Mais de seis milhões de ucranianos fugiram do país
A Polónia abriga de longe o maior número de refugiados. Eram 3.272.943 ucranianos em 11 de maio.
Refugiados da Ucrânia caminham numa estrada após atravessarem o posto de controlo da fronteira com a Moldávia perto da cidade de Palanca. © Créditos: AFP
Mais de seis milhões de ucranianos fugiram do seu país desde o início da invasão do exército russo, em 24 de fevereiro, disse esta quinta-feira o Alto Comissariado para Refugiados (ACNUR), em Genebra.
A 11 de maio, 6.029.705 ucranianos tinham procurado refúgio fora do país, primeiro nos países vizinhos, antes de continuarem a sua viagem para outros países, de acordo com o site do ACNUR.
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A invasão russa da Ucrânia já matou pelo menos 3.541 civis, dos quais 239 eram crianças, e feriu 3.785, incluindo 355 menores, indicou, por sua vez, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
No total, o Alto-Comissariado contabilizou, até às 24:00 de quarta-feira (hora local), 7.326 vítimas civis desde o início da invasão russa na Ucrânia.
No entanto, a agência da ONU alerta para a probabilidade de o número real ser muito superior, já que a informação relativa a algumas zonas sob ataque das tropas russas está atrasada ou à espera de confirmação, como é o caso de Mariupol, Izium e Popasna.
Frota russa do mar Báltico estuda potencial naval da NATO na região
A frota russa do mar Báltico iniciou esta quinta-feira exercícios navais com o objetivo de estudar as capacidades da NATO naquela região, no mesmo dia em que a Finlândia anunciou a decisão de aderir à Aliança Atlântica.
Os oficiais russos estão a analisar “as especificidades” da situação geopolítica naquela região, bem como a “composição, organização, localização e capacidades de combate das forças navais dos países da NATO”, referiu, em comunicado, a Frota do Báltico.
Os exercícios táticos contam com a participação de quase uma centena de oficiais, além de mais de 50 navios da marinha russa. "As diferentes variantes de operacionalização de grupos de navios no mar Báltico serão analisadas", sublinha ainda esta frota na nota de imprensa.
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A Frota do Báltico, baseada nos portos de Baltiisk e Kronstadt, também realizou esta quinta-feira exercícios de tiro perto do enclave báltico de Kaliningrado.
A Finlândia, país que manteve relações próximas com a antiga União Soviética e a Rússia, revelou a decisão de aderir à NATO, que poderá ser formalizada na cimeira da Aliança Atlântica de Madrid, no final de junho. Quer a Finlândia, quer a Suécia, que também pretende aderir a esta organização de defesa, têm acesso ao mar Báltico.
A Finlândia e a Suécia podem solicitar a adesão à NATO dentro de poucos dias, uma importante rutura das duas nações com a sua tradicional posição de neutralidade durante conflitos e de não envolvimento em alianças militares.
A Rússia opõe-se à integração dos dois países e justificou a sua intervenção militar na Ucrânia com a expansão da aliança militar ocidental em direção a leste. Moscovo avisou a Finlândia de que será forçada a tomar medidas de retaliação, "tanto técnico-militares como outras", se violar as suas obrigações jurídicas internacionais e aderir à NATO.
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Uma média de 22 escolas são atacadas por dia na Ucrânia
A UNICEF alertou esta quinta-feira que a "educação está sob ataque" na Ucrânia e indicou que cerca de 100 crianças foram mortas no mês passado no conflito.
Numa reunião no Conselho de Segurança na ONU convocada pela França e pelo México para debater os desenvolvimentos da guerra, o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou ainda que o número de crianças mortas deverá ser superior.
De acordo com o vice-diretor executivo da UNICEF, Omar Abdi, desde o início da guerra, centenas de escolas em todo o país foram atingidas por forte artilharia, ataques aéreos e outras armas explosivas em áreas povoadas, enquanto outras escolas estão a ser usadas para outros fins, como abrigos, centros de abastecimento ou para fins militares, o que causará impacto, a longo prazo, no regresso das crianças à educação.
Perante o Conselho de Segurança da ONU, Omar Abdi lembrou ainda que a guerra na Ucrânia não atinge apenas crianças deste país, mas também nos países mais pobres do mundo, que pagam agora "um preço mortal" por esta guerra longe das suas portas.
De acordo com o embaixador da Albânia, Ferit Hoxha, uma média de 22 escolas são atacadas por dia na Ucrânia desde o início da guerra, interrompendo a educação de 5,5 milhões de crianças que permanecem no país.
"Apenas há alguns dias, mais de 60 pessoas foram dadas como mortas após uma bomba russa ter destruído uma escola que estava a ser usada como abrigo na vila de Bilohorivka, região de Lugansk. Não há justificação para tamanha imprudência", disse Hoxha, apelando a uma investigação "completa" do incidente e apuramento de responsabilidades.
O diplomata da Ucrânia, Sergíy Kyslytsya, denunciou que a Rússia continua a "raptar crianças ucranianas", incluindo crianças órfãs, levando-as à força para território russo e colocando-as para adoção.
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Aprovada investigação a abusos humanitários atribuídos às tropas russas
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) aprovou esta quinta-feira a abertura de uma investigação a graves violações dos direitos humanos atribuídas às tropas de ocupação russas na Ucrânia, reforçando o isolamento da Rússia na ONU.
A resolução, aprovada por 33 votos a favor, dois contra (China e Eritreia) e 12 abstenções, pede à comissão internacional da ONU sobre a Ucrânia que realize uma "investigação" às graves violações dos direitos humanos cometidas nas regiões de Kiev, Cherniguiv, Kharkiv e Sumy, em finais de fevereiro e março de 2022, "com vista à responsabilização" das tropas russas.
Explicando a sua posição, a delegação chinesa disse que considera a resolução um "adicionar de lenha à fogueira" a criticou-a por "não apoiar nem o diálogo, nem a negociação".
Mesmo aliados da Rússia, como Cuba e Venezuela, preferiram abster-se do que se opor a uma decisão que aprofunda a pressão política sobre Moscovo, num momento em que cada vez mais crimes contra a população civil são expostos em áreas onde as tropas russas detinham o controlo nas primeiras semanas da guerra.
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A comissão da ONU que liderará esta investigação foi criada no início de março pelo mesmo Conselho e os seus três membros realizaram esta semana as primeiras reuniões em Genebra.
A ideia deste grupo de investigação é recolher provas e estabelecer responsabilidades para que os autores, físicos e morais, das execuções, sejam julgados por um tribunal competente.
Este é mais um grande revés no Conselho de Direitos Humanos da ONU para a Rússia, país que foi suspenso no mês passado do Conselho devido à invasão da Ucrânia.