Membros de rede de extrema-direita e de oposição às medidas anticovid planeavam ataques e raptos na Alemanha
As autoridades alemãs detiveram quatro elementos de um grupo de extrema-direita que tinha como um dos alvos dos seus ataques o ministro da Saúde alemão, o social-democrata Karl Lauterbach.
© Créditos: AFP
A justiça alemã anunciou, quinta-feira, a detenção de quatro membros de uma rede de extrema-direita, de contestação às medidas anticovid, que planeavam "ataques violentos" e o rapto de "figuras públicas" na Alemanha.
O ministro da Saúde alemão, o social-democrata Karl Lauterbach, estava entre os alvos, segundo apurou a AFP junto de fonte ministerial. A rede, denominada "Patriotas Unidos", tinha como objetivo destruir "o sistema democrático alemão", o Ministério Público de Coblença e a polícia da Renânia-Palatinado, afirmam as autoridades numa declaração conjunta.
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Os suspeitos, que foram detidos na véspera, durante operações de buscas, tinham planeado atacar a redes elétrica para causar "um apagão prolongado em todo o país", o que, na opinião deles, criaria as condições para uma "guerra civil".
As autoridades têm vindo a investigar o grupo, os seus fundadores e apoiantes em várias partes do país desde outubro de 2021. Na rusga de quarta-feira, apreenderam armas de fogo e munições, barras de ouro e moedas de prata, no valor de mais de 10.000 euros, bem como telemóveis, falsos certificados de vacinação covid-19, e vários documentos escritos sobre os seus planos para derrubar o Estado.
As autoridades visaram cinco suspeitos, todos alemães e com idades compreendidas entre os 41 e os 55 anos, e efetuaram quatro detenções até à data, segundo a declaração.
As operações policiais que visam a franja radical do movimento de contestação restrições sanitárias multiplicaram-se no país, o que colocou a violência de extrema-direita no topo da lista de ameaças à ordem pública, à frente do risco jihadista.
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Este movimento tem sido particularmente ativo na Alemanha desde o início da pandemia de covid-19 e está presente em grupos da rede social Telegram que fazem ameaças contra representantes eleitos ou durante manifestações.
O assassinato em junho de 2019, por um ativista neonazi, de Walter Lübcke, membro eleito do partido conservador que defendia a política de acolhimento de migrantes da ex-Chanceler Angela Merkel, deixou o país em choque e desencadeou várias investigações.
No início de abril deste ano, as autoridades alemãs levaram a cabo uma ampla rusga aos círculos terroristas de extrema-direita, como parte de uma investigação mais vasta que tem envolvido os serviços de informação policial e militar, desde 2019.
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Quatro suspeitos do grupo "Knockout 51" foram então detidos. As investigações em curso visam também o grupo de extrema-direita "Atomwaffen Division Deutschland", o ramo alemão do movimento neonazi americano.
Na quarta-feira, o Ministério Público Federal anunciou a acusação de um jovem simpatizante alemão deste movimento, suspeito de querer iniciar uma "guerra racial" na Alemanha através de ataques explosivos e de armas de fogo.