"Morreu como um herói". Tropas russas matam autarca que distribuía pão e medicamentos
As autoridades ucranianas acusaram o exército russo de ter matado o presidente da câmara da cidade de Gostomel, Yuri Prylipko, enquanto distribuía ajuda a pessoas afetadas pela guerra.
Rua de Gostomel. Ao fundo, pode ver-se fumo das explosões resultantes do conflito com as tropas russas. © Créditos: AFP
Mais uma baixa do lado ucraniano. "O presidente da câmara da cidade de Gostomel, Yuri Illich Prylipko, morreu enquanto distribuía pão e medicamentos aos doentes e confortava os feridos", disse o conselho municipal numa declaração publicada na rede social Facebook, citada pela agência francesa AFP. "Foi baleado pelos ocupantes juntamente com os seus irmãos Ruslan Karpenk e Ivan Zorya", lia-se na mesma publicação.
O conselho de Gostomel (ou Hostomel) elogiou a coragem de Prylipko, que arriscou a propria vida para auxiliar os outros. "Ninguém o forçou a passar por baixo dos punhos dos invasores. Ele poderia ter ficado na cave como centenas de outros. E quem teria ousado? Mas contavam com ele, acreditavam nele. Ele fez a sua escolha. Morreu pela comunidade, morreu por Gostomel, morreu como um herói. Que ele seja lembrado e nós estamos-lhe gratos. Dada a situação, é impossível pedir um enterro, basta lembrá-lo e rezar", lê-se no post publicado no Facebook.
Gostomel situa-se a cerca de 25 quilómetros a noroeste da capital ucraniana, Kiev, e acolhe uma base militar no aeroporto Antonov, que tem sido um dos um dos epicentros dos combates desde o início da invasão russa. O primeiro ataque das forças russas contra o aeroporto de Gostomel ocorreu em 25 de fevereiro, um dia após o início da invasão.
Dois dias depois, as autoridades de Kiev anunciavam que tropas russas tinha sido destruído o maior avião de carga do mundo, o Antonov An-225, num ataque a esse aeroporto.
"Os invasores russos destruíram a aeronave principal da força aérea ucraniana, o An-225, no aeroporto Antonov em Hostomel, onde estava a ser reparada", disse o grupo da indústria de defesa Ukroboronprom.
Bombardeamento noutro aeroporto
Já no domingo, as forças russas bombardearam o aeroporto de Vinnytsia, 200 quilómetros a sudoeste de Kiev, provocando pelo menos nove mortos. "Segunda-feira [hoje], às 05:00 [03:00 em Lisboa], 15 pessoas foram retiradas dos escombros. Nove pessoas estavam mortas: cinco civis e quatro soldados", disseram responsáveis pelo departamento governamental ucraniano a cargo das situações de emergência.
"As buscas vão continuar" no sentido de se encontrarem mais vítimas, acrescenta o departamento na nota divulgada na rede social Telegram.
Ao 12.º dia de combates na Ucrânia, desconhece-se o número exato de mortos e feridos, tanto militares como civis, que poderão ser da ordem dos milhares, segundo diversas fontes.
O conflito também provocou 1 milhão e 700 mil refugiados, naquela que é a crise do género na Europa com o crescimento mais rápido desde a Segunda Guerra Mundial, segundo a ONU.
Com agência Lusa