos subterrâneos de gás na UE até 1 de novembro. E há vários esquemas de suporte a família vulneráveis ou tetos sobre os preços dos combustíveis.

Na sexta-feira, dia 25, a segurança e defesa será um dos assuntos em destaque. E os líderes deverão adotar a Bússola Estratégica, que foi aprovada na última reunião de ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros Europeus. A Bússola Estratégica prevê a mudança de paradigma na defesa europeia com a criação de uma força militar de prevenção, exercícios militares conjuntos e um aumento da percentagem do investimento em defesa de cada país.

Questões económicas de fundo e a situação sobre a covid-19 na Europa, que está a ressurgir, enquanto estamos distraídos com a guerra, também vão ser discutidos.

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Durante a reunião dos 27 chefes de Estado e de governo em Bruxelas, prevê-se que o atual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, seja reeleito para um segundo mandato. O voto é à porta fechada e sem Michel na sala. Mas para saber se é ou não, fonte europeia sugeriu: “Vão espreitando o Twitter”.