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Bélgica

Autarca de Antuérpia pede tropas para lutar contra tráfico de droga

Há dois dias uma menina de 11 anos foi morta num incidente quando uma casa foi bombardeada, alegadamente numa disputa entre grupos de tráfico rivais.

O porto de Antuérpia é uma das portas de entrada de cocaína da América Latina na Europa.

O porto de Antuérpia é uma das portas de entrada de cocaína da América Latina na Europa. © Créditos: Shutterstock

Jornalista

Um total de 110 toneladas de cocaína foi apreendido no porto de Antuérpia pela polícia belga ao longo de 2022, foi esta terça-feira anunciado pelas autoridades. Os números de Antuérpia são chocantes se comparados com os do porto de Roterdão (o maior porto europeu) onde no mesmo período foram apreendidas 60 toneladas de cocaína.

Por causa destes valores, e da violência com que atuam os gangues que controlam o tráfico, há políticos belgas que estão a pedir que os militares intervenham. Há dois dias uma menina de 11 anos foi morta num incidente quando uma casa foi bombardeada, alegadamente numa disputa entre grupos rivais.

O vice-primeiro ministro belga David Clarinval é um dos políticos que declarou à imprensa que quer que o exército seja chamado para ajudar a polícia e que o porto de Antuérpia – o segundo maior da Europa – precisa de mais recursos.

Bélgica representa 40% de todas as apreensões de cocaína na Europa

Também Bart De Wever, o presidente da câmara da cidade e líder da Nova Aliança Flamenga (N-VA), que representa a extrema-direita, já tinha pedido a presença de tropas no porto para “a guerra às drogas” (uma expressão importada dos EUA). Segundo informações das autoridades alfandegárias, Antuérpia é o principal destino de chegada de drogas à UE, e a Bélgica representa 40% de todas as apreensões de cocaína na Europa.

De Wever pediu que a discussão seja feita a nível do governo federal, e que o Conselho Nacional de Segurança seja convocado. Até agora, a ministra do Interior, Annelies Verlinder, e o ministro da Justiça, Vincent van Quickenborne, rejeitaram a ideia de enviar tropas para o porto de Antuérpia.

O argumento do ministro da Justiça é de que “não queremos viver num país onde o exército substitui a polícia”. A ministra do Interior prefere, em vez disso, que o porto de Antuérpia recrute mais 100 funcionários e que seja comprado novo equipamento de deteção.

Na conferência de imprensa de terça-feira, o ministro das Finanças, Vincent van Peteghem, optou por ver as coisas de um outro ângulo. Salientou que a quantidade de droga apreendida significa que “todos os dias há detetives que estão a trabalhar de forma brilhante” e mostra que “a abordagem da polícia e do pessoal alfandegário é bem sucedida na guerra sem quartel contra o tráfico internacional de droga”.

Mas ao longo dos últimos anos a criminalidade violenta em Antuérpia tem frequentemente feito vítimas mortais, incluindo um jornalista. Os traficantes ameaçam e subornam autoridades e as lutas entre cartéis rivais provocam banhos de sangue em casos que frequentemente saltam para as páginas da imprensa.