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Duas pessoas morreram e mil ficaram feridas nos protestos da "Primavera turca"

Duas pessoas morreram e cerca de mil ficaram feridas durante os protestos contra o Governo em várias cidades da Turquia, denunciou hoje a Amnistia Internacional.

A noite foi violenta na Turquia. Os protestos contra o Governo de Erdogan entram hoje no terceiro dia, com os olhos do mundo postos na Turquia 

A noite foi violenta na Turquia. Os protestos contra o Governo de Erdogan entram hoje no terceiro dia, com os olhos do mundo postos na Turquia  © Créditos: AP

Katie Pownall, porta-voz da AI, disse, citando testemunhos locais, que duas pessoas morreram durante as manifestações em Istambul, que, segundo a AI, foram reprimidas pela polícia turca "com excesso de violência".

A Amnistia pediu ao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que garanta o direito à liberdade de expressão dos manifestantes e intervenha para parar a repressão com canhões de água e outros métodos agressivos, assim como os maus tratos a detidos.

A organização defensora dos direitos humanos, com sede em Londres, assinala que os seus escritórios em Istambul e os de outras organizações não-governamentais (ONG) foram usados como hospital, onde foram tratados numerosos feridos.

Fonte da Ordem dos Médicos da Turquia disse, por seu lado, que só em Ancara se registaram pelo menos 414 feridos, 15 dos quais em estado grave.

O Ministério do Interior fala apenas de 79 feridos e de um total de 939 pessoas detidas desde sexta-feira em 90 manifestações em várias cidades turcas.

"Primavera turca" começou por causa do abate de árvores mas é agora um protesto contra islamização do país

A vaga de contestação começou com um protesto para salvar um parque público no centro de Istambul, onde o Governo de Erdogan quer construir um centro comercial, mas alargou rapidamente a outras cidades e tornou-se numa contestação ao Governo conservador de inspiração islâmica do Partido Justiça e Desenvolvimento.

O desalojamento forçado pela polícia de manifestantes no parque Gezi, em Istambul, na madrugada de sexta-feira, trouxe milhares de pessoas para as ruas de várias cidades a exigir a demissão do Governo.

Depois de três dias de tensão e de confrontos entre manifestantes e polícia, hoje as principais cidades turcas amanheceram calmas, mantendo-se apenas alguns manifestantes no parque Gezi.

Apesar da acalmia, o ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido desaconselha os cidadãos britânicos na Turquia a participarem nas manifestações em Istambul, Ancara e outras cidades, porque a polícia está a responder "com gás lacrimogéneo e canhões de água".

As redes sociais estão a ser usadas pelos manifestantes para divulgar informação e imagens da violência policial, mas durante a noite houve relatos de dificuldades em aceder ao Facebook e ao twitter na Turquia, alegadamente por causa de restrições no acesso à internet, que os manifestantes acusam o Governo de estar a provocar.

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