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Forças armadas

França vai realizar exercício militar inédito em 2023

"O contexto geoestratégico justifica este exercício", disse o general Yves Metayer, esta terça-feira.

© Créditos: ResoluteSupportMedia/Flickr

Fonte: AFP

As forças armadas francesas preparam-se para um grande exercício na primeira metade de 2023, que mobilizará até 12.000 soldados no território para o simulacro de um cenário de grande conflito contra um Estado, cuja relevância é confirmada pela guerra na Ucrânia.

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Serão destacados para a ocasião os novos veículos blindados Griffon do exército francês, tanques Leclerc, bem como os sistemas de defesa terrestres-ar, aviões de combate, o porta-aviões Charles de Gaulle e dois porta-helicópteros anfíbios.

"O contexto geoestratégico justifica este exercício", cuja ideia nasceu em 2020, muito antes da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, disse na terça-feira o general Yves Metayer, comandante da divisão de emprego das forças armadas.

"Em 2017, a Revisão Estratégica (francesa) descreveu a chegada da perspetiva de um grande conflito e a necessidade de nos prepararmos para ele. É necessário adaptar a nossa preparação operacional e a nossa doutrina do emprego" após mais de duas décadas de guerra assimétrica contra os jihadistas, comentou na conferência de apresentação do exercício "Orion".

Este exercício em grande escala terá três fases. Entre o final de fevereiro e o início de maio, 7.000 soldados estarão envolvidos numa sequência que incluirá operações navais no Mediterrâneo, uma operação anfíbia e uma fase aérea no sul de França.

Exercício envolve parceiros europeus e EUA

O objetivo será simular uma intervenção num país desestabilizado pelas milícias, que faz fronteira com um poderoso Estado que orquestra esta agitação, e que está equipado com armas nucleares.

Depois, de meados de abril até ao início de maio, será simulado um confronto aéreo-terrestre de alta intensidade contra este Estado, com o destacamento de 10 a 12.000 soldados no nordeste de França, ou seja, a nível divisional.

O exercício "Orion" terá a particularidade de envolver todos os componentes das forças armadas (terra, mar, ar, espaço) em todos os campos materiais e imateriais (cibernéticos, informação, etc.).

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Os parceiros europeus (Alemanha, Reino Unido, Bélgica, Itália, Espanha) irão colaborar no exercício, bem como os Estados Unidos, que intervirá de forma digital.

Entre as duas grandes sequências, será organizada uma fase civil-militar sob a égide do Secretariado Geral da Defesa e Segurança Nacional (SGDSN), que se centrará nos vários meios de apoio civil às forças armadas no caso de um grande esforço de guerra (saúde, transportes, etc.), nas reservas e na guerra de informação.

"Após a queda do Muro de Berlim, os mecanismos que existiam durante a Guerra Fria, em caso de mobilização, definharam", disse o general Metayer.