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Guerra Ucrânia

CIA adverte que reveses de Putin representam uma ameaça nuclear

Os obstáculos que as forças russas enfrentam na Ucrânia podem conduzir ao desespero do presidente russo e levá-lo a utilizar armas nucleares táticas, declarou o diretor da CIA. "Uma ameaça que não pode ser encarada de ânimo leve", frisou.

© Créditos: Yevgeny Biyatov/Sputnik/AFP

Fonte: AFP

Os reveses militares russos na Ucrânia podem levar o presidente da Rússia Vladimir Putin a utilizar armas nucleares táticas ou de baixa potência naquele país, alertou na quinta-feira o diretor da CIA, William Burns.

"Dada a possibilidade do Presidente Putin e a liderança russa entrarem em desespero, pelos reveses que sofreram até agora do ponto de vista militar, nenhum de nós pode encarar de ânimo leve a ameaça de uma potencial utilização de armas nucleares táticas ou de baixa potência", declarou Burns num discurso em Atlanta, EUA.

O Kremlin disse ter colocado as forças de dissuasão nuclear em alerta máximo pouco depois do início da invasão russa, mas até agora "não vimos realmente quaisquer sinais concretos, como destacamentos ou ações militares, que pudessem aumentar as nossas preocupações", acrescentou o chefe da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), num encontro com estudantes da Universidade Técnica da Geórgia.

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"Obviamente, estamos muito preocupados. Eu sei que o Presidente (Joe) Biden está profundamente preocupado com o risco de uma Terceira Guerra Mundial e está a fazer tudo o que pode para evitar que um conflito nuclear possa acontecer", acrescentou.

A Rússia possui armas nucleares táticas devido à sua doutrina militar de "escalar para desescalar", ou seja, utilizar primeiro uma arma nuclear de baixa potência para recuperar a vantagem num conflito convencional com o ocidente. As armas nucleares táticas são armas projetadas para usar em distâncias curtas, no campo de batalha, e com uma potência muito inferior à da bomba atómica lançada sobre Hiroshima pelos EUA.

Esta hipótese implica que "a NATO intervirá militarmente no terreno na Ucrânia durante esse conflito, mas isso não é algo, como o presidente deixou claro, que esteja entre as opções", sublinhou Burns.

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William Burns que já foi embaixador dos EUA em Moscovo, usou palavras duras para descrever Vladimir Putin definindo-o como alguém "vingativo", "teimoso" e que se afundou ao longo dos anos numa "mistura explosiva de queixas, ambição e insegurança".

"Todos os dias Putin demonstra que um poder em declínio pode ser tão desestabilizador como um poder em ascensão", acrescentou ele.

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