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Guerra na Ucrânia

Começou a "batalha pelo Donbass", diz Zelensky

O chefe de Estado ucraniano assegurou que o seu país irá lutar e defender-se. Os últimos desenvolvimentos da guerra na Ucrânia.

Fonte: Lusa

(Notícia atualizada às 09h42).

As forças russas começaram esta segunda-feira a ofensiva contra o leste da Ucrânia, intensificando os combates na região do Donbass, controlada em parte pelos separatistas pró-russos, alertou o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

"Agora podemos dizer que as tropas russas começaram a batalha pelo Donbass, para a qual se estão a preparar há muito tempo. Uma parte muito grande de todo o Exército russo está agora dedicado a esta ofensiva", sublinhou Volodymyr Zelensky, numa mensagem divulgada na rede social Telegram.

O chefe de Estado ucraniano assegurou que o seu país irá lutar e defender-se, qualquer que seja o número de militares russos naquela região.

Kiev e Moscovo sem acordo para corredores humanitários pelo terceiro dia consecutivo

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchuk, informou que Kiev e Moscovo não conseguiram chegar a acordo para a organização hoje de corredores humanitários para retirar civis, o que acontece pelo terceiro dia consecutivo.

"Hoje, (...) infelizmente, não existe qualquer corredor humanitário. Os bombardeamentos intensos continuam em Donbass", no leste do país, onde Kiev disse que as forças russas lançaram uma grande ofensiva na segunda-feira, escreveu a governante na plataforma de mensagens Telegram.

Rússia denuncia ataque das forças ucranianas em Belgorod

A Rússia denunciou esta terça-feira um ataque das forças ucranianas numa cidade na região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, que causou pelo menos um ferido.

Segundo o governador da região, Viacheslav Gladkov, o ataque foi realizado a partir do território ucraniano.

"Uma mulher que mora na localidade ficou ferida", escreveu Gladkov na rede social Telegram, acrescentando que o incidente também causou danos materiais.

O governador acrescentou que visitará pessoalmente o local para avaliar os danos.

Em 1 de abril, a Rússia já tinha acusado Kiev de um ataque, realizado por um helicóptero, a um depósito de combustível em Belgorod, informação que não foi confirmada pelo lado ucraniano.

Belgorod está localizada a cerca de 30 quilómetros da fronteira com a Ucrânia e a cerca de 70 quilómetros de Kharkiv, a cidade mais importante do leste da Ucrânia que está a sofrer com ataques das tropas russas.

EUA e aliados reúnem-se para discutir nova ofensiva russa

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa esta terça-feira numa reunião, por videoconferência, "com os aliados e parceiros" sobre a nova ofensiva russa no leste da Ucrânia.

Um responsável da Casa Branca disse à agência de notícias France-Press que o encontro irá abordar o "apoio contínuo à Ucrânia e os esforços para garantir que a Rússia seja responsabilizada" pela invasão. A lista de participantes na reunião não foi divulgada.

Na segunda-feira, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, garantiu que Washington irá continuar a reforçar as sanções financeiras e outras medidas económicas contra a Rússia.

Economistas pedem ao G20 registo mundial de bens para visar oligarcas russos

Vários economistas, incluindo o francês Thomas Piketty e o norte-americano Joseph Stiglitz, exortaram o G20 a criarem um registo global de bens para melhor visar as fortunas escondidas dos oligarcas russos. "O caso dos oligarcas russos fala por si" na ocultação de fortunas dentro de estruturas opacas, dizem os economistas, numa carta publicada hoje no diário britânico The Guardian e dirigida aos líderes do G20.

Os oligarcas russas detêm "pelo menos um trilião de dólares de riqueza no estrangeiro", segundo estimativas incluídas na carta, assinada pelos franceses Thomas Piketty e Gabriel Zucman, bem como pelo prémio Nobel norte-americano Joseph Stiglitz, todos membros da Comissão Independente para a Reforma Fiscal das Empresas Internacionais, um grupo de reflexão.

Estas fortunas estão frequentemente escondidas "em empresas 'offshore' cujos verdadeiros proprietários são difíceis de determinar", continuam, acrescentando que "é precisamente este muro de opacidade que os esforços dos países para os castigar estão agora a enfrentar".

Várias grandes fortunas russas foram alvo de sanções ocidentais após a invasão russa da Ucrânia, incluindo o presidente do clube de futebol do Chelsea, Roman Abramovich, e Igor Setchine, o dono de uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, a Rosneft.

Para ir mais longe, a comissão formada pelos economistas apela ao estabelecimento de um registo global de bens, "ligando todos os tipos de bens, empresas e outras estruturas legais não ao seu proprietário legal, que muitas vezes é apenas uma fachada, mas ao proprietário beneficiário, a pessoa que efetivamente os possui".

A carta defende a criação de uma rede que ligue todos os registos nacionais de bens já existentes, para tornar as sanções internacionais e a luta contra a evasão fiscal mais eficaz a nível mundial. Os registos incluiriam desde contas bancárias, a ativos imobiliários e de criptomoedas, bem como de obras de arte.

Seguindo o exemplo de uma medida proposta em dezembro pelo Laboratório Mundial da Desigualdade, que depende da Escola de Economia de Paris, os signatários propõem que os Estados recolham esta informação a nível nacional e depois estendam gradualmente a cooperação ao nível regional e global.

"Ainda há muito a fazer para reformar um sistema financeiro internacional deficiente que atualmente favorece os ricos que fogem aos impostos", escrevem, reconhecendo no entanto alguns progressos feitos nos últimos anos.

A publicação da carta vem antes da Cimeira de Finanças do G20, agendada para quarta-feira, e que vai reunir os países mais ricos do mundo.

Brasil defende continuidade da Rússia no G20

O ministro das relações exteriores do Brasil defendeu hoje que a Rússia deve continuar presente nas organizações internacionais, nomeadamente no G20, defendendo que a sua exclusão não ajuda a solucionar o conflito na Ucrânia.

"Ao G20, já manifestamos claramente a posição para que a Rússia pudesse participar da cúpula de líderes. A exclusão da Rússia não ataca o verdadeiro problema, que é o conflito", afirmou Carlos França, numa conferência de imprensa em Brasília.

"A exclusão, neste momento, não nos ajuda a encontrar uma solução para um problema imediato que nós temos. É preciso cessar as hostilidades e trazer Rússia e Ucrânia à mesa de negociação para um encontro de paz", frisou. Carlos França disse ainda que os fóruns multilaterais têm como objetivo precisamente aproximar todas as partes.

O responsável brasileiro acrescentou ainda que já demonstrou a sua posição junto das autoridades indonésias, que organizam a 17.ª reunião de cúpula do G20, agendada para novembro.

Na semana passada, o jornal brasileiro O Globo indicou que a Rússia pediu oficialmente o apoio diplomático do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e G20, num momento em que enfrenta sanções devido à invasão na Ucrânia.

O Governo brasileiro tem tido uma abordagem ambigua em relação à Rússia desde que o país lançou a ofensiva militar na Ucrânia. Por um lado, votou no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a Rússia numa resolução que condenava as ações de Moscovo.

Por outro, absteve-se da resolução que suspende a Rússia do Conselho de Direitos Humanos devido a alegados crimes de guerra e crimes contra humanidade na Ucrânia.

Dias antes do ataque russo, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, reuniu-se com o homólogo russo, Vladimir Putin. A acrescentar, o Brasil não apoia as sanções impostas à Rússia, estando mesmo a encetar esforços para que a venda de fertilizantes russos não seja incluída nas sanções.

O Brasil, uma das maiores potências agroalimentares do mundo, depende em mais de 80% da importação de fertilizantes, dos quais a Rússia e a Ucrânia são dos maiores exportadores mundiais.