Dilma Rousseff anuncia referendo para fazer reforma política no Brasil
Face às manifestações populares das últimas semanas, a Presidente do Brasil anunciou ontem a intenção de realizar um referendo popular para discutir uma "ampla reforma política" no país.
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"Quero propor o debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita", afirmou Dilma Rousseff.
A declaração da Presidente foi feita na abertura da reunião com governadores e prefeitos (presidentes de câmara), iniciada ontem à tarde em Brasília, na qual Dilma avançou a intenção de fechar pelo menos "cinco pactos" com vista a melhorias nas áreas de transporte, saúde, educação e política fiscal.
A reunião é uma das primeiras medidas concretas realizadas pela presidente em resposta à série de manifestações que têm ocorrido em todo o país nas últimas semanas.
Brasil está "maduro" e quer evoluir
Segundo a Presidente brasileira, as manifestações das últimas semanas mostraram que "o Brasil está maduro e não quer mais ficar parado no mesmo lugar".
Diante de uma mesa composta por 54 autoridades, entre ministros, governadores e prefeitos das principais cidades brasileiras, Dilma pediu "união política", apelando a todos para usarem a "energia das ruas" para vencer os obstáculos.
A chefe de Estado propôs ainda uma mudança na legislação interna para punir a corrupção "de forma mais contundente". A intenção seria classificar a corrupção dolosa como crime hediondo, com a aplicação de "penas mais severas".
Contratação de médicos estrangeiros para reforçar clínicas no interior
Para o quarto pacto, relacionado com a saúde, a líder brasileira exortou governadores e prefeitos a "criarem incentivos" para os médicos irem trabalhar nas cidades do interior que mais precisam, além de ter reafirmado a intenção de contratar clínicos estrangeiros para trabalharem no atendimento de hospitais públicos.
Royalties do petróleo para invstir na educação
Rousseff voltou a defender o uso de 100 % dos royalties do petróleo (direitos pagos pelas empresas que detêm as concessões para extrair e comercializar o combustível fóssil) para investimentos na educação e pediu abertamente a compreensão e apoio dos congressistas brasileiros, para que avaliem a proposta em breve.
No início da tarde de ontem, a Presidente também se reuniu com os líderes do Movimento Passe Livre (MPL, um dos principais instigadores das manifestações), que debateram os investimentos em mobilidade urbana e pediram a gratuidade das tarifas de transporte.