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França. Companhias aéreas desesperadas com efeitos da greve

A Ryanair e a EasyJet lamentaram os cancelamentos e atrasos provocados pelos protestos contra a reforma das pensões.

© Créditos: Federico Gambarini/dpa

Fonte: AFP

Várias das principais companhias aéreas europeias expressaram esta quarta-feira o seu desespero em relação à greve dos controladores de tráfego aéreo franceses, que dizem estar a custar-lhes caro ao causar atrasos e cancelamentos, e apelaram à intervenção da Comissão Europeia.

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"Nos primeiros três meses do ano passado, houve três dias de greve dos controladores aéreos franceses. Desde o início deste, houve 23. E continua", disse o CEO da low-cost irlandesa Ryanair, Michael O'Leary, falando em nome da associação Airlines for Europe (A4E), num simpósio em Bruxelas.

Os controladores de tráfego aéreo estão a participar nos protestos contra a reforma das pensões em França, forçando a administração dos aeroportos a cancelar alguns dos movimentos de partida e chegada, mas também a reduzir o número de voos que podem atravessar o espaço aéreo do país.

Dada a posição geográfica da França, estas greves estão a ter efeitos em cascata em todo o tráfego aéreo europeu: "Os britânicos vão para Espanha, os alemães para Portugal, os irlandeses para Itália", exemplificou O'Leary.

"Não sabemos quando é que isto vai acabar"

Só no fim de semana passado, "a Ryanair foi forçada a cancelar 240 voos, o equivalente a 41.000 passageiros, porque o controlo do tráfego aéreo francês não nos permitiria sobrevoar França", revelou o CEO da empresa. Cerca de 400.000 passageiros tiveram as suas viagens atrasadas, acrescentou.

"Estamos a ser muito afetados, e não conseguimos ver quando é que isto (a greve) vai acabar", admitiu, por sua vez, Johan Lundgren, CEO de outra companhia aérea de baixo custo, a Easyjet, também à A4E.

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Os regulamentos europeus exigem que as companhias aéreas compensem os passageiros por longos atrasos ou cancelamentos, observou o diretor da Ryanair, a maior companhia aérea da Europa em número de passageiros.

"Mas não estamos autorizados a reaver estes montantes junto das pessoas que causam estes atrasos ou cancelamentos, os controladores aéreos franceses, que beneficiam da imunidade do seu governo", lamentou Michael O'Leary.

A A4E, que reúne 16 companhias ou grupos aéreos, incluindo a Air France-KLM, Lufthansa e IAG (British Airways, Iberia...), pede à Comissão Europeia que imponha uma proteção de sobrevoo em caso de greve dos controladores de tráfego aéreo, medida que já existe em Itália, por exemplo, segundo O'Leary.

Em termos mais gerais, para a próxima temporada de verão, as companhias aéreas, que enfrentam uma procura revigorada após a covid-19, dizem estar preocupadas com a saturação do espaço aéreo europeu, já fragilizados pelos encerramentos ligados à guerra na Ucrânia.